Lembro-me como se fosse hoje, ela bateu palmas no portão e chamou meu nome.
Por Da Redação 16/07/2023 às 17:11:40 - Atualizado há
Notei a pressa em falar, ofereci entrar para um café, ela não quis. Imediatamente, dirigiu-se à pequena escada, sentou-se no degrau mais baixo, retirou da bolsa um envelope e me entregou. Não aguardou que eu abrisse, molhou mais os olhos e me abraçou, o resultado era positivo para a doença, e ela sabia que não teria muito tempo de vida. Eu poderia contar com a discrição da escada, jamais revelaria o temor que assolava minha melhor amiga. Entre nós três, naquele momento, formou-se um pacto, nós duas e a escada, ainda nos encontramos muitas vezes para desabafar os medos e as angústias, ela da doença, eu dos tormentos, a escada do temor de não ser mais tratada como uma confidente. Autoria: Renata Regis Florisbelo Leia também: Santa Paula das antigas, por John Elvis Ramalho