Uma reportagem da Business Insider aponta que o Google está acionando seus advogados para moverem ações contra pesquisadores internos da própria empresa numa tentativa de censura judicial. As pesquisas envolvem os mecanismos de busca e inteligência artificial do grupo Alphabet.
A censura não se trata de uma medida para impedir vazamentos de segredos industriais, mas sim, pesquisas que fazem o próprio Google “ficar mal na foto”.
Os pesquisadores recebem ordens para retirar termos como “justiça” e “tendência” dos resultados, bem como chegar a modificar os dados coletados, numa prática que não apenas é antiética, mas também incrivelmente perigosa.
“Você tem dezenas de advogados — e sem dúvida, advogados altamente treinados — que ainda assim conhecem muito pouco dessa tecnologia e eles estão vasculhando suas pesquisas como se fossem graduandos de Língua Inglesa lendo um poema.”
Os primeiros episódios de censura do Google ocorreram após a demissão da pesquisadora em ética de Inteligência Artificial, Timnit Gebru. A pesquisadora foi demitida após apontar políticas e tendências racistas dos algoritmos da Big Tech.
Na prática, os pesquisadores sabem que a inteligência artificial do Google, por mais fantástica que seja, não funciona também para outras pessoas que não sejam como a maioria do quadro de funcionários da empresa — homens e brancos.
Descobertas como essa, que são grandes problemas do setor, podem levar a uma crise de opinião pública. Milhões de pessoas confiam nos resultados do gigante de busca, e isso poderia ser severamente afetado ao descobrir que o sistema não é capaz de apresentar os melhores resultados com base na sua raça ou gênero.
No entanto, a má fama do Google já se espalha no meio da inteligência artificial. O ex-pesquisador do OpenAi — algoritmos de machine learning abertos — Jack Clark, afirmou em um tweet:
“Eu gostaria de colaorar com as pessoas nas pesquisas e eu faço uma quantidade enorme de trabalho em medidas/asserções/sínteses/análises de IAs. Por que eu tentaria colaborar com pessoas no Google se eu sei que háu m grupo invisível de pessoas que vai tentar se meter na nossa pesquisa?”
Imagem: Vladimir Sukhachev/Shutterstock
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