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Protestos se multiplicam de costa a costa nos EUA; mais de 900 são presos

Por Guilherme Botacini (Folhapress) — Estudantes detidos nos protestos pró-Palestina e contra a guerra na Faixa de Gaza em universidades dos Estados Unidos se perguntam até que ponto suas detenções pela polícia e punições institucionais vão prejudicar sua vida acadêmica.

Por Da Redação

28/04/2024 às 20:26:19 - Atualizado há

Por Guilherme Botacini

(Folhapress) — Estudantes detidos nos protestos pró-Palestina e contra a guerra na Faixa de Gaza em universidades dos Estados Unidos se perguntam até que ponto suas detenções pela polícia e punições institucionais vão prejudicar sua vida acadêmica.

Neste fim de semana, mais de 200 novos manifestantes foram presos em universidades em vários estados, o que eleva o número total a ao menos 900, segundo conta feita pelo jornal americano The Washington Post.

À Associated Press, a estudante Maryam Alwan afirma que, no dia seguinte a sua detenção no campus da Universidade Columbia, em Nova York, recebeu um email da instituição comunicando sua suspensão. Ela e dezenas de colegas seriam barrados de entrar no campus e em aulas, presenciais ou virtuais, e impedidas de frequentar os refeitórios da universidade.

Alwan questiona se eventos e marcos importantes da vida acadêmica serão prejudicados pela sua detenção, como as provas finais, a graduação e mesmo o que aconteceria com ela em termos de ajuda financeira recebida para o pagamento de mensalidades.

A Universidade Columbia diz que audiências disciplinares vão ouvir e decidir caso a caso, mas Alwan afirma não ter recebido qualquer indicativo de data sobre a sessão. “Isso parece muito distópico”, diz a estudante à AP.

Em uma faculdade da instituição, mais de 50 alunos foram expulsos da moradia estudantil, de acordo com o jornal do campus Columbia Daily Spectator, que entrevistou pessoas afetadas e obteve documentos internos da universidade.

As repostas de cada instituição têm sido diferentes, até porque os próprios atos de alunos variam de acampamentos pacíficos a confrontos mais abertos contra manifestantes pró-Israel.

Em alguns campi, as autoridades policiais advertem diversas vezes os participantes do ato e realizam detenções ordenadas e cordiais, segundo o Washington Post. Em outros, há confrontos físicos, e policiais empregam táticas usadas para reprimir tumultos e manifestações maiores, como por ocasião do assassinato de George Floyd.

Neste sábado (27), cerca de cem manifestantes pró-Palestina foram detidos no campus da Universidade Northeastern, na cidade de Boston. Já na Universidade de Indiana, em Bloomington, 23 manifestantes foram detidos após montarem barracas no local, informou a polícia. Os detidos foram acusados de invasão criminosa e resistência à prisão. No Missouri, 80 foram detidos na Universidade Washington em St. Louis, e o campus da instituição foi fechado.

Há ainda a situação de estudantes internacionais participam do movimento. Somado às preocupações acadêmicas da marca de eventual detenção em sua trajetória está o receio de que eventuais prisões impliquem a perda do visto estudantil e, portanto, a permanência no país.

A pressão dos protestos tem recaído principalmente sobre os reitores das instituições, de um lado criticados por reprimir as manifestações e não condenar formalmente o apoio da Casa Branca a Tel Aviv e, de outro, por permitir atos vistos como antissemitas e agressivos contra estudantes e professores judeus.

O porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse à rede ABC News neste domingo que o presidente Joe Biden sabe que há sentimentos muito fortes sobre a guerra em Gaza.

“Ele entende e respeita isso e, como ele disse muitas vezes, certamente respeitamos o direito de protesto pacífico”, afirmou Kirby. “As pessoas devem ter a capacidade de expressar suas opiniões e compartilhar suas perspectivas publicamente, mas tem que ser de forma pacífica.”

Fortalecidas após repressão a um acampamento na semana passada na Universidade Columbia, em Nova York, quando mais de cem foram presos, as manifestações de apoio aos palestinos e contra a guerra travada por Israel contra o Hamas se propagaram por vários campi americanos, de costa a costa.

Manifestantes acampam no campus de Columbia, em Nova York, em protesto em defesa da Palestina (Caitlin Ochs/Reuters)

Manifestantes acampam no campus de Columbia, em Nova York, em protesto em defesa da Palestina (Caitlin Ochs/Reuters)

De acordo com o site Axios, cerca de 900 pessoas foram detidas em protestos do tipo em ao menos 15 instituições por todo o país.

“O que começou há três dias como um protesto estudantil foi infiltrado por organizadores profissionais sem ligação com a Universidade Northeastern”, denunciou o centro de ensino de Boston. Os detidos no campus serão submetidos a “procedimentos disciplinares”, mas “não a medidas jurídicas”, segundo o comunicado da universidade.

A polícia do estado de Massachusetts foi chamada pela segurança do campus no sábado de manhã para auxílio em remover manifestantes que se recusavam a deixar o local. A ação policial durou cerca de duas horas.

Protestos provocam cancelamento de aulas na universidade de Columbia

“Após chamar a polícia do campus, a polícia da cidade e a polícia estadual contra estudantes ativistas pacíficos, a reitoria publicou uma narrativa totalmente falsa e fabricada de que membros de nosso acampamento se envolveram em discurso de ódio no início desta manhã”, disse o grupo de estudantes ativistas Huskies por uma Palestina Livre em um comunicado após as prisões, que negou a presença de infiltrados, segundo o jornal The Boston Globe.

O acampamento na Universidade Northeastern não é o único em Boston e regiões próximas da cidade. Há também manifestações semelhantes na Universidade Harvard, no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e na Universidade Tufts.

A reitoria da Universidade Columbia, epicentro do movimento, anunciou que desistiu de recorrer à polícia de Nova York para esvaziar o acampamento instalado em seu campus, que não deixou de existir após as prisões da semana passada. As aulas presenciais também foram canceladas.

Nesta sexta, um estudante e líder dos protestos na instituição pediu desculpas após um vídeo gravado em janeiro que se tornou público mostrar ele afirmando que “sionistas não merecem viver” —a universidade barrou a entrada dele no campus, mas não deixou claro se o suspendeu ou o expulsou.

 

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Fonte: ICL Notícias
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