SaĂșde

Consumo exagerado de adoçantes pode diminuir a sensibilidade do paladar

Por Notícias Ao Minuto

04/01/2023 às 13:27:12 - Atualizado hĂĄ
Notícias Ao Minuto

Essas substâncias adoçam alimentos ao custo de menos calorias do que o açĂșcar tradicional. Com frequĂȘncia surgem novas moléculas que são centenas ou milhares de vezes mais doces e, se ingeridas de forma constante, promovem alterações nas papilas gustativas, o que prejudica a percepção do gosto.

A nutricionista Fabiana Nalon, membro da comissão cientĂ­fica da Associação de Nutrição do Distrito Federal, afirma que, com o tempo, essas papilas passam a exigir grandes quantidades de açĂșcar e sal para se satisfazerem, piorando significativamente as escolhas alimentares de quem for afetado.

Em crianças esse efeito é particularmente danoso, jĂĄ que os pequenos ainda estão formando o próprio paladar e precisam se acostumar com sabores como o azedo ou o amargo, que fazem parte de uma alimentação completa e saudĂĄvel.

Para Ana Luisa Faller, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), as alterações causadas pelos adoçantes estão começando a ser descobertas. Uma questão emergente sobre a qual os cientistas estão se debruçando é a mudança provocada na flora intestinal, envolvida em processos fundamentais do corpo, como o metabolismo, a imunidade e o crescimento.

Uma revisão de estudos feita por especialistas da Universidade de Granada, na Espanha, revela que, entre os adoçantes não nutritivos, a sacarina e a sucralose podem causar esse desequilĂ­brio da microbiota. O mesmo vale para a stevia, do tipo nutritivo e natural.

Faller pontua que microrganismos do intestino influenciam diversas funções do corpo por meio de proteĂ­nas que eles produzem.

"Uma alteração nesse sistema pode levar a efeitos indesejados. Podem gerar moléculas que produzem, por exemplo, um processo inflamatório sistĂȘmico ou que causem intolerância à insulina", afirma a professora.

Entretanto, faltam dados para a maioria desses aditivos usados no mercado. Os autores, no estudo espanhol, afirmam haver a "necessidade de executar novas pesquisas a longo prazo de ensaios clĂ­nicos randomizados, duplo-cegos, controlados por placebo e com doses apropriadas para avaliar o impacto potencial de adoçantes no intestino".

Estudos também indicam que as embalagens dos produtos causam mais confusão do que esclarecem o consumidor. Especialistas da USP (Universidade de São Paulo) entrevistaram 96 consumidores em Goiânia, Porto Alegre, Recife e São Paulo, que revelaram dificuldades na hora de ler e interpretar as informações dos rótulos, tanto pela falta de familiaridade com os nomes dos adoçantes quanto pelo desconhecimento sobre eles.

A dica, segundo Fabiana Nalon, é buscar pela palavra "edulcorante", usada frequentemente pela indĂșstria.

Para os cientistas da USP, durante as entrevistas ficou evidente a desconfiança por parte da população em relação a esses aditivos alimentares. Uma percepção comum é a associação entre os adoçantes e o surgimento de certos tipos de câncer.

Renata Cintra, professora do Instituto de BiociĂȘncias da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu, diz que a relação feita entre adoçantes e o câncer é resultado de um estudo da década de 1970, no qual pesquisadores alimentaram ratos de laboratórios com sacarina ciclamato. Depois de algum tempo consumindo doses elevadas da substância, os animais desenvolveram câncer de bexiga.

Mas a pesquisadora afirma que, desde então, nunca foi comprovado que a substância tem o mesmo efeito em seres humanos. Além disso, proporcionalmente, o consumo humano diĂĄrio de adoçantes é imensamente inferior ao que foi utilizado na pesquisa com os roedores.

Não existem evidĂȘncias de que essas substâncias fazem mal se forem consumidas nas doses consideradas seguras. No Brasil, para serem usadas na indĂșstria, sua segurança deve ser comprovada mediante estudos cientĂ­ficos pela Anvisa (AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria). Em excesso podem causar efeitos colaterais leves ou moderados, como desconforto intestinal e diarreia, como é o caso do xilitol.

Os adoçantes são uma alternativa popular entre pacientes de diabetes, porque permitem driblar o uso da sacarose em preparos doces. Mas ganharam mesmo a atenção do pĂșblico interessado no emagrecimento.

Pesquisadores da Universidade de CiĂȘncias Médicas de Poznan, na Polônia, analisaram uma série de estudos cientĂ­ficos e chegaram à conclusão de que substituir o açĂșcar realmente auxilia no combate à obesidade, porque diminui a ingestão de calorias.

Segundo os especialistas, os adoçantes não nutritivos não estimulam o consumo de mais comida, como algumas pessoas acreditam, mas eles trazem a ressalva de que algumas pessoas podem deliberadamente fazer essa compensação, e nesses casos os benefĂ­cios são perdidos.

A professora Faller faz o mesmo alerta. Alicerçar uma dieta sobre o uso de adoçantes não basta para quem quer perder gordura, afirma.

"As pessoas veem como uma estratégia porque cortam as calorias do açĂșcar. Mas a prĂĄtica não vem acompanhada de mudanças de hĂĄbitos alimentares e, portanto, o processo não vai ser efetivo."

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