Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

Cassação

Cassação de Claudio Castro por caso dos cargos secretos deve ser julgada em maio


Nos bastidores do Judiciário do Rio de Janeiro, avalia-se que o mês de maio selará o destino do governador Cláudio Castro (PL-RJ). Segundo fontes que acompanham o cotidiano do TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral), é provável que as duas ações movidas contra o chefe do Palácio Guanabara por conta do escândalo dos cargos secretos na Fundação Ceperj e na Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) sejam pautadas no mês que vem.

Na semana passada, Castro e seus aliados sofreram duas derrotas. Na última quarta (10), o desembargador Peterson Barroso Simão, relator dos casos, determinou que os dois processos sejam apensados e julgados em conjunto. O motivo principal é evitar que haja decisões divergentes sobre os mesmos fatos — no caso, os esquemas de corrupção no governo do estado às vésperas da reeleição do governador.

A reunião dos processos, de quebra, representa um baque para o grupo político de Castro. A ação movida pela PRE (Procuradoria Regional Eleitoral) é bem mais ampla e avançou mais nas investigações do esquema, segundo fontes com acesso ao caso contaram para a coluna. Além disso, não mira apenas em Castro e no seu vice, Thiago Pampolha (MDB-RJ), mas todo o núcleo próximo do governador.

Também é réu na ação o presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Rodrigo Bacellar (PL-RJ), que assumiria o governo caso Castro e Pampolha sejam cassados. Os deputados estaduais Léo Vieira (PL-RJ) e Bernardo Rossi (Solidariedade-RJ), hoje secretário de Ambiente de Castro, também podem perder os mandatos, assim como os deputados federais Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e Max Lemos (PDT-RJ) –ambos responsáveis pela indicação de secretários na atual gestão.

A segunda derrota veio dois dias depois, na sexta (12), quando a Justiça Eleitoral rejeitou um agravo regimental feito por Gabriel Rodrigues Lopes, ex-presidente da Fundação Ceperj responsável por tirar do papel o esquema dos cargos secretos. Ele queria que o compartilhamento de provas testemunhais fosse negado pelo TRE-RJ –o que atrasaria o desfecho do processo, já que todos os depoimentos teriam que ser colhidos novamente.

Agora, o relator do caso abriu prazo para que os envolvidos e a PRE apresentem suas alegações finais. Logo depois, os processos estarão liberados para julgamento.

O escândalo dos cargos secretos

As duas ações foram impetradas depois que os repórteres Igor Mello e Ruben Berta revelarem no portal Uol que a Fundação Ceperj — espécie de IBGE do governo fluminense — foi usada pelo governo para criar dezenas de milhares de cargos secretos em programas sociais. Houve desvios generalizados, como a contratação de funcionários fantasmas e de cabos eleitorais de candidatos aliados do governador do Rio. Os pagamentos eram feitos em dinheiro vivo na boca do caixa de agências bancárias. Uma investigação do MP-RJ constatou que mais de R$ 250 milhões foram sacados em espécie por contratados na Fundação Ceperj apenas nos meses que antecederam a eleição.

A Uerj também foi utilizada com fim semelhante quando houve um aumento no número de servidores: dezenas de milhares de pessoas foram contratadas como bolsistas em programas de extensão criados às vésperas das eleições, sem transparência ou objetivo claro. Fantasmas, parentes de políticos e cabos eleitorais receberam quantias milionárias sem trabalhar, com pagamentos mensais que por vezes superavam R$ 30 mil. Até mesmo o tesoureiro da campanha do governador, o advogado Aislan de Souza Coelho, foi contratado em um dos projetos, tendo recebido R$ 70 mil em poucos meses sem indicação de que tenha desempenhado de fato algum serviço.

Tudo isso levou ao "evidente desequilíbrio do pleito", segundo a PRE em suas alegações finais, já que "nenhum outro candidato tinha condições de se valer de nada minimamente parecido para fazer frente à investida ilícita".

Na ação, a PRE sustenta que o esquema configurou uma "farra eleitoral" em que houve "ampla promoção pessoal" do governador e de seu vice. As verbas movimentadas nos programas com irregularidades na Fundação Ceperj e na Uerj superaram R$ 1 bilhão em 2022, ano em que Castro foi reeleito em primeiro turno com 58% dos votos.

ICL Notícias

Colunistas ICL Política

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!