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Nesta terça-feira (24), os 77 anos do múltiplo e genial Paulo Leminski

Por Da Redação

23/08/2021 às 21:33:26 - Atualizado há

O dia 24 de agosto marca a celebração da memória do genial Paulo Leminski, nascido em Curitiba em 1944, há exatos 77 anos. O poeta, escritor, tradutor e professor pode ser considerado um dos mais destacados do gênero no Brasil da segunda metade do século XX com ressonância cultural e ecos atuais.

Casado com a poetisa Alice Ruiz por vinte anos, deixou duas filhas, exerceu a profissão de jornalista e professor, depois passou a ganhar a vida em Curitiba como redator de publicidade. Faleceu em Curitiba, no dia 7 de junho de 1989, aos 44 anos de idade, em consequência de uma cirrose hepática, que o acompanhou por vários anos.

Segundo o advogado e poeta Gilmar Cardoso, membro do Centro de Letras do Paraná e fundador da cadeira nº 01 da Academia Mourãoense de Letras, a genialidade criativa do curitibano Paulo Leminski criou o seu estilo próprio, inovador e ousado de escrever poesias, calando profundo a expressão e o sentido em nossas almas e mentes ao fazer trocadilhos ou brincando com tradicionais provérbios e ditados populares, disse.

Poeta paranaense de projeção nacional, Leminski pode ser considerado uma figura emblemática na evolução ou na revolução da poesia brasileira. Polêmico e irreverente, ele tem uma multidão de admiradores devido a originalidade de seus versos. Crítico literário, letrista, tradutor e professor de História e de Redação em cursinhos pré-vestibulares, sua poesia é marcante porque Leminski inventou um jeito próprio de se comunicar, com trocadilhos, brincadeiras e forte influência do haicai, além de abusar de gírias e palavrões, tudo de forma bastante instigante. Leminski tinha como trunfo tornar o comum em algo especial, destaca Gilmar Cardoso.

A estreia de Leminski no cenário foi marcada pela chamada narrativa experimental, através do livro – Catatau, de 1975. A obra de prosa,trata supostamente, das alucinações do filósofo Descartes, caso ele tivesse vindo ao Brasil com a armada de Maurício de Nassau, durante as Invasões Holandesas. A sequência de edições para consagradora trajetória foi reunida em 2013 na obra antológica – Toda Poesia – que reuniu trabalhos lançados entre 1944 e 1989 e transformou-se em best seller lançado pela editora Companhia das Letras. Leminski também fez muitas traduções e deixou postumamente um ciclo de biografias denominado “Vida”, em que relatou a trajetória de Jesus Cristo, Trotsky, Bashô e Cruz e Souza.

Gilmar Cardoso descreve que é mesmo de se espantar que uma antologia de poesias tenha liderado o ranking das listas dos livros mais vendidos no país durante meses, tendo chegado a desbancar best sellers internacionais como 50 Tons de Cinza, por exemplo. A poesia cotidiana e acessível do Leminski cativou não só o leitor habituado a lírica como também seduziu quem nunca havia sido grande fã de versos. A partir de então seus textos viraram febre e alcançaram um público ainda mais amplo.

Antes de Toda Poesia, o nosso “pequeno poeta de província” até então, que circulava praticamente em autoedição em Curitiba, reuniu pela primeira vez seus poemas numa edição comercial em Caprichos & relaxos, também foi um estrondo para os padrões da poesia: várias edições em poucos anos, somando dezenas de milhares de livros. De lá pra cá, o cachorro louco sempre fez chover no piquenique de quem diz que poesia é para poucos. Leminski, sem dúvida, é para muitos.

Leminski era fascinado pela cultura japonesa e pelo zen-budismo, era faixa preta de caratê. Escreveu a biografia de Matsuo Bashô, e dentro do território livre da poesia marginal escreveu poemas à moda de um grafiti, com sabor de haicai.

O poeta Gilmar Cardoso avalia que essa edição não se resumiu a uma mera coletânea de poemas esparsos até então publicados em livros diversos, mas, contou ainda com a inclusão de comentários críticos como a apresentação da poeta e companheira Alice Ruiz e o trabalho primoroso de José Miguel Wisnik, além dos depoimentos sobre Leminski e sua obra. O mérito desta magistral coletânea foi o de trazer ao público poemas que se encontravam fora de circulação há anos, o que dificultava o acesso e conhecimento dos novos leitores.

