Musk restaura contas de jornalistas no Twitter após reação negativa sobre suspensões

Autoridades da França, Alemanha, Grã-Bretanha e União Europeia condenaram anteriormente as punições.

O episódio, que um conhecido pesquisador de segurança rotulou de "Massacre da noite de quinta-feira", está sendo considerado pelos críticos como uma nova evidência de Musk, que se considera um "absolutista da liberdade de expressão", está eliminando a fala e os usuários de quem ele pessoalmente não gosta.

As ações da Tesla, a fabricante de carros elétricos liderada por Musk, caíram 4,7% na sexta-feira e registraram sua pior perda semanal desde março de 2020, com os investidores cada vez mais preocupados com sua distração e com a desaceleração da economia global.

Roland Lescure, o ministro francês da indústria, twettou na sexta-feira que, após a suspensão das contas de jornalistas por Musk, ele suspenderia sua própria atividade no Twitter.

Melissa Fleming, chefe de comunicações das Nações Unidas, escreveu que estava "profundamente perturbada" com o acontecimento e que "a liberdade de imprensa não é um brinquedo".

O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha alertou o Twitter de que a pasta tinha problemas com medidas que ameaçavam a liberdade de imprensa.

Entenda as suspensões

As suspensões aconteceram por causa de um desentendimento sobre uma conta no Twitter chamada "ElonJet", que rastreava o avião particular de Elon Musk usando informações disponíveis publicamente.

Na quarta-feira (14), o Twitter suspendeu este e outros usuários que rastreavam jatos particulares, apesar de o dono da rede social ter afirmado anteriormente que não suspenderia o ElonJet em nome da liberdade de expressão.

Pouco depois, a empresa mudou sua política de privacidade para proibir o compartilhamento de "informações de localização ao vivo".

Então, na noite de quinta-feira (15), vários profissionais, inclusive do New York Times, da CNN e do Washington Post, foram suspensos do Twitter sem aviso prévio.

Em um e-mail à Reuters durante a noite, a chefe de confiança e segurança da rede social, Ella Irwin, disse que a equipe revisou manualmente "toda e qualquer conta" que violou a nova política de privacidade postando links diretos para a conta ElonJet.

"Entendo que o foco parece estar principalmente nas contas de jornalistas, mas aplicamos a política igualmente a contas de jornalistas e não-jornalistas hoje", justificou Irwin no e-mail.

A Society for Advancing Business Editing and Writing pontuou em um comunicado na sexta-feira que as ações do Twitter "violam o espírito da Primeira Emenda e o princípio de que as plataformas de mídia social permitirão a distribuição não filtrada de informações que já estão em praça pública".

Musk acusou os comunicadores de postarem sua localização em tempo real, que são "basicamente as coordenadas do assassinato" de sua família, segundo ele.

O bilionário apareceu brevemente em um chat de áudio do Twitter Spaces hospedado por jornalistas, que rapidamente se transformou em uma discussão controversa sobre se os repórteres suspensos realmente expuseram a localização em tempo real de Musk em violação à política.

"Se você doxar, será suspenso. Fim da história", advertiu Musk repetidamente em resposta às perguntas. "Dox" é um termo em inglês para o ato de publicar informações privadas sobre alguém, geralmente com intenção maliciosa.

Drew Harwell, do Washington Post, um dos profissionais que havia sido suspenso, mas que mesmo assim conseguiu participar do bate-papo de áudio, rebateu a ideia de que havia exposto Musk ou a localização exata de sua família ao postar um link para o ElonJet.

Logo depois, a repórter do BuzzFeed Katie Notopoulos, que apresentou o bate-papo do Spaces, escreveu que a sessão de áudio foi interrompida abruptamente e a gravação não estava disponível.

Em um tweet explicando o que aconteceu, Musk disse: "Estamos consertando um bug. Deverá funcionar amanhã".

*contribuiu Hyunjoo Jin, da Reuters