Política Legislativo

Ao vivo: CPI ouve ex-diretor da Anvisa suspeito de facilitar contratos da Precisa

Por Congresso em Foco

26/08/2021 às 12:53:45 - Atualizado há

O ex-funcionário da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) José Ricardo Santana é o depoente desta quinta-feira (26) na CPI da Covid. Santana participou do jantar, no dia 25 de fevereiro, no qual o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias teria pedido propina em negociação para a compra de vacinas.

Acompanhe ao vivo:

O depoente desta quinta-feira não firmou o compromisso de dizer a verdade na Comissão, ele usufrui de um Habeas Corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e pode não responder as perguntas que o incriminem. Porém, no início da reunião, a defesa do José Ricardo informou que ele iria responder as questões. Ele presta depoimento na condição de testemunha.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) começou as indagações ao depoente apresentando materiais para confrontar José Ricardo. Em um dos áudios, José Ricardo relata ao lobista Marconny Albernaz de Faria, que é citado em suspeitas de irregularidades na negociação de vacinas, ter passado uma noite em claro com a médica Nise Yamaguchi, integrante do gabinete paralelo – grupo de aconselhamento paralelo as diretrizes do Ministério da Saúde na gestão da pandemia de covid-19 ao presidente Jair Bolsonaro, elaborando uma proposta de "agenda positiva" para o Planalto, que incluía o aumento da testagem da população.

Para Renan, a intenção era lucrar com a venda de testes para a covid. José Ricardo disse que a relação com a médica Nise é "superficial", e que foi procurado por ela para "aconselhamentos na área da saúde". O ex-diretor da Anvisa disse que não entregou o estudo elaborado junto com a médica Nise Yamaguchi para o presidente Jair Bolsonaro

O relator da Comissão, também acusou o depoente de ter tentando fraudar licitações de compra de testes rápidos para covid-19 pelo Ministério da Saúde. De acordo com Renan Calheiros, José Ricardo apresentou um roteiro com procedimentos para desqualificar os primeiros colocados. O objetivo era favorecer a Precisa Medicamentos em contrato de mais de R$ 1 bilhão. Porém, o depoente informou que não conhece o dono da empresa, Francisco Maximiano.

Entenda o caso:

De acordo com o cabo da PM Luís Paulo Dominguetti, que atuava como representante da empresa americana Davati Medical Supply, neste jantar Ferreira Dias teria pedido US$ 1 de propina por cada dose que fosse adquirida da vacina AstraZeneca em uma negociação em que a Davati seria a intermediária. A empresa prometia fornecer 400 milhões de doses.

No seu depoimento à CPI, Roberto Ferreira Dias, que chegou a ser preso por mentir à comissão, afirmou que fora ao restaurante Vasto, em um shopping de Brasília, se encontrar com José Ricardo Santana. Segundo Dias, Dominguetti teria chegado de surpresa no restaurante, acompanhado de outro ex-funcionário do Ministério da Saúde, o coronel Marcelo Blanco. Dias nega ter pedido propina. Afirma somente que pediu a Dominguetti que formalizasse uma reunião no ministério, o que ele já conseguiu fazer em poucos dias, com impressionante rapidez.

A essa altura, a CPI já sabe, até pelas informações dadas em uma entrevista pelo dono da Davati, Herman Cárdenas, que a empresa não tinha uma dose sequer de vacina. Não tinha nem aval da AstraZeneca para negociar o imunizante. Cárdenas afirma ter sido enganado pelos seus representantes no Brasil.

Santana, o depoente de hoje na CPI, tem ligações também com o dono da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano. A Precisa é atravessadora em outra negociação, a da vacina indiana Covaxin.

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Jornalista Luciana Pombo

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