O Comando Militar da 7ÂȘ Região – que inclui os estados da ParaĂba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, teria escalado oficiais para revisar as decisões médicas tomadas em hospitais militares do Exército, passando a receitar o chamado "kit covid" nas receitas onde o coquetel não havia sido recomendado. A denĂșncia, feita ao Ministério PĂșblico Federal (MPF), foi revelada pelo colunista Lauro Jardim, em "O Globo".
Na denĂșncia, teria ficado claro que havia coerção de militares sobre os médicos para que o "kit covid" – composto por remédios que não possuem efeito contra a covid-19, como a cloroquina, hidroxicloroquina e a azitromicina – fosse indicado e aplicado em pacientes com a doença. Na peça do MPF, segundo o colunista, fala-se na aplicação do medicamento "com um capitão olhando."
O uso do kit covid é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro, que não se baseia em nenhuma evidĂȘncia cientĂfica para apoiar o seu uso. Bolsonaro defende, desde meados do ano passado, que o uso de medicamentos como a cloroquina e a hidroxicloroquina seriam responsĂĄveis por salvar vidas contra a pandemia – hipótese diariamente rechaçada por agĂȘncias de checagem de fatos e por membros da comunidade cientĂfica.
O Exército respondeu ao MPF alegando que respeita a autonomia médica, mas deixou claro que suas ações visavam, em primeiro lugar, incentivar o dito "tratamento precoce". A denĂșncia segue o mesmo caminho das denĂșncia feitas contra a operadora de planos de saĂșde privada Prevent Senior, acusada de ministrar o coquetel de drogas ineficazes mesmo depois de evidĂȘncias cientĂficas afastarem seu uso.