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Política

Avanço nas investigações do caso Marielle em direção a mandantes é derrota para parte da classe política do Rio


O governador Claudio Castro foi contra a nomeação de FlĂĄvio Almada como superintendente da PolĂ­cia Federal no Rio. Almada é hoje responsĂĄvel pelas investigações do assassinato da vereadora. O avanço nas investigações no caso Marielle em direção aos mandantes do crime representou uma derrota para grande parte da classe polĂ­tica do Rio, em especial para o governador Claudio Castro. Foi Claudio quem, em nome de aliados, moveu céus e montanhas para impedir que FlĂĄvio Almada fosse nomeado superintendente da PolĂ­cia Federal no Rio. O delegado é hoje o responsĂĄvel por tocar as investigações que poderão elucidar o crime de repercussão internacional.

Castro acusou Almada de não trabalhar em conjunto com a PolĂ­cia Civil do Rio e afrouxar as operações de combate ao crime organizado. Castro citava a investigação do assassinato da vereadora como um dos grandes problemas de Almada à frente da PF:

"Quando criou a força-tarefa do caso Marielle,(Almada) tirou a PolĂ­cia Civil. Essa falta de integração prejudica muito o nosso trabalho, disse Castro ao repórter Italo Nogueira, em abril deste ano

O chefe do Executivo fluminense não conseguiu convencer Lula nem FlĂĄvio Dino a rever a indicação. Almada foi nomeado no dia 10 de janeiro. Duas semanas depois, Claudio Castro pediu o retorno dos policiais civis cariocas que davam escolta desde 2008 ao atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo.

Em BrasĂ­lia, a medida foi vista com uma retaliação, jĂĄ que muitos polĂ­ticos acreditavam ser Freixo o padrinho de Almada. Na verdade, o padrinho era o próprio diretor-geral da PolĂ­cia Federal, Andrei Passos, que chegou a ficar na corda bamba por conta da nomeação. Castro nega qualquer relação entre a nomeação e a retirada de escolta do Freixo. Alega que pediu o retorno de trĂȘs mil policiais que estavam cedidos para outros poderes e isso incluĂ­a os policiais que acompanhavam Freixo desde 2008.

Uma vez no cargo, FlĂĄvio Almada passou a ser alvo de pesadas crĂ­ticas do governador, que ainda tinha esperanças em vĂȘ-lo longe das terras fluminenses. Castro acusou Almada de não trabalhar em conjunto com a PolĂ­cia Civil do Rio e afrouxar as operações de combate ao crime organizado.

O delegado se transformou em desafeto de polĂ­ticos porque foi ele quem investigou as tentativas de obstrução de justiça ao caso Marielle. O trabalho dele levou à denĂșncia do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão, acusado de plantar uma falsa testemunha para tumultuar a investigação, levando à cadeia inocentes no caso Marielle, preservando os verdadeiros autores e mandantes do crime. A denĂșncia contra Brazão foi arquivada a pedido do Ministério PĂșblico do Rio. Mas a classe polĂ­tica não arquivou a raiva que tem de Almada, por ele ter apontando o dedo por uma dos polĂ­ticos mais temidos do Rio de Janeiro.

Nesta segunda-feira (24), Claudio Castro foi às redes sociais elogiar pela primeira vez o trabalho de Almada. Cumprimentou o ministro da Justiça Flavio Dino, o Ășnico citado nominalmente em seu texto. Os outros agradecimentos foram para instituições: a PolĂ­cia Federal e o Ministério PĂșblico do Rio, que parou de trabalhar com a polĂ­cia Civil, de quem escondeu uma prova fundamental no caso: a de que Ronnie Lessa havia pesquisado dados sobre Marielle 48 horas antes do crime. Segundo os repórteres Adriana Cruz, Leslie Leitão, Felipe Freire e Marco Antonio Martins, a prova foi fundamental nesta nova etapa da investigação.

O rumo das investigações hoje se encaminham para dar razão a Raul Jungmann, ministro da Justica à época do assassinato de Marielle. Disse Jungmann hĂĄ cinco anos: "HĂĄ uma grande articulação envolvendo agentes pĂșblicos, milicianos e polĂ­ticos, em um esquema muito poderoso que não teria interesse na elucidação do caso Marielle. Até porque estariam envolvidos neste processo. Se não tanto na qualidade daqueles que executaram, na qualidade de mandantes", disse Jungmann.

O incĂȘndio estĂĄ só começando. Hoje, Almada estĂĄ bem na foto. A grande esperança de parte dos polĂ­ticos do Rio é que ele repita a sina de outros que também combaterem o crime no Rio. "JĂĄ jĂĄ ele bota a capa de super-homem e se atira pela janela", resumiu um ex -deputado acusado pela Lava Jato e hoje inocentado.

G1

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