Grande Curitiba Tráfico Humano

Jovem procura família biológica no Brasil

Ela foi levada por traficante que atuava no Paraná e Santa Catarina e vendida em Israel

Por Jornalista Luciana Pombo

29/01/2023 às 14:56:36 - Atualizado há

A jovem Lusiana Goldman, de 28 anos, está à procura dos pais verdadeiros no Brasil. Ela mora em Israel, mas nasceu no Brasil e foi traficada por uma mulher que vendeu mais de 3 mil crianças do Paraná e de Santa Catarina: Arlete Hilú.


Lusiana foi retirada dos pais verdadeiros com pouco mais de um mês de idade e entregue aos novos pais, em Assução (Paraguai), no dia 20 de março de 1988. Ela usava brincos de ouro com esmeraldas. Lusiana não sabe nada dos verdadeiros pais.


Nos documentos, que possivelmente são falsos, aparece como mãe biológica Helena da Silva. Ela fez testes de ancestralidade e encontrou possíveis parentes em Cerro Azul (PR). "Os documentos dela são muito confusos e ela foi traficada e não doada. Os pais talvez nunca imaginaram o que houve com ela, mas ela tem muita esperança de reencontrá-los", disse a amiga que fez contato com o Blog.


QUADRILHA ESPECIALIZADA

Arlete Honorina Vitor Hilu, a traficante de Lusiana, já esteve em várias reportagens que fiz no passado. O Sicride (Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas) conseguiu comprovar vários casos de tráfico cometidos por ela. Ela chegou a trabalhar no Censo do IBGE depois de cumprir pena e denunciei o caso. Desde 2016, o paradeiro dela é desconhecido. A última vez que foi vista foi aos 72 anos, no litoral de Santa Catarina.


Arlete começou a traficar crianças pela facilidade que tinha como curadora no juizado de menores do Paraná. Entre 1986 e 1992, ela foi presa duas vezes em Israel com bebês e outras duas no Brasil. No Tribunal de Justiça do Paraná, ela chegou a ser condenada por subtração ou roubo de menor a 4 anos de prisão e cumpriu dois em regime fechado. Em 1992, foi novamente presa durante um processo por acusações semelhantes e onde foi condenada em primeira instância por formação de quadrilha. Depois, foi absolvida em segunda instância e ganhou a liberdade em 1993.

A quadrilha já ficou instalada em Curitiba nos anos 80. Arlete Hilu era considerada a principal responsável pela quadrilha. Estima-se que 3 mil crianças tenham sido enviadas somente para Israel, mas havia receptadores também no Canadá e Estados Unidos. As crianças da Região Sul do Brasil eram as mais desejadas por serem brancas. As que tinham olhos claros valiam mais no "mercado infantil". Com Arlete, várias outras mulheres se faziam passar por assistentes sociais e levavam as crianças ainda de dentro do hospital – muitas vezes. Outras vezes, em supostas visitas aos familiares. Depois de levarem as crianças, desapareciam. Os documentos das crianças eram esquentados normalmente num cartório do Rio de Janeiro. Cada criança era vendida por valores que variavam entre US$ 3.500 e US$ 5.000.

Comunicar erro

Comentários Comunicar erro

Jornalista Luciana Pombo

© 2024 Blog da Luciana Pombo é do Grupo Ventura Comunicação & Marketing Digital
Ajude financeiramente a mantermos nosso Portal independente. Doe qualquer quantia por PIX: 42.872.330/0001-17

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Jornalista Luciana Pombo
Acompanhantes GoianiaDeusas Do Luxo