Geral Azerbaijão

Azerbaijão prende ex-líder dos armênios de Nagorno-Karabakh

O Azerbaijão prendeu nesta quarta-feira (27) Ruben Vardanyan, ex-primeiro-ministro da região disputada de Nagorno-Karabakh, quando ele estava tentando sair do enclave em direção à Armênia, de acordo com as autoridades locais.

Por Da Redação

27/09/2023 às 19:19:46 - Atualizado há

O Azerbaijão prendeu nesta quarta-feira (27) Ruben Vardanyan, ex-primeiro-ministro da região disputada de Nagorno-Karabakh, quando ele estava tentando sair do enclave em direção à Armênia, de acordo com as autoridades locais. As informações são da rede BBC.

Vardanyan foi líder do governo separatista de novembro de 2022 a fevereiro. Ele estava entre milhares de pessoas que tentavam deixar a região. Nas últimas semanas, cerca de 50 mil armênios étnicos já fugiram de Nagorno-Karabakh, que foi tomado pelo Azerbaijão recentemente.

De acordo com sua esposa, o empresário esteve ao lado do povo de Artsakh durante os dez meses de bloqueio e compartilhou suas lutas pela sobrevivência. As autoridades de fronteira do Azerbaijão o levaram para a capital, Baku, onde ele foi entregue a outras agências estatais.

Ruben Vardanyan, ex-primeiro-ministro da região disputada de Nagorno-Karabakh (Foto: WikiCommons)

Vardanyan foi detido mais de uma semana após o Azerbaijão iniciar “operações antiterroristas” em Nagorno-Karabakh e exigir a retirada incondicional e total desse território.

Há uma semana, em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian, o ex-líder dos armênios de Nagorno-Karabakh admitiu que estava ciente de que seria um alvo das forças do Azerbaijão. Ele declarou: “É a vida. Se você está disposto a dar a vida pelo seu país, então tudo bem. É ruim, mas é algo para o qual você deve estar preparado ao fazer algo importante. O desfecho da história pode ser muito sombrio. E eu estava preparado para isso desde o primeiro dia.”

Na terça-feira (26), ao atravessarem a fronteira, milhares de armênios étnicos passaram por rigorosas verificações de segurança realizadas pelas autoridades de fronteira do Azerbaijão. Baku afirmou que estava procurando por suspeitos de “crimes de guerra“, e uma fonte ligada ao governo mencionou a intenção de conceder anistia aos combatentes armênios que abandonaram suas armas em Karabakh.

Os governos ocidentais têm estado pressionando o Azerbaijão para que permita a entrada de observadores internacionais em Karabakh, a fim de monitorar como a população local está sendo tratada.

Na terça-feira (26), a Alemanha se uniu a esses apelos, com a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, pedindo “transparência”. Pelo X, antigo Twitter, ela afirmou que permitir observadores internacionais seria um sinal de que o Azerbaijão está comprometido com a segurança e o bem-estar do povo de Nagorno-Karabakh.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo a ambas as partes para que respeitem os direitos humanos.

Entenda a questão

Nagorno-Karabakh é um território ocupado por uma maioria armênia cristã que declarou independência do Azerbaijão, país majoritariamente muçulmano, desencadeando uma guerra que foi de 1992 a 1994. O conflito causou 30 mil mortes e desalojou centenas de milhares de pessoas, com a reivindicação de independência dos armênios não sendo reconhecida por nenhum país.

Desde 1994, o enclave vinha sendo controlado por forças que o Azerbaijão alegava incluir tropas fornecidas pela Armênia, que sempre negou ter militares por lá. Após um cessar-fogo estabelecido com a ajuda de RússiaEUA e França, um novo conflito armado entre os dois países eclodiu em 2020 e durou 44 dias, com mais 6,5 mil mortos, aproximadamente.

Um novo acordo de paz foi firmado, este mediado pela Rússia, no início de 2021. Mas ele é visto com desconfiança pela população armênia, e um ataque do Azerbaijão em 21 de setembro de 2023 gerou o temor de que um novo conflito com a Armênia poderia se iniciar.

O Ministério da Defesa do Azerbaijão afirmou em comunicado que "apenas alvos militares legítimos foram destruídos" usando ataques de precisão. A Armênia, reforçando que não tinha tropas em Nagorno-Karabakh, alegou que o governo azeri "violou o cessar-fogo ao longo de toda a linha de contato, com ataques de mísseis e artilharia."

A ação do governo Azerbaijão incluiu mísseis, artilharia e drones turcos Bayraktar para bombardear o território ocupado pelos armênios. Baku alega que reagiu a um ataque vindo das montanhas que teria matado um número não especificado de soldados azeris.

Informações divulgadas por autoridades russas, azeris e armênias indicam que mais de 200 pessoas morreram em razão da ofensiva militar que durou cerca de 24 horas. Entre as vítimas estariam civis, crianças e até militares da Rússia, membros das forças de paz de Moscou que atuam na área.

Se o cessar-fogo for respeitado, poderá marcar o fim de um conflito que já dura cerca de três décadas.

Fonte: A Referência
Comunicar erro
Jornalista Luciana Pombo

© 2024 Blog da Luciana Pombo é do Grupo Ventura Comunicação & Marketing Digital
Ajude financeiramente a mantermos nosso Portal independente. Doe qualquer quantia por PIX: 42.872.330/0001-17

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Jornalista Luciana Pombo
Acompanhantes Goiania