A voz grave, os gestos largos, os gracejos e as broncas que distribui entre colegas e depoentes fizeram do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), uma das figuras polÃticas de maior evidência no Congresso na atualidade. Enérgico, Aziz não economiza palavras para rebater senadores e convidados que, na avaliação dele, mentem. Mas é quando fala do presidente Jair Bolsonaro que esse paulista de 63 anos, radicado no Amazonas, filho de um palestino e de uma brasileira de origem italiana, mais se exalta.
Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, o senador diz que Bolsonaro deu vida à CPI e que os erros do presidente, como declarações, omissões, demora para comprar vacinas e deboche com as vÃtimas, mataram muitas pessoas. Uma sucessão de erros que começaram, segundo ele, ainda na gestão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e se agravaram com o "gabinete paralelo de pitaqueiros" que aconselhavam o presidente. "Isso levou à morte de muita gente."
Veja a entrevista em vÃdeo:
*Produção audiovisual Tiago Rodrigues
Para Omar Aziz, a CPI já tem indÃcios de que Bolsonaro cometeu crimes de prevaricação e contra a saúde pública. Embora evite comentar se o nome do presidente constará da relação de pedidos de indiciamento da comissão, o senador adianta que o colegiado pode entrar com notÃcia-crime contra Bolsonaro e outros investigados no Supremo Tribunal Federal (STF).
Diversos senadores têm receio de que as investigações contra o presidente fiquem na gaveta do procurador-geral da República, a exemplo do que ocorreu com outras denúncias. Mas Aziz diz que a pressão será grande: "É impossÃvel engavetar um negócio desse, que o Brasil todo está atrás".
"Quem fez a CPI crescer foi Bolsonaro, com a postura dele, as falas mais marcantes apresentadas na CPI são do presidente da República. Ele deu vida, deu encorpada na CPI, com negacionismo, propagação de medicação e depois tentou cancelar a CPI. Houve embate e a CPI cresceu nesse embate."