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EXCLUSIVO | Opera critica limitações da Apple e não pretende implantar FLoC

Por Luciana Pombo

04/07/2021 às 09:18:18 - Atualizado há

Há uma brincadeira comum no meio da tecnologia de que a Opera lança navegadores até para calculadora. Embora possa parecer pejorativo para alguns, a verdade é que se trata de uma baita qualidade, se observado sob a óptica do usuário. Mostra que a empresa é comprometida em oferecer experiências diferenciadas para cada tipo de pessoa, levando em conta suas peculiaridades.

Após migrar o Opera GX, voltado para o público gamer nos computadores, para smartphones e lançar o Opera R5, atualização focada em otimizar experiências com videoconferências, a empresa se mostra disposta a apostar nos usuários dos Chromebooks.

O Opera é um navegador presente nas principais plataformas existentes (Imagem: Divulgação/Opera)

Cada versão tem características distintas e recursos singulares, direcionados para determinada atividade. Isso impacta não só no visual, mas também na experiência do usuário, no uso de funcionalidades do sistema operacional e no aproveitamento do hardware do dispositivo.

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Lidar com tantas plataformas diferentes pode ser um desafio, principalmente em uma web reconhecidamente monopolizada no segmento de navegadores. Tomando por base os recentes lançamentos da companhia, o Canaltech conversou com o diretor de produto do Opera para Android, Stefan Stjernelund.

Streaming de jogos, limitações da Apple e FLoC

Na entrevista, Stjernelund falou sobre a experiência de criar um navegador específico para jogadores e de adaptá-lo ao Android, além de criticar a Apple pelas restrições impostas ao trabalho de desenvolvimento de software.

O diretor também comentou sobre a adoção maciça do Chromium como base para construção de navegadores, com destaque para a possível desvantagem dessa prática. Ele evitou entrar em polêmicas ao falar sobre os desafios do mercado brasileiro, mas reforçou que o público daqui adora funcionalidades específicas do Opera, como o bloqueador de anúncios.

Stjernelund não quis antecipar as novidades envolvendo projetos para otimizar o Opera GX para plataformas como o GeForce Now e o xCloud, sistemas de streaming de jogos em ascensão no mundo, mas, pelo que deu a entender, existe algo em desenvolvimento.

Stefan Stjernelund, diretor de produto do Opera para Android (Imagem: Reprodução/Aplicantes)

E, como não poderia deixar passar, também falou sobre o bloqueio ao FLoC. O Opera foi um dos primeiros navegadores a se posicionar contra os chamados “novos cookies do Google” por acreditar que há alternativas melhores para “preservação de privacidade em anúncios”. A empresa deve manter a postura cautelosa, pelo menos por enquanto.

Confira a íntegra da entrevista:

Primeiramente, de onde surgiu a ideia de criar um navegador voltado para gamers?

Somos uma empresa de navegador e nós mesmos gostamos de jogar, então era meio inevitável explorar a ideia de um navegador para jogadores em algum momento. Antes de pular para a implementação, porém, dedicamos muito tempo e esforço conversando com os jogadores, apresentando-lhes esboços iniciais e alguns conceitos básicos. O feedback foi encorajador e decidimos construir o Opera GX. Sabíamos que era um bom produto, mas ficamos absolutamente maravilhados com todo o feedback positivo que recebemos, orgulhosos de ver que já temos mais de 9 milhões de jogadores usando o produto todos os meses.

Quais os desafios, entre termos de estrutura e de recursos, de construir um navegador pensado para desktops e levá-lo para o Android?

Felizmente, temos criado navegadores populares para telefones celulares há quase 20 anos. Isso significa que já tínhamos a base e o know-how, então fomos capazes de realmente nos concentrar nos novos recursos específicos da GX.

Em termos de otimização para navegação web, existe diferença entre trabalhar com um sistema Android e com o iOS?

Para um desenvolvedor de navegador como o Opera, a maior diferença é que o sistema iOS não nos permite usar nosso próprio mecanismo e temos que contar com o que é fornecido pela Apple. Embora ainda possamos criar recursos novos e exclusivos, não encontrados no navegador padrão do sistema, isso nos limita a implementação de certos tipos de recursos e é um inconveniente que esperamos que a Apple remova no futuro.

