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Resíduos urbanos de Campo Largo Viram fonte de energia para fabricação de cimentos no grupo ITAMBÉ

Por Grande Curitiba

02/02/2024 às 12:09:35 - Atualizado há

A prefeitura de Campo Largo, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), destaca os resultados da assinatura de um Termo de Cooperação com a Rio Bonito Soluções em Coprocessamento, empresa do Grupo Itambé cuja indústria fica localizada em Balsa Nova, município vizinho. O início das operações de coprocessamento foi em agosto de 2023 e a finalidade deste termo é destinar os rejeitos da separação dos resíduos recicláveis, oriundos das Associações e da Cooperativa de catadores da cidade para se transformarem em Combustível Derivado de Resíduos Urbanos (CDRU) na fábrica da empresa.

A Rio Bonito compra os resíduos das Associações e da Cooperativa para fazer a devida destinação, remunerando as entidades. De agosto até o final de novembro do ano passado, 141 toneladas de resíduos já foram destinadas do município para a fábrica, deixando de ir para os aterros sanitários. Além do ganho ambiental, representa um ganho econômico ao município que deixa de pagar para destinar ao aterro e às Associações e Cooperativa. Elas são remuneradas pelo material diretamente pela empresa.

A SMMA vem, desde 2019, trabalhando em uma alternativa para o melhor descarte de resíduos e a principal vantagem desta solução ambientalmente segura para gerenciar resíduos sólidos está na possibilidade de reutilização de materiais que não seriam reciclados. Tais rejeitos podem ser utilizados para alimentar fornos industriais, em caldeiras de indústrias como a de cimento, cal ou centrais elétricas movidas a combustíveis alternativos. Isso se deve ao fato de que eles são totalmente destruídos nos fornos, sem deixar passivo ambiental devido às altas temperaturas inerentes ao processo.

Saiba mais – O nome disso é coprocessamento, uma tecnologia limpa utilizada mundialmente que transforma materiais antes considerados resíduos em matérias-primas, promovendo assim a economia circular. Ainda por cima, cumpre a legislação vigente no Brasil. Seu objetivo é a eliminação de diferentes tipos de resíduos não utilizados na reciclagem que deixam de ir para os aterros sanitários. Esses resíduos e biomassas substituem o coque de petróleo (um combustível fóssil) e, mais do que queima para gerar energia, as cinzas são usadas na fabricação do cimento. Além de ser um combustível mais limpo, atuando na redução da emissão de gás carbônico (CO?) na atmosfera, é mais barato que os combustíveis fósseis.

As indústrias têm encontrado no coprocessamento uma solução ambientalmente segura para gerenciar seus resíduos sólidos. No Paraná, a Portaria 212 do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), em vigor desde setembro de 2019, determina que qualquer tipo de resíduo sólido oriundo da produção industrial como borras, solventes, Equipamentos de Proteção Individual contaminados (EPIs), filtros de óleo, entre outros, estão proibidos de serem enviados para aterros sanitários industriais. Então um destino seguro para esse tipo de resíduo tem sido o coprocessamento.

"O destino de certos tipos de materiais continua sendo um desafio também para as cidades e, ao aproveitar esse material gerado em Campo Largo, criamos uma parceria ganha-ganha. A empresa e o município atendem a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e nós conseguimos aplicar essa solução sustentável prevista no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS)", explica Mirela Jacomasso Medeiros, analista ambiental e diretora do Departamento de Gestão, Controle e Fiscalização Ambiental. O Termo de Cooperação tem período de vigência de um ano, e será renovável ao longo dos anos.

Como funciona a parceria – A coleta de materiais recicláveis e reutilizáveis em Campo Largo é feita pela empresa terceirizada HMS – contratada da Prefeitura Municipal para realizar a coleta pública seletiva. Após o recolhimento das ruas tudo é direcionado para as Associações e a Cooperativa de catadores que realizam o serviço de separação. Certos tipos de materiais recolhidos e não utilizados para reciclagem, mas que podem virar CDRU, passam por uma nova triagem e são direcionados para a indústria.

Esses resíduos são separados (o que inclui triagem e trituração) e preparados para o coprocessamento. Embalagens multicamadas, papéis sujos, plásticos não recicláveis (como cabos de panela), tomadas, adesivos, espuma, teclados de computador e acrílicos figuram entre os resíduos não destinados à reciclagem pelas Associações, mas possuem maior potencial calorífico e podem virar CDRU.

"Por meio do coprocessamento nós preservamos o meio ambiente, não deixando com que esses resíduos sólidos urbanos cheguem aos lixões e/ou aterros sanitários, assim como os transformamos em energia limpa dentro dos nossos fornos de produção de cimento. Nossa missão é trabalhar por um futuro mais sustentável e acreditamos que a sustentabilidade é o único caminho a ser seguido. Fazemos a diferença hoje para transformar o amanhã e entendemos que essa mudança exige uma ação, resumida pelo trabalho que estamos desenvolvendo junto aos municípios – utilizando a tecnologia do coprocessamento", destaca Israel Wisniewski Vaz, gerente da Rio Bonito Soluções em coprocessamento.

Como tudo começou – Após receber a aprovação do IAT para o teste de queima, em 2022, a prefeitura de Campo Largo deu continuidade às tratativas com a empresa Rio Bonito Coprocessamento para um estudo de viabilidade técnica, econômico, ambiental e social. Parte do Plano Municipal de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos, o estudo definiu que o descarte desses resíduos em aterros sanitários, embora correto, possui alto impacto ambiental. Essa prática também resulta num gasto adicional, pois essas áreas exigem monitoramento mesmo após o encerramento do aterro.

Já em relação à viabilidade econômica, é importante salientar que o rejeito coletado em Campo Largo pelas Associações era destinado ao aterro sanitário da Estre, em Fazenda Rio Grande, localizado a mais de 60 km do município, gerando alto custo do transporte e da operação de transbordo.

Segurança Ambiental – Os limites de emissões atmosféricas para as cimenteiras que realizam atividades de coprocessamento são ainda mais restritivos que aquelas para empresas que utilizam outros combustíveis. Além disso, a tecnologia é regulamentada por um vasto arcabouço legal composto por Leis, Decretos, Portarias, Deliberações e Resoluções, tanto na esfera nacional como estadual, apresentando os critérios e parâmetros de controle ambiental para o processo.

Em relatório válido para 2019, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) destacou que, no ano anterior (2018), o Brasil gerou cerca de 72 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos. Desse montante, 29,5 milhões de toneladas (ou 40,5%) foi despejado inadequadamente em lixões ou aterros controlados. Felizmente Campo Largo traça agora uma rota sustentável para seus resíduos.

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