Professora compra contêiner, instala no jardim e realiza o sonho de ter sua loja pertinho de casa

Realizar um sonho nem sempre é fácil ou possível, mas a professora Fabiana Vieira, 53 anos, decidida que é, e cheia de boas ideias, tirou de letra. O desejo dela era ter uma loja de roupas, mas que atendesse alguns dos caprichos que fazia questão de manter: queria que ficasse perto de casa, não dentro de casa; e sem mexer com construção ou reforma; e, ainda, sem aluguel, enfim, sem desgaste logístico. A solução? Um contêiner no jardim. Simples assim!

Além de uma fórmula prática e econômica, Fabi, como gosta de ser chamada, deu a sua ‘Ella Atemporal’, inaugurada há dois anos, uma ‘personalidade’ atraente. Tudo nela emana fofura e aconchego! São apenas 21 metros quadrados de espaço, mas que dão conta de abrigar tudo o que uma loja precisa [pelo menos o básico]: araras, manequins, balcão e até um cantinho com poltronas para o café.

Do marido, arquiteto, recebeu toda a orientação técnica. “Eu pensava num ambiente que pudesse incluir essa nova proposta de trabalho, para exercer conciliada ao magistério – que amo, muito! – e à administração do lar – que também não abro mão! Mas não queria que viesse a se misturar com nossa rotina residencial, nossa privacidade… Daí surgiu esse projeto, que abraçamos com muita animação”.

Negócio fechado, então! Ou melhor, aberto nos horários em que pode atender com tranquilidade sua clientela, como à noite, aos sábados, domingos e feriados. “Eu atendo com hora marcada e assim posso dar atenção especial às minhas clientes”, assegura a empresária, que tem formação acadêmica em História, Direito e agora também em Design de Moda. “Fiz mais essa graduação para atuar nesse ramo com todo conhecimento e confiança possível”, promete.

A dona da ‘Ella’ diz que a motivação para o investimento veio durante a pandemia: “Comecei a buscar referências femininas em relação ao vestir para mulheres na menopausa, fase que, como sabemos, provoca mudanças físicas e psicológicas que baixam nossa autoestima; e aí vi que seria um nicho promissor para Umuarama e adotei a causa: vender roupas indicadas para todos os biotipos corporais de mulheres com mais de 40 anos, nas linhas comfy – larguinhas, leves, neutras – e alfaiataria”.

Segundo Fabi, a ordem é aliar conforto à personalidade da mulher: “Nas minhas araras coloco à disposição opções que valorizam o formato corporal da mulher, que fortalecem sua autoimagem e que combinam com sua profissão e jeito de ser; ou seja, são peças que não podem faltar num guarda-roupa inteligente, perfeitas para quem quer sair por aí exibindo uma imagem assertiva! Mulheres maduras precisam dessa atenção especial”, argumenta.

No alinhavar das recomendações, também faz teste de estilo gratuito na primeira visita à loja. “A cliente precisa compreender seu perfil de personalidade e só depois indico os looks mais apropriados para ela; oriento combinações de cores e acessórios para cada ocasião e também a diversidade de outras combinações que pode fazer usando as peças sugeridas… Vai bem além de comprar uma roupa! Crio um relacionamento de confiança, que permite que me possa chamar em uma dúvida que tiver num momento específico, na hora de compor um look”.

E, num tom galante, assegura que se realiza nessa interação: “Muito! Demais! Amo o contato humano! Amo receber, conversar, entender a aflição e ajudar a mulher a melhorar sua autoestima! Faço isso com muita alegria! Vejo nossa sociedade muito etarista, mulheres maduras deixando elas próprias de se sentirem bonitas porque a sociedade impõe, de forma velada, que a mulher madura é velha, mas é certo que hoje passamos por uma revolução feminina!”

Abaixo os preconceitos

Fabi diz que seu trabalho colabora para derrubar os muitos preconceitos que permeiam o universo fashion feminino. “Sempre amei atuar na área da Educação, mas o desejo também de empreender era grande, só que tinha que ser algo que me emocionasse tanto quanto ensinar, até que descobri o que eu queria: impactar vidas por intermédio da imagem”.

Ela lembra que para a mulher é muito importante se sentir bonita e é isso que ensina por meio de roupas atemporais, que, resumidamente, define como “peças básicas e cheias de estilo”. Nesse ‘composé’, entra, segundo ela, a busca pelo amor próprio.

“Essa mulher madura, cheia de amor próprio, posicionada nessa nova sociedade, tem necessidade de roupas que a representam… Porque podemos até perder a juventude, mas não a jovialidade; esta, fica dentro de nós e se reflete conforme nos sentimos no dia a dia”.