Risorama vira debate sobre os limites do humor

A quinta noite do Risorama, conduzida por Nany People, começou com uma nota de sinceridade, já que a comediante admitiu estar nervosa, mas rapidamente transformou isso em uma piada, entrando novamente no palco para garantir uma entrada digna dos 20 anos do festival. Ela destacou a relação com Curitiba, falando das amizades que construiu aqui e de como o evento mudou a sua carreira. Religiosa convicta, Nany ainda interagiu com o padre Reginaldo Manzotti, que estava na plateia.

Diogo Portugal foi o segundo a subir ao palco. Ele iniciou as piadas abordando o aniversário de 331 anos de Curitiba e o título da cidade como "a mais inteligente do mundo", ironizando de forma leve ao afirmar: "o clima é inteligente, ele que nos surpreende". Comentou que adora se apresentar em sua cidade natal, pois pode fazer piada com as questões locais, como imitar o prefeito Rafael Greca.

O comediante também não deixou de lado as pautas políticas, comentando situações envolvendo o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o antecessor, Jair Bolsonaro. Além disso, Diogo Portugal fez questão de ressaltar o cuidado ao fazer piadas envolvendo o Supremo Tribunal Federal (STF), deixando claro o perigo de se aventurar nesse território delicado do humor político brasileiro.

Com uma pegada mais leve, a terceira a se apresentar no stand-up foi a Dra. Rosângela, personagem interpretada pelo humorista Índio Behn. Pelo segundo ano consecutivo participando do festival, ela foi recebida com muito entusiasmo pelo público. "Esse ano tem todo um peso, são 20 anos de Risorama, mas estou mais tranquila. Ano passado estava mais nervosa", contou, em entrevista. Ao fugir das típicas piadas "besteirol" e do desconforto muitas vezes gerado por elas, a terapeuta arrancou muitas risadas ao compartilhar casos de sua experiência como terapeuta infantil.

Os comediantes Rogério Morgado e Victor Sarro abordaram reflexões sobre os limites do humor. Morgado, ao iniciar a apresentação, contou sobre o processo judicial que enfrenta por causa de um comentário nas redes sociais. Expressou ao público o seu descontentamento ao ouvir de um advogado que "piada tem que ter limite". Ele também fez falas maliciosas e ironiza pessoas gordas, que acabaram não tirando muitas risadas da plateia.

Enquanto isso, Sarro demonstrou apreço pelo público curitibano, citando-os como os menos "lacradores", em comparação com outras regiões do Brasil. Além disso, ele abordou a questão dos limites do humor, destacando que isso depende do contexto em que está. "Se você pagou para ouvir piadas, é até aí que vai o limite", opinou Victor. O comediante também enfatizou sua visão sobre processar um humorista, alegando ser "a coisa mais canalha que existe."

Outro que usou essa linha foi Maurício Meireles, conhecido pelo humor pesado. Ele fez piadas com a polarização política no Brasil, apontando problemas dos dois lados, e teve mais sinergia com o público no momento em que falou sobre inteligência artificial.

Já Ed Gama entrou no palco dizendo que faria piadas apenas sobre o Big Brother Brasil, por causa das entrevistas que faz com os eliminados do programa, mas era só uma pegadinha. A apresentação foi centrada nas raízes nordestinas. "Esse para mim é um dos eventos do ano, é um dos lugares que eu amo vir. É uma das plateias mais incríveis do Brasil. A galera vem para ouvir comédia", comentou, em entrevista.

A última apresentação foi leve, com o comediante e mágico Mauricio Dollenz, que dividiu o palco com dois convidados da plateia que levaram a multidão às gargalhadas. Com um equilíbrio entre humor pesado e consciente, a penúltima noite do Risorama foi encerrada.

Serviço:
02/04 – 20h
Local: Viasoft Experience, Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Cidade Industrial de Curitiba
Ingressos: 85 (inteira + taxas) 42,50 (meia + taxas)

Reportagem: Maria Eduarda Machado, estudante da Universidade Positivo (UP)