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Soldados russos são executados por sentirem medo, diz prisioneiro de guerra

Por A Referência

14/12/2022 às 17:23:12 - Atualizado há

Após ser capturado por forças ucranianas, um soldado russo revelou ter testemunhado a execução de seus companheiros de tropa. A justificativa: eles demonstraram medo no front na Ucrânia. As informações são da revista Newsweek.

Vladislav Izmailov disse que viu dois soldados de sua unidade serem mortos após hesitarem diante do inimigo durante uma batalha. E detalhou como isso teria acontecido.

"No primeiro ataque, eu era do segundo grupo. A equipe de evacuação estava à minha frente. Havia duas pessoas lá que estavam com medo. Era a primeira vez deles na guerra. E então esses dois foram "anulados" na base", disse ele.

Soldados do exército russo em treinamento (Foto: eng.mil.ru)


A declaração viralizou em canais ucranianos do Telegram. Mais tarde, a agência de notícias russa independente Nestka identificou o indivíduo como um ex-presidiário de 26 anos, que ingressou no conflito através da campanha russa de recrutamento de criminosos condenados.

Izmailov contou que foi sido recrutado pela organização paramilitar Wagner Group para aumentar o efetivo no país invadido. Ele assinou um contrato de seis meses em troca de liberdade e isenção de punição criminal, como também fizeram 300 detentos na prisão em que ele cumpria pena.

"Foram simplesmente baleados e enterrados", acrescentou o ex-soldado sobre os colegas.

No começo do mês, Viktor Sevalnev, também recrutado na prisão pelo Wagner Group, morreu após a deserção em massa da unidade que liderava em território ucraniano. A suspeita é de execução. Ele serviu como comandante da 7ª Companhia de Fuzileiros Motorizados da "milícia do povo", na região ocupada de Luhansk. Antes de morrer, o ex-presidiário havia revelado que foi ameaçado de execução após a debandada dos soldados que estavam sob seu comando.

Segundo repercutiu o jornal independente The Moscow Times, até agora, pelo menos 40 prisioneiros russos recrutados pelo Wagner Group foram executados pelo grupo, de acordo com Olga Romanova, chefe da organização Russia Behind Bars, com sede em Moscou, que luta pelos direitos dos prisioneiros na Rússia.

Desertor chama ex-companheiros de "maníacos"

"Existem maníacos que gostam de matar". A declaração foi dada à rede CNN pelo ex-soldado russo Nikita Chibrin, que diz ter servido na 64ª Brigada Independente de Fuzileiros Motorizados, acusada por Kiev de participar da matança de civis na cidade de Bucha. Ele desertou do exército russo em setembro e fugiu para a Europa via Belarus e Cazaquistão.

Violência sexual também está presente. Chibrin lembrou de um episódio em que viu dois colegas fugindo após supostamente terem estuprado duas ucranianas durante sua missão em março.

"Eu os vi correr, então descobri que eram estupradores. Eles estupraram uma mãe e uma filha", disse ele. Os supostos estupradores foram espancados, acrescentou, mas nunca totalmente punidos por seus crimes, os quais os comandantes não deram importância.

A unidade de Chibrin inclusive recebeu do presidente Vladimir Putin o título honorário de "Guardas" pelo "heroísmo e coragem pela força e méritos demonstrados pela brigada em combate para defender a Pátria e os interesses do Estado em condições de conflito armado".

Sobre a brigada que fazia parte, Chibrin conta que ela tinha um "comando direto para assassinar" qualquer pessoa que compartilhasse informações sobre as posições da unidade, sejam militares ou civis.

"Existem maníacos que gostam de matar um homem. Esses maníacos apareceram lá ", disse ele.

O Massacre de Bucha

Os corpos de dezenas de pessoas foram encontrados nas ruas da cidade ucraniana de Bucha quando as tropas locais reconquistaram a área, três dias após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

As fotos mostram pessoas mortas com as mãos amarradas atrás do corpo, um indício de execução. Outros corpos aparecem parcialmente enterrados, com algumas partes à mostra. Há também muitos corpos em valas comuns. Nenhum dos mortos usava uniforme militar, sugerindo que as vítimas são civis.

"O massacre de Bucha prova que o ódio russo aos ucranianos está além de qualquer coisa que a Europa tenha visto desde a Segunda Guerra Mundial", disse ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em sua conta no Twitter.

Após a divulgação das cenas chocantes, o presidente norte-americano Joe Biden pediu mais uma vez que Vladimir Putin seja julgado por crimes de guerra. "Vocês devem lembrar que fui criticado por chamar Putin de criminoso de guerra", disse o líder norte-americano. "Bem, a verdade é que você viu o que aconteceu em Bucha. Isso garante: ele é um criminoso de guerra. Mas temos que reunir as provas".

Moscou, por sua vez, nega as acusações. Através do aplicativo russo de mensagens Telegram, o Ministério da Defesa russo disse que, "durante o tempo em que a cidade esteve sob o controle das forças armadas russas, nenhum morador local sofreu qualquer ação violenta". O texto classifica as denúncias como "outra farsa, uma produção encenada e provocação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como foi o caso em Mariupol com a maternidade".

Entretanto, imagens de satélite da empresa especializada Maxar Technologies derrubam o argumento da Rússia. O jornal The New York Times realizou uma investigação com base nessas imagens e constatou que objetos de tamanho compatível com um corpo humano aparecem na rua Yablonska entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Fonte: A Referência
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