PolĂ­tica ViolĂȘncia policial

Relatório da Anistia Internacional mostra violência policial no mundo

Por Agência Brasil

24/04/2024 às 09:51:00 - Atualizado hĂĄ
Foto: Agência Brasil - EBC

ViolĂȘncia policial, dificuldade da população em acessar direitos bĂĄsicos, demora na demarcação de terras indĂ­genas e na titulação de territórios quilombolas são alguns dos aspectos que a organização não governamental (ONG) Anistia Internacional resgatou para descrever o Brasil no relatório O Estado Dos Direitos Humanos no Mundo, divulgado nesta quarta-feira (24).

O documento contém anĂĄlises de 156 paĂ­ses e dedica cerca de cinco pĂĄginas ao Brasil. No inĂ­cio do capĂ­tulo sobre o paĂ­s, destaca-se que o presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva assumiu seu terceiro mandato com uma tentativa de golpe de Estado, que culminou na condenação de 30 pessoas até dezembro de 2023. Até março deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou 130 pessoas por envolvimento com os atos, responsabilizadas por crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito e deterioração de patrimônio tombado.

A organização lembra ainda que o principal oponente de Lula, o ex-presidente Jair Bolsonaro, tornou-se inelegĂ­vel por oito anos, até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A corte chegou a negar recurso ao qual Bolsonaro tinha direito, mantendo seu entendimento quanto à questão.

A seção que trata do Brasil foi subdividida em direitos econômicos, sociais e culturais; uso excessivo da força; impunidade; pessoas defensoras dos direitos humanos; direito a um meio ambiente saudĂĄvel; direito dos povos indĂ­genas; violĂȘncia sexual e de gĂȘnero; e direitos sexuais e reprodutivos. A Anistia recordou eventos climĂĄticos recentes que afetaram a população de diversos estados, como São Paulo, Acre, Maranhão e ParĂĄ, além de Manaus, com dezenas de milhares de pessoas atingidas. No caso do Acre, o contingente chegou a 32 mil pessoas, de acordo com o relatório.

TruculĂȘncia policial

Outro problema ainda em aberto, ressalta a organização, é o total de 394 pessoas mortas durante ações policiais na Bahia, no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde foram realizadas as operações Escudo e Verão, uma seguida da outra, para apurar denĂșncias de violações de direitos humanos. Foram mencionadas, no documento, apenas as mortes do perĂ­odo de julho a setembro de 2023, o que pressupõe que o nĂșmero é ainda maior e a situação mais grave.

A conduta dos policiais que atuaram nas operações Escudo e Verão, que abrangeram a Baixada Santista foi questionada inĂșmeras vezes. Uma das organizações que cobraram explicações das autoridades, anteriormente, foi a Human Rights Watch. O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) também alertou para os abusos, salientando, após enviar uma comitiva que coletou depoimentos de pessoas ligadas às vĂ­timas, que os agentes de segurança cometeram, inclusive, torturas.

"Intervenções policiais continuaram a causar a morte de crianças e adolescentes. Em 7 de agosto, Thiago Menezes, de 13 anos, foi morto ilegalmente pela polĂ­cia quando passeava em uma motocicleta. Em 4 de setembro, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro decretou a prisão preventiva de quatro policiais envolvidos no homicĂ­dio. Em 12 de agosto, Eloah Passos, de 5 anos de idade, foi atingida por uma bala perdida enquanto brincava dentro de casa. Em 16 de agosto, HeloĂ­sa Santos, de trĂȘs anos, morreu após ser baleada por um policial quando estava dentro de um carro com sua famĂ­lia", lembra a ONG em outro trecho do relatório.

O conjunto de fatos que a organização registra sobre os casos de impunidade de policiais também preocupa. "O uso ilegal da força pela polĂ­cia continuou sem ser investigado de forma rĂĄpida ou eficaz. O desaparecimento forçado de Davi Fiuza, de 16 anos, durante batida policial em Salvador, na Bahia, em 2014, permaneceu sem solução. TrĂȘs policiais indiciados pelo assassinato do ativista Pedro Henrique Cruz em 2018 em Tucano, também na Bahia, ainda não haviam sido levados a julgamento, e sua mãe, Ana Maria, continuava a sofrer ameaças e intimidações", diz a Anistia, que enviou representantes a uma reunião com o procurador-geral de Justiça do Ministério PĂșblico da Bahia, Pedro Maia, no Ășltimo dia 16, para tratar da execução do ativista Pedro Henrique Santos Cruz, que militava contra a violĂȘncia policial no estado.

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Jornalista Luciana Pombo

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