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Beleza

Por Da Redação

11/04/2022 às 23:22:23 - Atualizado há

Uma pergunta que sempre faço a mim mesmo e aos outros é por que gostamos do que gostamos e não gostamos do que não gostamos. Sabemos que algumas coisas nos agradam e outras, nem tanto. Ainda, existem pessoas, coisas e situações que nos desagradam profundamente. O problema é que na maioria das vezes não entendemos realmente o motivo que está por trás dos nossos gostos e desgostos, apenas gostamos ou desgostamos.

            O paradoxo já está na nossa constituição básica, somos animais e contamos, portanto, com programações biológicas. Nesse sentido, somos herdeiros de vidas incontáveis que vieram antes de nós e que foram se reproduzindo e perpetuando parte de si em cada um de nós. Por outro lado, somos racionais/emocionais, podendo assim lutar contra tendências, decidir alguns caminhos e dar valor às coisas. Nesse ponto, somos crianças tentando superar traumas primários e aplicando uma lógica no mundo. Nos ensinaram uma tabuada da vida, e a gente segue repetindo as contas e os resultados.

            Acho que na dualidade entre sermos seres “programados e livres”, atrofiamos uma de nossas mais fortes potencialidades, o âmbito estético. O ocidente se desenvolveu com a identificação platônica de bondade e beleza, mas tem bastante dificuldade de entender que o absolutamente Bom e Belo que Platão propôs simplesmente não existe em lugar nenhum. Assim, consideramos que as coisas boas são belas, sem parâmetros de bondade e beleza. Recorremos aos mitos, mas nem todo mundo percebe que o mito está lá e nós aqui, bem longe um do outro, um no mundo das palavras, outro no mundo da história recheado de palavras, cores, sons, cheiros, sensações.

            Me parece que a beleza, bem como a bondade, caiu no reino das lutas de poder. Quem sabe usar a beleza, tem mais poder. Veja o exemplo das indústrias que vendem tudo o que está dentro de um padrão de beleza que elas mesmas estabelecem. Uma calça jeans bem apertada, um sertanejo universitário bem sofrido. Quem gostaria dessas coisas se não fossem educados dentro de pequenos e quadrados padrões? No estado de natureza, ninguém anda de salto alto, simplesmente porque a beleza está natureza e não nos efeitos artificiais.

            Mas nós já estamos tão acostumados com os efeitos artificiais que às vezes nem lembramos das belezas maiores. Por isso que quem aplaude o pôr-do-sol é considerado bicho-grilo. Não que não seja, né!? Mas, mesmo assim.

            O que estou querendo dizer é que temos basicamente opções, jogar um jogo sem regras muito bem definidas onde ser bom e bonito é uma construção artificial que nem sempre se acessa, ou absolutamente não aceitar esse jogo e não acessar nada nem ninguém. Cada um faz o que dá, como pode, e o mundo segue girando. Daí que sobre tudo aquilo que não se entende, se fala. No fim, viver é um discurso.      

Fonte: GMC Online
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Jornalista Luciana Pombo

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