Geral Transfobia

Alunas travestis da medicina da USP denunciam professor do curso por transfobia

Segundo estudantes de Ribeirão Preto, SP, professor fez ameaças e ofensas após universidade implantar uso livre do banheiro conforme identificação de gênero. Docente nega acusação.

Por EPTV

10/11/2023 às 13:51:06 - Atualizado há
As estudantes de medicina da USP Stella Branco e Louíse Rodrigues e Silva afirmam que foram vítimas de transfobia em Ribeirão Preto, SP - Foto: Valdinei Malaguti/EPTV

Duas estudantes de medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) registraram um boletim de ocorrência contra um professor por transfobia. As duas travestis, que são as primeiras alunas transexuais do curso, dizem que foram ameaçadas e ofendidas pelo docente um dia após a faculdade implantar o uso livre dos banheiros de acordo com o gênero com o qual a pessoa se identifica.

Segundo a estudante Louíse Rodrigues e Silva, as agressões ocorreram no refeitório da universidade no último dia de aula dela e da colega de sala Stella Branco. Louíse conta que elas confraternizavam com professores e amigos, quando o professor Jyrson Guilherme Klamt se aproximou e começou a debochar do uso do banheiro.


"Esse professor se aproximou já em tom de deboche e ironia sobre a questão do dia anterior [inauguração do banheiro livre] e começou a falar coisas de formas irônicas, pejorativas. Ele emendou e perguntou pra mim qual banheiro eu iria usar a partir de agora. Nesse momento eu devolvi perguntando qual banheiro ele achava que eu deveria utilizar. Ele não respondeu e voltou a falar o quão absurdo ele achava pessoas trans usarem o banheiro de acordo com o gênero que se identificam e que a faculdade já não era mais a mesma."


Louíse afirma que ela e o grupo ficaram sem reação ao escutar o professor e que ele voltou com mais ofensas e ameaças.


"Aí ele se manifesta dizendo que se a gente usasse o banheiro em que a filha dele estivesse presente, a gente sairia de lá morta. Sem contar que durante toda abordagem ele me tratou no masculino. Já era um professor que me conhecia, sabia meu nome, já tinha passado em uma aula com ele e ele já tinha passado por situações de desrespeito com meu pronome, mas nunca direcionado. Dessa vez ele veio diretamente a mim."


Stella estava ao lado, reagiu às ofensas do professor e passou a confrontá-lo. Segundo ela, Klamt se dirigiu à Louise como um homem o tempo todo e em tom desrespeitoso e constrangedor.


"O que parece pra mim é que muitas vezes pelo fato de ser docente, a pessoa se sente muito blindada e protegida por esse cenário. Eu falei pra ele que essa sensação de impunidade que ele tem é falsa e daí ele disse que estava perdendo a paciência comigo e fez de levantar pra me agredir, confrontar. Ele foi barrado, seguraram ele pra que ele não fizesse isso."


As estudantes registraram um boletim de ocorrência por ameaça e injúria racial. Em agosto deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que atos de homofobia e transfobia devem ser enquadrados como crime de injúria racial.


Na prática, quem for responsável por atos dessa natureza não terá direito a fiança, nem limite de tempo para responder judicialmente. A pena é de dois a cinco anos de prisão.


Por telefone, o professor Jyrson Guilherme Klamt disse à EPTV, afiliada da TV Globo, que não teve a intenção de constranger as alunas e que nunca fez nenhuma atitude transfóbica.


Klamt afirmou que somente perguntou a uma das estudantes como ela gostaria de ser tratada e que uma teve reação violenta contra ele.


Em nota, a diretoria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) informou que vai adotar os "procedimentos apuratórios legais para as devidas providências e medidas cabíveis".


A faculdade também reforçou "sua posição de respeito, pertencimento e inclusão".

Fonte: g1
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