Intensivistas ajudam profissionais que atuam em cidades onde faltam médicos com qualificação necessária para atender pacientes graves; todos ganham', diz participante. Médicos intensivistas ajudam colegas menos experientes via internet
Um grupo de médicos intensivistas do Paraná se reúne para ajudar voluntariamente outros médicos, que não possuem experiência no atendimento da linha de frente com pacientes graves de Covid-19.
Pela internet, os intensivistas conversam, orientam e tiram dúvidas dos colegas que atuam em cidades do interior do estado onde houve aumento de leitos para coronavírus, mas não havia profissionais especialistas.
"Isso facilitou muito o trabalho, porque além de você ter uma possibilidade a mais de discussão, você tem mais cabeças pensantes, para ajudar o paciente neste momento crítico", disse o intensivista Renato Maczano Ferrari.
O grupo de consultores é formado por especialistas em cuidar de pacientes graves de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), e forma uma rede de apoio, com apoio da Sociedade de Terapia Intensiva do Paraná, do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
As conversas com os profissionais duram entre meia hora e uma hora, e são feitas de segunda a sexta-feira.
De acordo com o Conselho Regional de Medicina, o médico que está no atendimento presencialmente continua sendo o responsável pelo paciente, mas foi dada a autorização para que, à distância, os especialistas possam atuar como consultores.
"Nós sabemos que há uma distribuição heterogênea, do cuidado de terapia intensiva, não só no nosso estado mas no Brasil todo. Nós não temos médicos intensivistas para atender todas as unidades de terapia intensiva já existentes, muito menos agora com esta nova demanda de leitos", disse o médico Rafael Deucher.
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Nove hospitais do interior estado são parceiros da iniciativa: em Colorado, Francisco Beltrão, Laranjeiras do Sul, Jacarezinho, Santo Antônio da Platina, União da Vitória, Guarapuava, e dois hospitais em Ivaiporã.
Pela internet, médicos voluntários orientam colegas menos experientes na linha de frente em UTIs Covid-19, no Paraná
A ideia, segundo os organizadores, é que o intensivista possa responder perguntas e tirar dúvidas, principalmente nas primeiras horas em que o caso se agrava.
"Para que pacientes de cidades menores, que não têm esse tipo de profissional, pudessem prestar atendimento, no período que a gente chama de 'horas de ouro', que são as horas iniciais ou os dias iniciais da doença. Quando a intervenção é realizada precocemente nessas horas de ouro, o resultado final deve ser melhor", disse o infectologista e intensivista Marcos Tanita.
O intensivista Marcos comentou que vale a pena dedicar um tempo, mesmo na rotina corrida da UTI, para ser voluntário no projeto. No hospital Universitário de Londrina, o número de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 dobrou com o agravamento da pandemia, passando de 50 para 100.
Na conversa por vídeo, com apresentação de exames e troca de experiências, o médico Renato Ferrari contou o caso de um paciente com Covid-19, de 51 anos de idade, para o colega que está em Curitiba e recebeu ajuda.
Ele atua em Colorado, no norte do Paraná em um hospital em que o número de UTIs passou de 10 para 20, com o avanço da pandemia.
"É uma relação em que todos ganham, o paciente é o maior beneficiado", concluiu.
