Por que Lula insiste em defender o país de Nicolás Maduro? Presidente do Brasil voltou a citar a Venezuela no encerramento da cúpula do Mercosul, na Argentina, nesta terça-feira (4). Octávio Guedes aponta 'insistência' de Lula no tema Venezuela
O presidente Lula (PT) está convencido de que a situação na Venezuela só incomoda a bolha de extrema-direita, e, dessa forma, ele pode falar que quem está reagindo são os fiéis a Jair Bolsonaro.
Lula recebeu Nicolás Maduro com pompas e circunstâncias e foi alvo de fortes críticas. Depois disse que a democracia é relativa - quando todo mundo sabe o que é uma ditadura -, e, no encerramento da cúpula do Mercosul nesta terça, voltou a defender o país.
"Com relação à questão da Venezuela, gente, todos os problemas que a gente tiver de democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta eles. Não conheço pormenores do problema com a candidata da Venezuela, pretendo conhecer", disse.
Mas Lula já tomou conhecimento, por meio de pesquisas, que relativizar a democracia irrita muito mais gente que apenas bolsonaristas radicais.
O principal tema da campanha das eleições presidenciais no Brasil, inclusive, não foi saúde ou educação. Foi democracia. Lula entendeu isso, fez uma frente ampla, trouxe o seu adversário histórico para ser vice da chapa para sinalizar justamente uma fase democrática, em que os diferentes eventualmente se unem para combater o mal maior.
E já há pesquisas mostrando que a maioria dos eleitores lembram, como notícia negativa do governo Lula, a recepção que ele fez para Maduro.
Ainda assim, o presidente continua achando que é coisa da extrema-direita falar mal da Venezuela. No Mercosul, ele desagrada 50% do bloco ao defender o país, como por exemplo, Paraguai e Uruguai.
Há um esforço de se tirar da cabeça do Lula que a crítica a Venezuela é "coisa" da extrema-direita.