PolĂ­tica

CPI provocou fim de contrato de laboratório indiano com a Precisa, dizem senadores

Por Agência Senado

24/07/2021 às 17:49:33 - Atualizado hĂĄ

O encerramento de contrato entre o laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin, e a empresa Precisa Medicamentos, que atuou como intermediĂĄria junto ao governo brasileiro, repercutiu nesta sexta-feira (23) entre os senadores. Eles viram a decisão como resultado da CPI da Pandemia, que investiga denĂșncias de corrupção na venda da vacina. O laboratório indiano apontou como falsos documentos apresentados pela intermediĂĄria. A Precisa, cuja diretora Emanuela Medrades jĂĄ depôs à CPI, voltou a negar irregularidades.

Reportagem do portal de notĂ­cias G1 reproduziu comunicado da Bharat que, apesar de não explicitar o motivo do rompimento, diz que Precisa apresentou documentos falsos ao Ministério da SaĂșde. Um dos documentos apresenta a empresa brasileira como representante legal e exclusiva da Bharat, e o outro declara a inexistĂȘncia de fatos impeditivos à habilitação da Precisa para contratos com o Ministério. "GostarĂ­amos de afirmar enfaticamente que esses documentos não foram emitidos pela companhia ou seus executivos e, portanto, negamos veementemente os mesmos", diz a nota do laboratório indiano.

Na nota, a Bharat Biotech declara que não recebeu pagamentos antecipados nem forneceu vacinas ao Ministério da SaĂșde. Diz ainda que continua trabalhando com a AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) para a aprovação da Covaxin.

Em postagem no Twitter, o relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que a Bharat desfez um negócio "superfaturado" com a Precisa. Enquanto isso, "diante de mais de 20 irregularidades comprovadas pela CPI, o governo não rompeu o contrato intermediado por um caloteiro contumaz". O vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), garantiu que "as investigações continuam" e "os propineiros não sairão impunes"

"Caminho certo"

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), também pelo Twitter, assegurou que a CPI estĂĄ "no caminho certo" e lembrou da clĂĄusula do contrato que previa transferĂȘncia de recursos a um paraĂ­so fiscal: "Crimes comprovados. Outros sendo investigados. Quem são? Quantos serão?" À RĂĄdio Senado, a parlamentar reforçou a existĂȘncia de suspeita de crimes contra a administração pĂșblica.

— Essa fatura positiva nós podemos colocar na conta dos trabalhos da CPI. A CPI não vai dar em pizza porque jĂĄ estĂĄ dando resultado. Um deles é o cancelamento do contrato — declarou.

Também à RĂĄdio Senado, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) afirmou que as negociações com a Precisa foram realizadas num momento de "escassez de vacinas", mas considera que o Ministério da SaĂșde deverĂĄ confirmar o cancelamento da contratação diante das alternativas.

Quando se tem a opção de ter o imunizante de melhor qualidade com o preço menor, obviamente o interesse pĂșblico hĂĄ de prevalecer em torno do mais vantajoso para a população. Só que tem que se levar em consideração os momentos. Naquele primeiro momento, não havia as opções que existem hoje. Acho que não hĂĄ justificativa para se manter a negociação de uma vacina mais cara — disse Marcos Rogério.

DenĂșncias

A negociação, no valor de US$ 1,6 bilhão, sofre vĂĄrios questionamentos: além do valor elevado da vacina, hĂĄ suspeita sobre os termos de pagamento de seguro e frete, e a exigĂȘncia de adiantamento de 45 milhões de dólares a serem transferidos para uma terceira empresa. O contrato para compra de 20 milhões de doses da vacina indiana é investigado pela CPI da Pandemia, que recebeu de denĂșncias do deputado federal LuĂ­s Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, LuĂ­s Ricardo, que é servidor pĂșblico e trabalha no Ministério da SaĂșde.

De acordo com os dois, houve pressão polĂ­tica para a compra da Covaxin e diante disso eles teriam apresentado as denĂșncias ao presidente da RepĂșblica, Jair Bolsonaro, o qual teria atribuĂ­do o fato ao lĂ­der do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Com as denĂșncias à CPI, o Ministério PĂșblico Federal, a Controladoria-Geral da União e a PolĂ­cia Federal e o Tribunal de Contas da União abriram investigação. JĂĄ Ricardo Barros negou envolvimento com o caso e deverĂĄ ser ouvido pela CPI da Pandemia após o recesso parlamentar.

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