Por Pedro Fonseca e Flavia Marreiro
(Reuters) – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o mais votado na eleição presidencial deste domingo, mas disputará um tenso segundo turno com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), que superou o estimado pelas principais pesquisas de opinião e ficou a apenas 4,7 pontos de distância do ex-presidente.
Com 98,96% das seções eleitorais apuradas, Lula lidera a votação deste domingo com 48,19% dos votos válidos, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que não é mais matematicamente possível que ele consiga chegar aos 50% necessários para garantir sua eleição na primeira rodada. Bolsonaro tem 43,41% dos votos válidos.
“Eu sempre achei que a gente ia ganhar essas eleições e vamos ganhar. Isso para nós é apenas uma prorrogação”, disse Lula. “Vai ser importante fazer um debate tête-à-tête com o presidente da República”, discursou o petista, que anunciou que falará a apoiadores na av. Paulista ainda neste domingo.
O resultado indica que o trabalho do petista para atrair o voto útil e definir a disputa já neste domingo ficou longe de ser suficiente, enquanto a estratégia do candidato à reeleição de atacar duramente o adversário nos últimos dias conseguiu manter aberta a disputa.
Os números não só de Bolsonaro como de seus apoiados para o Senado mostram uma arrancada final do força política do presidente, aumentando a pressão sobre as principais pesquisas de opinião, que projetavam vantagem de Lula e aliados.
As próximas semanas até o segundo turno em 30 de outubro devem registrar uma disputa bastante acirrada, ainda mais agora quando, definitivamente, todas as atenções estarão centradas em Bolsonaro e Lula.
De cara, o petista deve tentar buscar os votos dos eleitores de candidatos derrotados, uma vez que o adversário no segundo turno é o atual presidente. Os alvos preferenciais devem ser os eleitores de Ciro Gomes (PDT) –que tem nesse momento 3,05% d
os votos válidos– e de Simone Tebet (MDB) –que tem 4,21%.
Apesar das críticas ferrenhas a Lula durante a campanha, Ciro Gomes já se pronunciou e pediu “tempo” para definir seu posicionamento no segundo turno.
Já Bolsonaro ganha combustível para mobilizar ainda mais sua fiel militância. O presidente vinha desacreditando os institutos de pesquisas, dizendo preferir o “datapovo”.