Política Emendas do FNDE

Alagoas é o estado com o maior percentual de dinheiro de emendas do FNDE, diz site

Segundo o portal UOL, "orçamento paralelo" já empenhou para aliados de Arthur Lira mais de R$ 100 milhões

Por Roberto Gonçalves

20/04/2022 às 19:47:16 - Atualizado há

Entre os 27 estados da federação, Alagoas lidera no número de empenhos de emendas parlamentares vinculadas ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), entre janeiro de 2021 e este mês de maio de 2022. É o que mostra uma reportagem do portal UOL desta quarta-feira (20).

Segundo a matéria, prefeituras, fundações e empresas de Alagoas superam R$ 100 milhões em empenhos, dos quais já conseguiram receber mais de R$ 40 milhões do FNDE. Tudo teria sido feito com "orçamento paralelo" que seria controlado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) e utilizado pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) para engordar os recursos destinados a aliados no Congresso e para projetos em suas bases eleitorais.

No texto, é dito que quatro prefeituras de Alagoas receberam a maior parte dos recursos e empenhos.

FNDE

Comandado por Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete do ministro da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o FNDE tem um orçamento de R$ 42 bilhões, mas cerca de R$ 1 bilhão é destinado a emendas parlamentares, individuais, coletivas ou do chamado "orçamento paralelo", alvo de suspeitas de corrupção do governo Bolsonaro.

O fundo de educação está no centro das suspeitas de corrupção do MEC (Ministério da Educação) e que levaram à exoneração de Milton Ribeiro do comando da pasta no final de março — após denúncias de privilegiar pastores em um esquema informal de obtenção de verbas na Educação a pedido do presidente.

No orçamento paralelo, o nome do parlamentar que é o verdadeiro padrinho das emendas, chamado "de relator" ou "RP9", é omitido com frequência. Mesmo após decisão do Supremo Tribunal Federal, a identificação dos parlamentares que bancam as indicações não aparece, mas só consta a de quem fez o pedido de verba para os congressistas, como prefeituras e fundações.

A oposição critica o mecanismo. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu ao STF nova suspensão do pagamento das emendas de relator. Além disso, há um pedido de investigação do orçamento secreto no TCU (Tribunal de Contas da União).

No FNDE, 84% dos empenhos e 87% dos pagamentos feitos do ano passado para cá foram feitos com as emendas "de relator".

Em Alagoas, o índice é ainda maior. O orçamento paralelo responde por 98% dos empenhos e 100% dos pagamentos.

Defensor das emendas de relator, Arthur Lira já afirmou que esse orçamento é importante para o crescimento de municípios pequenos e que "muda a vida das pessoas". Lira foi procurado pelo UOL por meio de sua assessoria de imprensa, mas não se manifestou até a publicação deste texto. Recentemente, Bolsonaro também saiu em defesa do instrumento e afirmou que elas "acalmam os parlamentares".

Durante seis dias, o UOL procurou Lira, o FNDE, o MEC e quatro prefeituras que mais receberam recursos e empenhos. Os esclarecimentos serão publicados se forem recebidos.

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