Uma em cada 10 menções nas redes sociais a parlamentares mulheres, no Brasil, tem algum tipo de violĂȘncia. É o que diz o Mapa da ViolĂȘncia PolĂtica de GĂȘnero em Plataformas Digitais, apresentado pela codiretora executiva da ONG Coding Rights, Mariana Tamari, em audiĂȘncia da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Combate à ViolĂȘncia Cibernética contra as Mulheres, da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), na Ășltima semana.
O estudo, que analisou menções a 79 deputadas federais e a 12 senadoras da 56ÂȘ legislatura (2019 a 2023), serĂĄ incluĂdo no relatório da CPI, assim como propostas apresentadas por Tamari para diminuir essa estatĂstica.
"É preciso criar diretrizes para documentar esses casos, porque ainda temos poucos dados consolidados. Além disso, é preciso ter protocolos de atuação, pela comissão de ética, para quando os ataques acontecerem. E, por fim, os deputados precisam buscar um canal direto com as plataformas para o caso de contas hackeadas", sugeriu.
Entre os ataques mais frequentes ocorridos com mulheres em cargos polĂticos estão a desinformação com campanhas de desprestĂgio, difusão de informação falsa, violação de privacidade com a exposição de dados pessoais, compartilhamentos não consentidos, ofensas com discurso de ódio, cyber bullying e contas hackeadas.
Presidente da CPI, a deputada Martha Rocha (PDT) afirmou que uma das maiores dificuldades da comissão, no decorrer das reuniões, é conseguir interlocução com as plataformas onde os conteĂșdos são veiculados.
"O que vamos buscar é um canal direto de contato com representantes dessas empresas, para que nos ajudem quando os crimes forem cometidos. Quem tem atribuição para legislar sobre o tema é a Câmara dos Deputados, mas isso não impede que a gente apresente, por exemplo, à Procuradoria da Mulher do Congresso, a sugestão de uma atualização da legislação", antecipou a presidente da CPI.
PerĂodo eleitoral
De acordo com dados da segunda edição da pesquisa Equidade de GĂȘnero na PolĂtica, realizada pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher contra a ViolĂȘncia, 32% das mulheres jĂĄ foram discriminadas no ambiente polĂtico por conta do seu gĂȘnero, enquanto apenas 10% dos homens sofreram discriminação devido ao gĂȘnero.
O nĂșmero de ataques às mulheres que ocupam cargos polĂticos fica ainda maior nos meses de outubro, em perĂodos eleitorais, de acordo com Tamari.
"HĂĄ um estudo da SaferNet que mostra que nos anos de 2014 e 2018, quando houve eleição para governador, presidente, deputados e senadores, nos meses de outubro, o aumento foi exponencial de casos de violĂȘncia na internet, principalmente em 2014 onde tĂnhamos uma presidenta mulher. Conseguimos notar que o problema é estrutural", explicou.