Geral Afeganistão

Hotel frequentado sobretudo por chineses é alvo de ataque em Cabul

Por Da Redação

12/12/2022 às 19:11:37 - Atualizado há

Um hotel na região central de Cabul, no Afeganistão, foi alvo de ataque armado nesta segunda-feira (12), com testemunhas tendo relatado explosões e disparos de armas de fogo. O local é frequentado majoritariamente por cidadãos chineses, segundo informações da agência Reuters.

Zabihullah Mujahid, porta-voz do Taleban, grupo radical que governa o país, confirmou o episódio através de sua conta no Twitter e disse que nenhum estrangeiro foi morto.

“O ataque a um hotel na cidade de Cabul terminou com três agressores sendo mortos pelas forças de segurança. Todos os hóspedes do hotel foram resgatados e nenhum estrangeiro foi morto. Apenas dois cidadãos estrangeiros ficaram ligeiramente feridos ao tentarem saltar de uma janela”, disse Mujahid no post.

O Taleban informou ainda que o local do ataque foi o Longan Hotel, bastante popular sobretudo entre os chineses, mas também entre outros cidadãos estrangeiros.

Por sua vez, o Hospital de Emergências de Cabul, que é gerido por uma ONG italiana, informou que recebeu 21 pessoas feridas no episódio, sendo que três já chegaram mortas. Não ficou claro se as vítimas fatais são os três homens que invadiram o hotel.

Em um primeiro momento, nenhum grupo assumiu a autoria do atentado, que ocorreu um dia após o embaixador chinês no Afeganistão, Wang Yu, se encontrar com representantes do governo talibã para solicitar maior proteção ao corpo diplomático de Beijing e à embaixada do país em Cabul.

Cabul, a capital do Afeganistão, em foto de março de 2020 (Foto: Wikimedia Commons)
Relação China-Taleban

A China não reconhece oficialmente o Taleban como governo efetivo do Afeganistão e tem dito que não pretende ser o primeiro país a tomar tal iniciativa diplomática. Porém, os governos já esboçam relações comerciais, com Beijing avaliando a possibilidade de investir bilhões no setor de mineração afegão.

A estatal chinesa China Metallurgical Group (MCC) firmou em 2007 um contrato para desenvolver o campo da mina de cobre Aynak, na província de Logar, cerca de 32 quilômetros a sudeste de Cabul. O investimento chegaria a US$ 2,8 bilhões e envolveria a construção de uma usina de energia elétrica e estradas de ferro, com cinco mil empregos gerados para cidadãos afegãos sob supervisão de profissionais chineses.

No final do ano passado, Wang Yu disse que a China também vem dando suporte ao Afeganistão no campo diplomático. “Temos falado no cenário internacional pelos países em desenvolvimento, como o Afeganistão e outros países que sofrem tratamento injusto”, disse ele.

Por que isso importa?

Nos últimos meses, o Taleban entrou na mira da ONU (Organização das Nações Unidas) e de entidades humanitárias globais por sua inabilidade de governar o Afeganistão, inclusive no campo da segurança, e pela dura repressão que impõe sobretudo às mulheres e meninas afegãs.

Na abertura da 51ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em setembro, mais de 20 governos e entidades condenaram a repressão de gênero no Afeganistão. As críticas globais foram motivadas sobretudo pela proibição imposta às meninas na educação, com as escolas de ensino médio fechadas e alunas obrigadas a ficar em casa quando deveriam estar estudando.

No final de agosto, Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), também havia condenado a atuação dos radicais como governantes afegãos de fato, pouco depois de eles completarem um ano no poder, no dia 15 daquele mês.

“O Afeganistão pode ter saído das manchetes. No entanto, a situação de seu povo é terrível”, dizia texto, listando ainda abusos cometidos pelos radicais que contrariam a moderação prometida após a tomada de poder. “Todas as meninas, apesar das promessas anteriores, são proibidas de estudar; vastas áreas do país são assoladas pela fome (70% da população); e muitos afegãos vivem com medo ou no exílio”.

Já em setembro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou relatório destacando a ineficiência dos talibãs em sua obrigação de proteger a população local, especialmente algumas minorias xiitas, das ações violentas do EI-K. O documento foca particularmente no caso dos hazaras.

“Desde a tomada do Taleban, combatentes ligados ao Estado Islâmico cometeram vários ataques brutais contra membros da comunidade hazara enquanto iam para a escola, para o trabalho ou para rezar, sem uma resposta séria das autoridades do Taleban”, disse Fereshta Abbasi, pesquisador da ONG para o Afeganistão. “O Taleban tem a obrigação de proteger as comunidades em risco e ajudar as vítimas de ataques e suas famílias”.

O descaso com a minoria xiita contraria uma das muitas promessas feitas pelo Taleban quando chegou ao poder. “Como governo responsável, somos encarregados de proteger todos os cidadãos do Afeganistão, especialmente as minorias religiosas do país”, disse em outubro de 2021 o porta-voz do Ministério do Interior Saeed Khosty.

A promessa não cumprida chegou a ser citada pelo próprio Richard Bennett, que em maio deste ano pediu investigações sobre os ataques às comunidades hazara, xiita e sufi, destacando que eles estão “se tornando cada vez mais sistemáticos por natureza e refletem elementos de uma política organizacional, trazendo assim marcas de crimes contra a humanidade”.

Fonte: A Referência
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