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Para governo Lula, discurso de Nikolas é "passível de responsabilização criminal"

Por Oeste Online

15/04/2023 às 20:43:34 - Atualizado hĂĄ
Oeste Online

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania avaliou que o discurso realizado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), no plenĂĄrio da Câmara dos Deputados no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, é uma "conduta passĂ­vel de responsabilização criminal por transfobia e discurso de ódio".

A avaliação consta em nota técnica assinada pelo ministro, Silvio Almeida, pela secretĂĄria-executiva da pasta, Rita Cristina de Oliveira, e pela secretĂĄria Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, em que fazem considerações sobre o caso e formalizam uma série de recomendações.

"Este Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania entende o discurso proferido pelo deputado Nikolas Ferreira, no plenĂĄrio da Câmara dos Deputados, no dia 8 de março de 2023, Dia Internacional da Mulher, como conduta passĂ­vel de responsabilização criminal por transfobia e discurso de ódio", consta no documento.

Segundo a pasta, a não responsabilização do deputado é uma "ameaça à estabilidade democrĂĄtica" do Brasil.

Em 8 de março deste ano, Nikolas Ferreira vestiu uma peruca durante discurso na tribuna da Câmara e falou que se sentia uma mulher. Por isso, alegou, em tom de deboche e ironia, que teria "lugar de fala" no Dia Internacional das Mulheres.

O ministério recomenda que seja dada sequĂȘncia à apuração do caso pela direção da Câmara diante dos pedidos de cassação por quebra de decoro parlamentar jĂĄ protocolados.

"Em sendo considerado culpado o parlamentar, seja atribuĂ­da a pena cabĂ­vel, qual seja, a cassação de seu mandato", afirma a nota.

A nota pede ainda que se dĂȘ sequĂȘncia à apuração do caso pelo Supremo Tribunal Federal, além de que o Ministério PĂșblico Federal e a Defensoria PĂșblica da União sejam acionados para acompanhar os processos em andamento sobre o episódio.

Outras recomendações da nota do Ministério dos Direitos Humanos são:

Que seja realizada audiĂȘncia pĂșblica na Câmara com a presença dos trĂȘs representantes do ministério que assinam a nota, "fora movimentos nacionais em defesa dos direitos LGBTQIA+, associações em defesa dos direitos das pessoas trans, travestis e não-binĂĄrias, bem como de pesquisadoras sobre o tema nas Instituições Federais de Ensino Superior"; Que seja "promovido amplo debate pĂșblico de coibição de fake news divulgadas pelas redes sociais e outros meios de comunicação, que ofendem, estereotipam e subjugam a população LGBTQIA+";Que sejam "articulados diĂĄlogos acerca das regras de concessão e funcionamento para empresas pĂșblicas e privadas de comunicação, sobretudo das redes sociais, no sentido de coibir a prĂĄtica criminosa da LGBTIfobia a partir de canais de comunicação regulados e ou concedidos pelo Estado brasileiro". Na nota, a pasta diz que "a ausĂȘncia de medidas efetivas por parte do Poder Legislativo contribui para a manutenção de um estado de violĂȘncia contra a população LGBTQIA+".

"É necessĂĄrio enfatizar que, após o discurso de NF, o plenĂĄrio se encheu de palmas e saudações ao deputado, demonstrando o amalgamento da discriminação social nas representações polĂ­ticas hoje eleitas."

Ao fazer uma anĂĄlise do caso e as recomendações, o ministério lembra de decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que classificou a homotransofbia como crime equiparĂĄvel ao de racismo.

"O reconhecimento criminal da homotransfobia é o reconhecimento de que não se pode tolerar o intolerĂĄvel", afirma a pasta.

"A ausĂȘncia de dados, bem como o silĂȘncio naturalizador das instituições, em termos de ações efetivas, são parte do problema a que a população LGBTQIA+ segue exposta", acrescenta.

A CNN procurou a assessoria de Nikolas Ferreira para um posicionamento e aguarda retorno.

Entenda o caso

"Hoje, o Dia Internacional das Mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar, pois eu não estava no meu local de fala. Então, eu solucionei esse problema aqui. Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nikole", declarou Nikolas Ferreira em 8 de março, enquanto colocava uma peruca amarela.

Ele também falou que as mulheres estariam "perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres". Ainda, que "eles estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade".

Depois, ele tirou a peruca e disse que as mulheres não deviam nada ao feminismo.

"Retomem sua feminilidade, tenham filhos, amem a maternidade e formem sua famĂ­lia. Dessa forma vocĂȘs colocarão luz no mundo e serão valorosas."

Nikolas foi publicamente repreendido pelo presidente da CÃÂąmara, Arthur Lira (PP-AL), mas não chegou a sofrer alguma punição ou advertĂȘncia pela conduta.

Fonte: Oeste Online
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