Em quais sentidos o Opera ainda pode evoluir para levar uma experiência única para jogadores?

Como os jogos estão em constante e rápida evolução, há inúmeras coisas que podemos fazer para melhorar a experiência dos jogadores em diferentes níveis. Pode ser a área de entrega e descoberta de conteúdo, novas formas de jogabilidade, como streaming de jogos, integração de serviços ou apenas uma melhor experiência de navegação. Seja qual for o caminho tomado, é importante observar que nossos valores essenciais e base sólida são centrais para nossos produtos.

Como a empresa enxerga o Brasil nesse cenário de expansão? Há planos para algum produto específico para os brasileiros?

O que vemos é que há um interesse muito forte nos navegadores Opera no Brasil no momento. A combinação de recursos exclusivos do Opera, como VPN grátis, bloqueador de anúncios e mensageiros integrados, são particularmente populares por aí. Atualmente, estamos ouvindo o feedback de nossos usuários e fãs no Brasil e procuraremos aprimorar ainda mais nossas vantagens competitivas no país.

O Opera Touch foi produzido para facilitar o uso em dispositivos de toque na tela (Imagem: Divulgação/Opera)

O Brasil sempre é apontado como um promissor mercado de games, mas temos alguns fatores que costumam atrapalhar, como o idioma, a moeda desvalorizada (o que reduz o nosso poder de compra e o lucro das empresas), a elevada carga tributária e o excesso de burocracia. Como o Opera planeja lidar com esses empecilhos para ter sucesso por aqui?

Está no DNA do Opera construir produtos que usem o hardware e a rede de forma mais eficiente. Nossa história inclui economia de dados e de bateria, controladores de hardware em GX e, em geral, o uso de recursos mais eficientes. Na verdade, somos a única empresa que fabrica navegadores para qualquer dispositivo, desde computadores com recursos modestos até smartphones de última geração. Hoje nossa oferta está mais uma vez completa com o lançamento de uma opção de navegador para usuários do Chromebook.

Serviços de streaming de jogos, como Geforce Now e xCloud, estão cada vez mais populares. O Opera pensa em otimizar seu navegador para alcançar esse público?

Definitivamente, prestamos atenção ao streaming de jogos, sua evolução e adoção. A escolha do navegador é mais importante do que nunca, e há muitas maneiras de melhorar a experiência de jogo, nomeadamente conectada ao recurso e ao manuseio de entrada. Mas não queremos revelar nenhum plano nesta fase.

O Opera foi uma das empresas que se posicionou contra o uso dos FLoC para monitoramento dos usuários. Algo mudou de lá para cá? Qual o posicionamento da companhia no que diz respeito ao rastreamento de usuários?

O Opera respeita muito a privacidade dos usuários. Fomos o primeiro grande navegador a integrar a proteção de privacidade adequada com um bloqueador de anúncios e de rastreadores, e nossa dedicação é sempre para o usuário. Quanto ao FloC, não oferecemos suporte à versão atual da proposta devido às suas limitações. E isso só mostra que o navegador continuará a aumentar em importância como a ferramenta que as pessoas usam para controlar sua privacidade online.

Como o Opera vê essa proliferação de navegadores baseados no Chromium? Essa adoção massiva poderia ser benéfica ou prejudicial para uma web mais aberta e descentralizada?

O Opera foi o primeiro dos principais navegadores a mudar para o mecanismo Blink, que faz parte do projeto de código aberto Chromium. Hoje, não há dúvidas de que este é o melhor método para fornecer a mais alta qualidade de segurança, desempenho e conformidade com os padrões. Com mais navegadores na mesma plataforma e um conjunto diversificado de colaboradores, até agora a única desvantagem que vemos é que os desenvolvedores param de testar sites com outros motores, como o do Firefox, e esses sites oferecem menos suporte para eles. Isso é lamentável, mas está fora de nosso controle.

Leia a matéria no Canaltech.

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