Crimes de descaminho e contrabando ocorrem enquanto a Ponte Tancredo Neves está fechada, entre Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Porto Iguaçu, na Argentina. Reportagem exclusiva do Meio-Dia Paraná mostra contrabandistas agindo pelo Rio Iguaçu
Enquanto a Ponte Tancredo Neves, entre Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, e Porto Iguaçu, na Argentina, está fechada há mais de um ano por causa da pandemia, pessoas atravessam o Rio Iguaçu com barcos cheios de mercadorias importadas.
Imagens exclusivas da RPC mostram a movimentação intensa das embarcações para a prática ilegal. Veja no vídeo acima.
Governo argentino anuncia possível reabertura das fronteiras com Brasil a partir de outubro
Cerca de 20% dos estabelecimentos comerciais de Porto Iguaçu foram fechados na pandemia
Drones da Receita Federal flagraram um mesmo barco fazendo várias viagens em apenas um dia.
Conforme o auditor da Receita Federal, quando os vinhos argentinos são transportados sem o devido pagamento de tributos, os envolvidos cometem o crime de descaminho.
"Nós não podemos afirmar com certeza se é um grupo específico somente ou se são vários grupos operando no mesmo local. Na verdade, eles acabam operando da mesma forma. Eles utilizam olheiros na região, os barqueiros, as pessoas na região para carregar e descarregar nos barcos e carregar nos veículos."
Barcos saem cheios de mercadoria da Argentina, pelo Rio Iguaçu
Zito Terres/RPC
Depois de chegar ao Brasil, as mercadorias originais contrabandeadas são repassadas para comerciantes de Foz do Iguaçu.
Com uma câmera escondida, a equipe de reportagem entrou em uma loja que vende produtos argentinos.
Sem saber que estava sendo gravado, o vendedor revelou que sabe como os produtos chegaram até ele: "Estão passando [a mercadoria], por água. Tudo de barco."
Parte dos vinhos contrabandeados é levado para ainda mais longe.
"Os produtos vão para os mais diversos lugares. Muita coisa fica em Foz do Iguaçu e na região da fronteira, e muita coisa vai pra São Paulo, vai pra outros estados e outras cidades", contou o auditor.
Movimentação de embarcações é intensa no Rio Iguaçu
Zito Terres/RPC
Fiscalização
Segundo a Receita Federal, além dos grandes centros, os produtos contrabandeados da Argentina também são vendidos em feirinhas, como a que existe em Foz do Iguaçu com centenas de bancas.
Nesta sexta-feira (24), este tipo de comércio ilegal foi alvo de uma operação da Receita Federal.
Além dos vinhos, os agentes encontraram azeite, cerveja e azeitonas. Cigarros contrabandeados dos Paraguai, que tem a venda proibida no Brasil, também foram aprendidos.
Antes dessa fiscalização, a Receita Federal de Foz do Iguaçu tinha apreendido, pelo crime de descaminho, quase 26 mil garrafas de vinhos.
Esse quantitativo é quase três vezes maior do que o das apreensões realizadas em 2019, quando as fronteiras da Argentina com o Brasil ainda estavam abertas.
Lojas vendem vinhos importados de forma ilegal, em Foz do Iguaçu
Zito Terres/RPC
A partir do dia 1º de outubro, o trânsito deve voltar a ser liberado na Ponte Tancredo Neves, com a flexibilização das medidas sanitárias argentinas.
Entretanto, a Receita Federal informou que a fiscalização continuará, seja qual for a forma de transporte dos contrabandistas.
"A gente vai continuar de olho, monitorando, com equipes em terra, com muito uso do drone, principal ferramenta para verificar o que vai acontecer", explicou o auditor.
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