Polícia Maringá

Líderes religiosos presos em operação serão soltos após decisão da Justiça

Por GMC Online

24/08/2021 às 14:39:49 - Atualizado há
O templo da igreja fica no final da Avenida Morangueira, em Maringá – Foto: Arquivo GMC Online


Os três líderes religiosos de uma igreja evangélica presos durante uma operação do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), em Maringá, serão soltos nesta terça-feira, 24, após decisão da Justiça. Os quatro advogados da família entraram com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) e conseguiram uma liminar favorável à soltura. Os três estavam presos desde julho deste ano.

Segundo um dos advogados dos suspeitos, Everton Caldeira, não havia motivos para que a família respondesse pelos crimes atrás das grades antes do julgamento. "Entendeu o TJ-PR não haver motivos para responderem o processo presos, vez que neste momento medidas diversas da prisão são suficientes para acautelar a ação penal, como defendemos desde o início. Estamos satisfeitos com a decisão do TJ que aplicou a lei como se esperava, na forma pleiteada", disse o advogado.

Os três líderes religiosos e a secretária da igreja evangélica são suspeitos de vários crimes, dentre eles subtração de incapaz, associação criminosa e tráfico de pessoas com finalidade de submeter a trabalho em condição análoga à de escravo. Segundo a Polícia Civil, os quatro são suspeitos de envolvimento em um esquema de vendas de pizzas para uma igreja utilizando trabalho escravo infantil, em Maringá.

Um dos suspeitos já saiu da prisão na manhã desta terça-feira e, os outros dois, devem sair nas próximas horas, segundo a defesa. A secretária da igreja, por enquanto, permanece presa, mas a defesa já entrou com um pedido de habeas corpus também.

Relembre o caso

A investigação da Polícia Civil começou depois que as equipes constataram que muitas crianças e adolescentes estavam vendendo grandes quantidades de pizzas em Maringá e também na região. "Essas crianças passavam o período da manhã, às vezes até a madrugada, o dia todo sob sol, sob chuva, em condições degradantes, sem fornecimento de alimentação. [Elas] teriam que cumprir metas, se elas não cumprissem ou se negassem a vender as pizzas, eram agredidas física e verbalmente", afirmou.

Segundo ela, ao menos cinco crianças foram vítimas de trabalho escravo. A delegada explicou que elas não tinham qualquer tipo de remuneração pela venda das pizzas. Todo o dinheiro arrecadado era revertido para os líderes religiosos investigados.

A investigação ainda constatou que algumas das vítimas ficaram fora da escola por um período. Ao Conselho Tutelar, elas relataram que tinham um dia da semana para fazer as tarefas escolares.

Num dos casos apurados, a polícia descobriu que uma vítima de 13 anos foi levada para trabalhar como doméstica na casa dos pastores. Os pais que contestavam também eram agredidos e ameaçados. "Eles se negavam a devolver a adolescente para os pais. E quando os pais foram atrás, com o Conselho Tutelar, eles foram agredidos", detalhou a delegada do Nucria de Maringá.

Segundo Karen, os líderes religiosos presos na operação se aproveitavam das condições econômicas e emocionais das famílias das crianças e aliciavam as vítimas para que vendessem as pizzas.

As equipes cumpriram três mandados de busca e apreensão na igreja e encontraram grande quantidade de dinheiro, uma arma de fogo e muitas pizzas – algumas já prontas e outros materiais para produção – impróprias para o consumo. A Vigilância Sanitária chegou a interditar a igreja.

Os policiais também encontraram um quarto, dentro da igreja, que levantou suspeitas. "Nós encontramos um quarto com isolamento acústico e um colchonete. No local também tinha um bastão e nós temos a notícia de que uma pessoa, maior de idade, que teria déficit intelectual, também estaria sendo submetida a trabalho escravo e que ela estaria na igreja. Nós não localizamos ele hoje, mas localizamos na garagem o local que ele morava, que era totalmente precário. Não tinha banheiro, nem nada, era envolto por uma cortina. E tínhamos notícia de que ele também pernoitava nesse quartinho. Ele seria um obreiro da igreja e será ouvido posteriormente", detalhou à época.

Em agosto deste ano, a secretária da igreja evangélica também foi presa pela Polícia Civil. A secretária, segundo a Polícia Civil, cuidava da parte financeira da igreja, bem como coordenava e fiscalizava a venda de pizzas por menores de idade em Maringá e região. A mulher, que não teve o nome revelado, vai responder pelos crimes de associação criminosa e tráfico de pessoas com a finalidade de submeter a condições análogas à de escravo.

Fonte: GMC Online
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