Considerado que pelos sentimentos que perpassam cada poesia, deparamo-nos com temas sobre o amor, a vida, alegrias, medos e tristezas que são assuntos que permeiam o cotidiano de cada um; essa obra foge dos clássicos que acostamos a ver nas escolas. Entre haicais e canções, poemas concretos e líricos, Toda Poesia percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano e revela por que Paulo Leminski é um dos poetas brasileiros mais lidos das últimas décadas, afirma Gilmar Cardoso. Caminhas pelas páginas deste livro é viajar pela poesia – uma verdadeira aventura para a inteligência e sensibilidade.

Paulo Leminski foi tradutor de John Lennon, Petrônio, James Joyce e Samuel Beckett e ainda tem composições gravadas por Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Moraes Moreira e a Banda Blindagem. Passou por nossa cena cultura como um meteoro, marcando o céu da literatura e imprimindo-o em nossa memória. Para Gilmar Cardoso, mesmo tendo morrido muito cedo, aos 44 anos de idade, Leminski viveu intensamente e deixou uma obra vigorosa, robusta, atual, múltipla e relevante ao fazer história com poesias sem compromisso, marcadas por experimentalismo linguístico e narrativo. O “polaco” tornou-se, ainda em vida, um dos poetas mais importantes do século XX.

Além de ter dedicado grande parte de sua obra aos haikais, Paulo Leminski também deixou uma grande contribuição para a Música Popular Brasileira. Fez parcerias com Caetano Veloso, Moraes Moreira, Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção e também com a banda A Cor do Som.

O poeta Gilmar Cardoso avalia que a obra de Paulo Leminski é a expressão de uma inteligência múltipla, plural e inquieta ao passar pela aventura textual concretista, biografias e traduções, até letras de músicas e tercetos líricos e humorísticos de grande penetração no público. A sua consciência crítica, a capacidade criativa e o toque certeiro são peculiares e próprios. Sua obra é marcada pela concisão, irreverência, coloquialidade e o rigor da construção formal. O poeta apropriou-se dos recursos visuais da publicidade, dos provérbios e trocadilhos da cultura popular, elementos herdados da poesia concretista que surgiu no Brasil, na década de 50.

Leminski era um artista à frente do seu tempo, precursor de um estilo de linguagem muito corrente na atualidade, com uma comunicação objetiva e concisão literária. Dizia o máximo com o mínimo, tinha senso de humor e ironia. Era erudito e pop. Um verdadeiro e nato autor clássico contemporâneo, frisa Gilmar Cardoso.

Paulo Leminski – o poeta marginal de Curitiba – chegou aos anos 80 fixando sua marca em trabalhos assinados nas principais revistas e jornais , enquanto encantava com suas impecáveis traduções de John Fante, Alfred Jarry, Yukio Mishima e Samuel Beckett. Este livro resgata a vida deste artista que foi hippie; professor de judô, História e redação; publicitário; inveterado conquistador; marido de Alice Ruiz; gênio e doido; ídolo e mestre que deixou muita poesia e saudade para gerações de leitores.

Nenhum poeta brasileiro foi tão paradoxal quanto Paulo Leminski. Inquieto, incessante, além da geração. Nas suas próprias palavras, ele não fosse isso e era menos,não fosse tanto e era quase.

Paulo Leminski morreu em 7 de junho de 1989, vítima do agravamento de uma cirrose hepática. Suas publicações e seus pensamentos influenciaram as gerações seguintes e suas obras fazem parte da cultura curitibana.
Parafraseando o título de sua censurada biografia – O bandido que sabia latim – Paulo Leminski é fundamental para entender como a palavra e o poeta se entrelaçam e –não discute com o destino, o que pintar do peito, eu assino.
Por fim, declama-nos o poeta Gilmar Cardoso em alusão à data do aniversário da lenda: O PauloLeminski é um cachorro louco, que deve ser morto a pau a pedra, a fogo a pique, senão é bem capaz, o filhodaputa, de fazer chover em nosso piquenique. (– Paulo Leminski, do livro “Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase”. 1980).

Obras de Paulo Leminski

• Catatau (1976)
• 80 Poemas (1980)
• Caprichos e Relaxos (1983)
• Agora é Que São Elas (1984)
• Anseios Crípticos (1986)
• Distraídos Venceremos (1987)
• Guerra Dentro da Gente (1988)
• La Vie Em Close (1991)
• Metamorfose (1994)
• O Ex-Estranho (1996)
• Toda Poesia (2013).

Fonte: Cabeza News
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