PolĂ­cia Ditadura Militar

Ex-delegado do Dops é condenado por crimes durante ditadura militar

Por Agência Brasil

13/06/2023 às 01:27:43 - Atualizado hĂĄ
Agência Brasil

A Justiça Federal de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, condenou na Ășltima quinta-feira (8), ClĂĄudio Antônio Guerra, ex-delegado do Departamento de Ordem PolĂ­tica e Social (Dops) do EspĂ­rito Santo, a sete anos de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de ocultação de cadĂĄver. A decisão da semana passada foi divulgada nesta segunda-feira (12) pelo Ministério PĂșblico Federal (MPF).

A ação penal ajuizada pelo MPF estĂĄ relacionada ao desaparecimento de 12 militantes polĂ­ticos durante o regime autoritĂĄrio. As vĂ­timas são: Ana Rosa Kucinski Silva, Armando Teixeira Frutuoso, David Capistrano da Costa, Eduardo Collier Filho, Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, João Batista Rita, João Massena Melo, Joaquim Pires Cerveira, José Roman, LuĂ­s InĂĄcio Maranhão Filho, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto e Wilson Silva.

Na sentença, a Justiça Federal reconheceu "a imprescritibilidade dos crimes sob apuração, aqui considerados como crimes contra a humanidade (ou de lesa-humanidade), em atenção à Constituição da RepĂșblica, às normas internacionais de direitos humanos e à jurisprudĂȘncia sedimentada no âmbito dos sistemas global e interamericano de proteção aos direitos humanos".

DenĂșncia

A denĂșncia contra Guerra foi apresentada, em julho de 2019, pelo procurador da RepĂșblica Guilherme Garcia VirgĂ­lio, do MPF em Campos dos Goytacazes. O réu foi acusado de destruição e ocultação de cadĂĄveres. Segundo o procurador, as ações criminosas de Guerra são graves e não devem ser toleradas em uma sociedade democrĂĄtica. "O comportamento do réu se desviou da legalidade, afastando princĂ­pios que devem nortear o exercĂ­cio da função pĂșblica por qualquer agente do Estado, sobretudo daquele no exercĂ­cio de cargos em forças de segurança pĂșblica, a que se impõe o dever de proteção a direitos e garantias constitucionais da população", afirmou o procurador VirgĂ­lio.

Relato

Os crimes cometidos por Guerra foram investigados em processo criminal, baseado em seus próprios relatos no livro Memórias de Uma Guerra Suja. Ele confessou ter recolhido os corpos de 12 pessoas e levado para serem incinerados entre 1973 e 1975. Os corpos foram retirados de locais como a "Casa da Morte" em Petrópolis (RJ) e o DOI-Codi no Rio de Janeiro, sendo incinerados posteriormente na Usina Cambahyba, em Campos dos Goytacazes. A confirmação dos corpos levados por Guerra foi feita em vĂĄrios depoimentos, incluindo um prestado no MPF no EspĂ­rito Santo. Essas 12 pessoas mencionadas por Guerra fazem parte de uma lista de 136 pessoas consideradas desaparecidas pelo relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).

A condenação cabe recurso. A Justiça Federal concedeu a ClĂĄudio Guerra o direito de recorrer em liberdade. A AgĂȘncia Brasil não conseguiu contato com a defesa do ex-delegado do antigo Dops.

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