O percentual de pessoas com sobrepeso nas capitais brasileiras e no Distrito Federal ultrapassou o daquelas com peso normal: 38% da população dessas cidades está acima do peso e quase 37% dentro do que é considerado saudável.
Os dados são do Instituto Nacional de Cardiologia, em estudo realizado com base nas informações do Vigitel, levantamento por amostragem do Ministério da Saúde. É a primeira vez na série histórica que a proporção de pessoas com sobrepeso ultrapassa a daquelas com peso normal.
Somando aqueles com sobrepeso e obesidade, a proporção de pessoas nessa categoria chega a 63% da população. Dados da série mostram que até 2009, as pessoas com peso normal eram a maioria. As curvas se encontraram entre 2010 e 2011 e então as tendencias se inverteram, aumentando o número de pessoas com excesso de peso.Arn Migowski, coautor do estudo, afirma que esse aumento se deve a vários fatores, que vão muito além do simples desequilíbrio entre o consumo de calorias e gasto energético. "Em geral, a principal causa é o aumento, nas últimas décadas, do estilo de vida urbano com maior prevalência do sedentarismo e o padrão dietético com o maior ingesta de dietas ricas em lipídios e carboidratos. O consumo de alimentos ultraprocessados, alimento comumente encontrado nesse tipo de dieta. Também tem sido estudado como possível causa desse aumento".
Em relação a obesidade, o especialista afirma que há ainda outros fatores que podem desencadear o quadro. Além do estilo de vida e sedentarismo, estão o uso de medicamentos com corticosteroides, antidepressivos, doença como hipotireoidismo, transtornos alimentares, doenças genéticas e predisposição hereditária.
Arn Migowski destaca a importância de políticas públicas para tratar o problema e tirar os estigmas da obesidade, que não pode ser vista como simples resultado de escolhas ou falta de vontade.
"Fundamental é que a obesidade e o sobrepeso não sejam vistos apenas como problema individual, um problema de força de vontade. Muitas vezes tem esse estigma. Evitando a culpabilização dos individuos. Quando na verdade existe outros determinantes que vão muito além disso. Criando um ambiente obesigênico, ou seja, um ambiente que é gerador de obesidade. Então são necessários políticas públicas que impactem nesses determinantes e que vão além do setor saúde em si, no setido de assistência direta à saúde".
O estudo classificou a população adulta de acordo com o IMC, índice de massa corporal, que é calculado pela divisão do peso pela altura ao quadrado. A análise foi feita por faixa etária e gênero. Em todos os casos, foi observado o mesmo padrão de crescimento dos grupos com sobrepeso e obesidade e diminuição daqueles com peso normal. As cinco regiões do país seguiram a tendência nacional.
Entre os jovens adultos, de 18 a 24 anos, a prevalência de excesso de peso é menor do que entre os mais velhos. No entanto, o índice de excesso de peso entre esse público aumentou de 21% em 2006 para 36%, em 2023.
Houve queda importante na proporção de mulheres com peso normal, em ritmo mais acentuado do que entre os homens. Em 2006, 59% das mulheres tinham peso normal, caindo para 38% no ano passado. Entre os homens, a diminuição foi menor, de 51% em 2006 para 35% em 2023.
Saúde Rio de Janeiro Instituto Nacional de Cardiologia alerta para aumento da obesidade 05/03/2024 - 21:49 Daniella Longuinho / Liliane Farias Fabiana Sampaio - repórter da Rádio Nacional obesidade terça-feira, 5 Março, 2024 - 21:49 3:56