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Álbum "perdido" dos Tincoãs será lançado neste ano

Por Correio 24 Horas

02/02/2022 às 06:18:39 - Atualizado há

Nos anos 1970, o grupo Os Tincoãs, natural de Cachoeira, impressionava por sua originalidade, misturando samba-de-roda a cantos afro-brasileiros. Embora nunca tenha sido popular, chegou a emplacar uma música no rádio, Deixa a Gira Girá, e até teve uma canção incluída numa coletânea do Globo de Ouro, programa da Rede Globo que revelava a parada de sucessos.

Mas, embora Os Tincoãs fossem admirados dentro de um nicho, nunca chegaram a emplacar uma carreira comercial e até andaram esquecidos por um tempo. No início da década passada, uma nova geração de músicos e DJs finalmente redescobriu os Tincoãs e trouxe de volta o interesse no trio que, em seu momento mais marcante, era formado por Dadinho, Mateus Aleluia e Badu.

Mateus Aleluia, atualmente (foto: Vinicius Xavier/divulgação)

Agora, seus admiradores podem se preparar para conhecer um material inédito, que permanecia desconhecido e neste ano chegará às plataformas de música: o álbum Os Tincoãs - Canto Coral Afrobrasileiro, gravado em 1982, num estúdio do Rio de Janeiro. No ano que vem, os fetichistas por LPs serão presenteados com o lançamento em vinil.

"O trabalho com Seu Mateus, o seguir junto com ele, é uma amálgama entre vida, trabalho, amor e arte: uma missão", diz Tenille Bezerra, produtora executiva do projeto de lançamento do álbum

Tenille também dirigiu o documentário Aleluia, o Canto Infinito do Tincoã, sobre o trabalho de Mateus e a vida dele entre Brasil e Angola. A partir do filme, Tenille e Mateus se aproximaram e ela dedicou-se ainda mais à obra dele. É ela também a responsável pela pesquisa que resultou no projeto pelo edital Natura Musical, que viabilizou o lançamento.

Mateus diz que a ideia inicial de Canto Coral Afrobrasileiro foi do radialista Adelzon Alves, que produziu três discos dos Tincoãs: "Ele dizia que o canto dos Tincoãs junto com um coral produziria o verdadeiro canto afro sinfônico brasileiro", lembra-se o músico.

A gravação aconteceu, mas o trio foi para Angola, a ideia do álbum arrefeceu e ele nunca foi lançado. Quase vinte anos depois, Mateus reencontrou Adelzon num programa de rádio. "Foi aí que Adelzon me deu uma cópia da Master. Foi a primeira vez que ouvi o resultado do trabalho. Ao longo de todos esses anos, Adelzon foi o guardião desse trabalho. Se não fosse ele, esse disco não existiria", garante Mateus. Ele mesmo fará a supervisão artística do trabalho e a remasterização é de Tadeu Mascarenhas.

A Bahia no Natura Musical

Além da remasterização do álbum dos Tincoãs, outros quatro projetos baianos foram contemplados pelo Natura Musical neste ano: o espaço Cultural Casa do Hip-Hop Bahia; a cantora e compositora Cronista do Morro; o Festival Pagode por Elas; o grupo Marujos Pataxó e a multi-artista Ventura Profana.

O programa disponibilizou nesta edição um total de R$ 5,5 milhões para o fomento a artistas e coletivos, sendo R$ 1 milhão exclusivamente para a Bahia. Minas Gerais, Pará e Rio Grande do Sul também dispuseram do mesmo valor. A região Amazônica e as demais área do Brasil obtiveram R$ 1,5 milhão.

Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding da Natura & Co. diz que há pouco mais de dez anos a empresa começou a mapear as áreas onde a Natura poderia obter incentivo fiscal e passou a incluir a Bahia, já que há aqui um centro de distribuição da empresa.

A travesti Ventura Profana é uma das baianas premiadas (foto:Jeff Caodenado)

"Já faz dez anos este trabalho com a Bahia, que, historicamente, tem nos presenteado com grande representação musical, com Margareth Menezes, Lazzo, Mateus Aleluia, Russo Passapusso...", observa a executiva.

A curadoria nacional é composta por 21 ligadas à economia criativa. Da Bahia, participam Joilson Santos, cofundador e coordenadora da Feira Noise Festival, e Josyara, cantora e compositora que já foi premiada pelo Natura Musical para o lançamento de seu segundo álbum, Mansa Fúria, de 2018.

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