Política Eleições 2022

Lula é alvo sobre corrupção em debate e mulheres vira tema central após ataque de Bolsonaro a jornalista

"Quando homens são tchutchukas com outros homens e vêm pra cima da gente como tigrão, eu fico muito brava".

Por SÃO PAULO (Reuters) - Por Eduardo Simões - (Reportagem adicional de Flávia Marreiro)

29/08/2022 às 01:18:35 - Atualizado há

O primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República foi marcado por acusações mútuas de mentiras entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), com o petista sendo alvo de ataques por corrupção, enquanto a questão das mulheres virou tema central após o presidente atacar uma das entrevistadoras e ter atritos com as duas candidatas femininas, as senadoras Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).


Bolsonaro duelou com Simone Tebet, atacou a jornalista Vera Magalhães e foi criticado por Soraya Thronicke, em um embate com mulheres que pode afetar seus esforços de melhorar seu desempenho junto ao eleitorado feminino, onde patina segundo as pesquisas –segundo o mais recente Datafolha, Bolsonaro tem 29% entre as mulheres, contra 47% de Lula.


No primeiro atrito, Tebet acusou o presidente de não respeitar a democracia, a independência entre os Poderes e a imprensa livre.


O presidente rebateu, afirmando ter indicado um ministério técnico, o que desagradou interesses, segundo ele, de partidos como o MDB.


"Eu abalei a harmonia onde todos eram amiguinhos e davam uma banana para o povo brasileiro", afirmou Bolsonaro.


Em outro momento, Bolsonaro ofendeu a jornalista Vera Magalhães, que fez uma pergunta sobre vacinação a Ciro Gomes (PDT) pedindo comentários do presidente.


"Vera, não podia esperar outra coisa de você. Eu acho que você dorme pensando em mim, você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como este, fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse.


Tebet, então saiu em defesa da jornalista e Bolsonaro atacou também a senadora.


"Não pedi sua opinião. Já está apelando! A senhora é uma vergonha no Senado Federal. E não estou atacando mulheres não. Não vem com essa historinha de atacar mulheres, de se vitimizar."


Em outro momento, Soraya Thronicke manifestou solidariedade a Tebet e a Vera Magalhães e acusou Bolsonaro de mentir.


"Quando homens são tchutchukas com outros homens e vêm pra cima da gente como tigrão, eu fico muito brava", disse a senadora, que assim como Tebet representa o Mato Grosso do Sul. "No meu Estado tem mulher que vira onça, e eu sou uma delas."


A senadora, eleita pelo extinto PSL em 2018 de carona na onda bolsonarista, também disse que começaria a fazer revelações e pediu reforço em sua segurança.


"Eu já estou vacinada contra mentira e não virei jacaré, graças a Deus", disse. "Do jeito que está, eu vou começar a entregar muita coisa aqui. Reforce a minha segurança, delegado."


Em um novo duelo entre Bolsonaro e Tebet, o presidente rejeitou a acusação de ser contra as mulheres e, citando a comemoração do Dia do Voluntariado, lembrou a primeira-dama Michelle Bolsonaro.


"Quero cumprimentar a primeira-dama pelo excelente trabalho. Nunca vi vossa excelência procurá-la para tratar disso", disse Bolsonaro, referindo-se a Tebet. "Chega de vitimismo, somos todos iguais."


MENTIRAS E CORRUPÇÃO

No primeiro bloco do debate –realizado em pool por Band TV, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo–, com a primeira pergunta dos confrontos diretos entre os presidenciáveis, Bolsonaro partiu para cima de Lula indagando-o sobre o escândalo de corrupção na Petrobras e citando números –que o petista chamou de mentirosos– sobre endividamento da empresa.


"Presidente Lula você quer voltar ao poder para fazer a mesma coisa na Petrobras?", perguntou Bolsonaro.


Lula rebateu acusando Bolsonaro de mentir.


"Citar números que são mentirosos também não vale a pena na televisão", disse.


Em sua tréplica, Bolsonaro manteve a ofensiva e disse que o governo Lula foi marcado pela "cleptocracia" e que o petista comandou "o governo mais corrupto da história do Brasil".


O petista, na tréplica, citou uma série de feitos de seu governo, como investimentos na educação e dados sobre inclusão social e emendou: "esse país é o país que o presidente está destruindo".


Em outro momento, foi Bolsonaro que acusou Lula de mentir, afirmando que a mentira estava "no DNA" do ex-presidente.


LULA X CIRO

Outro duelo marcante aconteceu quando Lula foi perguntado sobre sua relação histórica com Ciro e o pedetista foi escalado para comentar. O ex-presidente disse respeitar Ciro, em tom pacifista, e que espera negociar, se eleito, a participação do PDT em um eventual governo seu.


O pedetista, então, chamou Lula de "encantador de serpentes" que apela sempre para o lado emocional e pessoal. Ao afirmar que suas diferenças com o petista não são pessoais, o acusou de ter se corrompido.


"Mesmo assim, Ciro, a gente vai conversar e você ainda vai me pedir desculpas, porque você sabe que está dizendo inverdades sobre mim", disse Lula.


Mantendo o tom elevado, Ciro disse que Lula e o PT ajudaram a gestar Bolsonaro e o petista lembrou que, no segundo turno da eleição de 2018, o pedetista viajou para fora do país, gerando reação de Ciro fora do microfone.


O pedetista já afirmou algumas vezes que, embora tenha se recusado a fazer campanha para Fernando Haddad no segundo turno em 2018, retornou ao Brasil a tempo de votar.


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