Educação Gepel

Grupo de Ensino, Pesquisa e Extensão Loucura em Liberdade atua na promoção da saúde mental de públicos vulneráveis

Por Da Redação

07/10/2021 às 18:21:49 - Atualizado há

Luís fala dos desafios enfrentados por pessoas em situação de rua durante a pandemia de Covid-19. “Houve momentos em que não tiveram acesso a locais para se alimentar e beber água, pela limitação das ações sociais – por medidas de segurança sanitária adotadas pelas autoridades”. O docente cita, também, o fechamento temporário de torneiras e banheiros públicos.

No período pandêmico, o Gepel, o Instituto Nacional de Direitos Humanos da População de Rua (INRua) e parceiros distribuem marmitas em Curitiba. A entrega de 350 refeições é feita desde março de 2020, de segunda a sexta-feira, na Praça Rui Barbosa, no Centro – pela manhã e no horário do almoço, informa o professor da UFPR.

No início do segundo semestre de 2021, ações foram planejadas e executadas com o objetivo de evitar mortes em decorrência das baixas temperaturas. De acordo com Luís, a soma de esforços do Gepel e da Prefeitura Municipal possibilitou a abertura, nos dias 28, 29 e 30 de julho, da unidade do Mesa Solidária da Praça Tiradentes, localizada na região central.

O programa municipal oferece alimentação gratuita a cidadãos em risco social. “Alimentos, café, cobertores e roupas foram oferecidos, e vans circularam pela cidade para conduzir pessoas em situação de rua ao abrigo”, relata o coordenador do Gepel. O espaço funcionou das 19h às 8h durante o período.

As temperaturas médias em todo o estado naquele mês ficaram abaixo das históricas. De acordo com dados do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), até o início de outubro, 29 de julho é considerado o dia mais frio do ano em Curitiba, com registro de 0,8º C.

Alunos de Ciências Econômicas, Terapia Ocupacional, Psicologia, Direito e do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas participam do Gepel, aberto a estudantes e docentes de todos os cursos. Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail [email protected] e acompanhar a divulgação de editais nas redes sociais do projeto Saúde Mental e Democracia – Instagram e Facebook -, vinculado ao grupo.

Parcerias

O Gepel desenvolve parcerias para atuar junto à sociedade. A firmada com a Libersol – Rede de Saúde Mental e Economia Solidária de Curitiba e Região Metropolitana é uma delas. Luís explica que, diferentemente de uma empresa com chefia, funcionários e salários distintos, optaram por uma configuração em que todo processo possa ser coordenado pelos trabalhadores, com atenção a valores humanos e de cuidado com o planeta.

Os integrantes da Libersol confeccionam produtos artesanais, vendidos em feiras. Entre eles, itens para pets. Fotos: Luís Felipe Ferro

A rede da qual o Gepel participa promove a inclusão de pessoas em sofrimento mental no mercado de trabalho, com ações alinhadas ao conceito da economia solidária. “Isso possibilita que pessoas que estão afastadas há muito tempo possam acessar uma vida comunitária novamente. Com o resultado do trabalho delas, desenvolvemos eventos, como feiras”.

O professor contabiliza cerca de 15 feiras já realizadas, e lamenta a interrupção do planejamento devido à pandemia. Em conjunto, o grupo da UFPR e a Libersol planejam viabilizar um espaço físico e suporte para vendas on-line para oferta dos produtos confeccionados.

A temática da saúde mental recebeu destaque nas feiras realizadas em Curitiba, que contaram com atrações culturais.

Assessoria a entidades

Uma das frentes de atuação do Gepel é o suporte e assessoramento a entidades voltadas à defesa dos direitos das pessoas em sofrimento mental. Entre elas, a Associação Arnaldo Gilberti – filantrópica e sem fins lucrativos e econômicos, tem como causa a defesa dos direitos humanos e a promoção da inclusão social de pessoas com transtornos mentais. A associação disponibiliza um canal para denúncias anônimas sobre irregularidades no atendimento da saúde mental, com orientações para contato com o Ministério Público.

A instalação nos municípios brasileiros de Unidades de Acolhimento para pessoas com transtornos mentais e necessidades decorrentes do uso de álcool e drogas é prevista pela legislação desde 2011. Luís aponta, como agravante do sofrimento desse grupo, relações familiares estremecidas. “Imagine quando alguém começa a agredir a família, roubar itens. Há um momento em que ela cansa e busca apoio profissional; e essa ajuda também cansa. Em cinco ou dez anos, o indivíduo está em situação de rua. Nesse período, deveria ter assistência de profissionais da saúde para evitar essa realidade”, expõe.

Com auxílio do Gepel, a Associação Arnaldo Gilberti solicitou ao Ministério Público do Paraná (MPPR), por meio de ofício enviado em julho deste ano, providências para implementação de Unidade de Acolhimento de acordo com a população de Curitiba. O ofício resultou na abertura de um processo junto ao órgão.

“Com mais de 1,95 milhões de habitantes, o Ministério Público terá que realmente mobilizar força para responder ao mínimo previsto na portaria: cerca de dez Unidades de Acolhimento Adulto e dez Unidades de Acolhimento Infantojuvenil”, conclui o professor da Federal do Paraná.

Saúde mental e luto

O Gepel apoiou a realização, no mês de maio, do “Encontro Paranaense de Saúde Mental e Práticas para Cuidado em Liberdade: do Luto à Luta”. O evento on-line e gratuito foi promovido em parceria com outras instituições, como o Conselho Regional de Psicologia (CRP-PR), a Prefeitura de Curitiba, a Libersol e o projeto Semear, e contou com a participação das professoras Dione Maria Menz, do Setor de Educação, e Maria Virgínia Filomena Cremasco, do Departamento de Psicologia da UFPR.

Participaram do encontro profissionais, gestores, estudantes, lideranças comunitárias e usuários dos serviços de saúde mental. A proposta: impulsionar diferentes forças comunitárias para proteger e construir direitos relacionados à saúde mental.

Foto de destaque: Alessandro Bomfim / FLickr – 20-6-13

Por Bruna Durigan

Sob orientação de Bruna Bertoldi Gonçalves

Fonte: UFPR
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