Com 120 anos de existência e reconhecido como Unidade de Interesse de Preservação (UIP) de Curitiba desde 1979, o Palacete dos Leões passa por obras de conservação externa, com previsão de conclusão até o fim deste ano. O casarão histórico compõe o patrimônio sob a responsabilidade do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul e sedia o Espaço Cultural BRDE.
Mesmo durante as obras, o local está aberto ao público com a exposição “Pares”, do artista visual Eduardo Custódio, em cartaz até 18 de novembro, além de visitas guiadas e eventos corporativos. Nesta segunda-feira (31) o espaço recebeu estudantes de arquitetura da FAE, da disciplina de Restauro.
Sob responsabilidade de empresa paranaense especializada na restauração de edifícios históricos, o programa da obra prevê a recuperação dos revestimentos de alvenaria e superfície de elementos decorativos externos. O processo vai eliminar fissuras e desgastes, além de trazer de volta à fachada o azul claro médio nas paredes e o tom “concretina” (similar ao concreto) no cinza da ornamentação.
A pintura sofreu processo de desbotamento com a inevitável exposição constante ao sol desde o fim da última reforma em 2019.
“A escolha da cor é a partir de uma investigação histórica feita pelo arquiteto Jeferson Dantas Navolar em 2015/16. Estamos apenas renovando essa cor identificada como mais próxima da que originalmente foi aplicada ao palacete”, afirmou o membro da Comissão Cultural e gerente administrativo da agência do BRDE no Paraná, Sandro Hauser.
O responsável técnico da empresa que faz a obra, Roberto Martins, contou que a empresa também trabalhou nas intervenções ocorridas entre 2016 e 2019. “A primeira vez foi realmente um trabalho de restauração, e agora é mais de conservação para manter a edificação em bom estado”, disse o arquiteto.
“O projeto de nova pintura do Espaço Cultural BRDE representa a preocupação do banco com a comunidade, em tornar o lugar acessível para o conhecimento, a história da cidade e a interação com as diversas manifestações artísticas”, afirmou o presidente do BRDE, Wilson Bley Lipski.
Desde o processo de tombamento municipal no fim da década de 1970, o Palacete já passou por quatro grandes intervenções de restauro e conservação. A primeira foi em 1986/1987 sob responsabilidade da empresa IBM-Brasil que tinha adquirido a propriedade naquela época.
Depois, em 2000, uma nova intervenção ocorreu quando o edifício era propriedade do Instituto de Seguridade Social do BRDE (ISBRE) e estava em uso pela empresa Inepar. Neste mesmo ano, foi iniciado o processo de tombamento em nível estadual do Palacete do Leões, que só ocorreu em 2003, aprovado por unanimidade pelo Conselho Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (CEPHA), após três anos de processo.
Em 2004, ainda de propriedade do ISBRE, ocorreu reforma a fim de atender a legislação de acessibilidade universal. Nesse mesmo ano, o Palacete passou a integrar o patrimônio do BRDE. E de 2016 a 2019 uma série de intervenções tiveram por objetivo recuperar os aspectos arquitetônicos originais. O pedido de tombamento em nível nacional foi protocolado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em outubro de 2021 e está em tramitação.
Mesmo com a obra em andamento, a programação do Espaço Cultural BRDE será mantida nos próximos meses. Visitas de escolas e grupos são possíveis mediante consulta e agendamento pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (41) 3219-8184. Além da exposição “PARES”, com entrada gratuita, o Espaço Cultural prepara visita guiada e conversa com o artista Eduardo Custódio, na quinta-feira (10) da semana que vem.
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