Geral Carteira assinada

43% dos trabalhadores com carteira assinada no PR estão no setor de serviços: 'Difíceis de serem substituídos por tecnologias'

Coordenadora do Senac explica que profissões que exigem 'toque humano e relacionamento pessoal' são mais difíceis de serem extintas. Porém, profissional também deve buscar atualizar conhecimentos.

Por g1 PR e RPC

30/08/2023 às 15:13:56 - Atualizado há
Jacilda do Rocio Lopes Rodrigues do Amaral, de 67 anos. - Foto: Reprodução/RPC

Cerca de 43% dos trabalhadores com carteira assinada no Paraná estão no setor de serviços, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego.

São mais de 1,2 milhão de pessoas no setor que engloba desde alimentação até áreas como educação e atividades financeiras e imobiliárias.


A coordenadora de Inteligência de Mercado do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-PR), Mayara Mafra Sperandio Cortes, explica que, com o avanço das tecnologias, algumas pessoas temem perder seus empregos, mas que profissões como cabelereiros, cozinheiros, barbeiros, e manicures são mais difíceis de serem extintas.


"São profissões que sempre estiveram presentes historicamente na vida das pessoas e são difíceis de serem substituídas por tecnologias, porque exigem o toque humano e o relacionamento pessoal."


A profissão de Jacilda do Rocio Lopes Rodrigues do Amaral, de 67 anos, é uma das que deve se manter por algum tempo no mercado de trabalho, segundo o Senac.


Ela é cozinheira há pelo menos 50 anos. A profissional conta que começou quando precisaram de alguém e ela se ofereceu para trabalhar na cozinha de um restaurante. O que era para ser uma solução temporária virou uma carreira sólida.


A cozinheira trabalha há mais de 20 anos no mesmo restaurante. Carinhosamente chamada de Jac pelos colegas, ela não tem planos de parar tão cedo.


"A cozinha para mim significa tudo. Tanto é que me aposentei em 2012 e ainda estou aqui", diz.


Capacitação para não ficar para trás

Jacilda aprendeu a profissão na prática, em uma época em que os cursos de culinária não eram tão comuns. No entanto, ao longo dos anos, ela reconheceu a importância de se qualificar e estudou para se manter atualizada.


"Vai mudando e, se você trabalha na área, você tem que estar cada vez mais para frente. Fiz muitos cursos, muitos mesmo", conta.


Mayara explica que a profissionalização não se limita à técnica, mas também abrange habilidades de relacionamento interpessoal, como saber abordar os clientes, como organizar a cozinha, entre outras.


Para a diretora de Fomento e Renda da Secretaria do Trabalho, Qualificação e Renda (Setr), Adriana Kampa, o atendimento ao público será sempre importante.


"Por mais que modernize, as pessoas gostam de serem bem-atendidas. Loja, atendimento à saúde, na parte da enfermagem. Toda essa gama de profissionais vai existir por muito tempo", falou.


Claudete Aparecida de Oliveira é gerente do restaurante onde Jac trabalha e hoje lidera mais de 40 pessoas. Para assumir essa posição, ela passou por outras funções e estudou muito.


A gerente lembra que começou levando pão e café na mesa dos clientes. Depois, começou a auxiliar os garçons, limpar as mesas e finalizar os atendimentos.


"Trabalhei como garçonete, líder de salão, que faz com que as coisas aconteçam dentro do salão. Agora sou gerente. Tem que ter uma sensibilidade muito grande, porque como a gente lida com pessoas, elas chegam em momentos diferentes, com humores e problemas diferentes", disse.


De acordo com a especialista em comportamento no ambiente de trabalho, Samantha Boehs, as profissões relacionadas à área da saúde, por exemplo, também não devem desaparecer.


Ela afirma que, mesmo com o avanço da tecnologia, os profissionais são indispensáveis porque lidam diretamente com a saúde e o bem-estar das pessoas.


Em 2022, o setor criou 15 mil novas vagas. Nos três primeiros meses deste ano, foram pouco mais de 7,4 mil oportunidades criadas.


Segundo o coordenador de Assessoria Econômica e de Crédito da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Marcelo Alves, a indústria tem a linha de produção e o trabalhador, que atua na base, não deixará de existir.


"Ele pode mudar a sua forma de atuação, mudar a sua qualificação, trabalhar junto com máquinas e equipamentos mais modernos, que de uma forma ou de outra suavizam, reduzem a dificuldade da atividade e melhorem a produtividade, mas o trabalhador na linha de produção não deixa de existir", diz.


Carlos Antônio dos Santos é soldador há um ano em uma indústria de Curitiba que produz plantas e equipamentos industriais, além de oferecer manutenção.


Para ele, trabalhar com solda é uma arte. O processo manual exige cuidado e atenção, mas algumas peças são soldadas de forma automatizada.


Contudo, Carlos explica que é necessário o acompanhamento de uma pessoa durante o trabalho da máquina.


Gerente na mesma indústria de Carlos, Anderson Borges Biun trabalha há 20 anos no local. Ele relata que começou no "chão de fábrica" e foi crescendo junto com a empresa, que hoje tem 1,5 mil funcionários.


A empresa, segundo o gerente, sempre tem vagas de trabalho abertas, algumas difíceis de preencher.


"A indústria, que é a caldeiraria, e a de montagem, que são soldadores, caldeireiros, encanadores, inspetores, essas funções que a gente precisa bastante. A gente sente uma carência muito grande, inclusive de qualificação desse pessoal", afirma.


Mais oportunidades

Diante da demanda por formação de profissionais, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), oferece, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), cursos de qualificação e de atualização.


No Senac são mais de cinco mil vagas gratuitas abertas no Paraná destinadas a quem tem renda familiar per capita de até dois salários mínimos federais.


O interessado encontra cursos como atendimento ao turista, assistente administrativo, manicure e pedicure, cuidador de idoso, recepcionista, atendente, técnico em enfermagem, entre outros.


No Senai, o aluno pode fazer cursos de qualificação profissional, cursos técnicos e aperfeiçoamento profissional.

Fonte: G1
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