Geral Umuarama

Antigamente, a Avenida Paraná era cenário de festivos encontros de amigos

No passado já distante a Avenida Paraná além de ser a artéria vital, era o único lugar mais ativo de Umuarama, seja para trabalhar como para fazer compras ou passear.

Por Da Redação

25/02/2024 às 14:12:33 - Atualizado há

No passado já distante a Avenida Paraná além de ser a artéria vital, era o único lugar mais ativo de Umuarama, seja para trabalhar como para fazer compras ou passear. Cultuava-se aquela velha tradição de que a cidade era feita de encontros. E a Avenida Paraná foi, desde a fundação da Capital da Amizade em 1955 até 1970, o palco principal da convivência de população.

Era um tempo em que "ir ao centro" significava passear de onde se morava até o coração da cidade. Com a diferença de que antes ela era o centro de tudo, predominando a presença do comércio durante a semana e dos encontros dos amigos e das famílias nas três principais praças (Miguel Rossafa, Arthur Thomas e Santos Dumont) aos sábados, domingos e feriados.

Se comparada com os momentos atuais, mais parece espaço de passagem, em que as pessoas perduram apenas o tempo exigido para cumprir suas compras e tarefas. À noite, então, além de raros pedestres pelas calçadas, o movimento de veículos é quase zero…

No passado, a Avenida Paraná era o lugar mais animado da Capital da Amizade, com a intensa Hocupação e circulação de pessoas. O umuaramense interagia muito mais com aquele extenso espaço. A seu favor estava a quase absoluta falta de opções de entretenimento, numa época em que não existia a televisão. E na avenida todos podiam desfrutar primeiro do Cine Guarani, e, tempos depois, do moderno Cine Umuarama, ambos sempre com excelentes filmes nas matinês de domingos e nas sessões noturnas diárias. Constantemente lotadas.

Foto: Acervo Ítalo Fábio Casciola

Além disso, havia incontáveis pontos de encontro como bares, para bebericar café ou bebidas; vários tinham mesas de snooker, sempre rodeadas de jogadores. Havia sorveterias, ponto preferido das famílias que levavam seus filhos e netos para saborear delícias geladas.

Era um período em que não existia violência urbana, fato que propiciava animadas serenatas e andanças pelas noites até as madrugadas. Havia ainda violeiros caipiras, que divertiam a todos nas tardes de sábado e domingo na Arthur Thomas. Em algumas travessas do alto da avenida havia pistas improvisadas para jogar malha, que reuniam ruidosos adeptos dessa velha tradição.

Nem é preciso recordar dos grandes desfiles de 26 de Junho e Sete de Setembro, pois esses continuam acontecendo até hoje. Mas, proporcionalmente ao número de habitantes de agora – 100 mil – vale arriscar dizer que outrora atraíam muito mais gente. Também marcaram época as carreatas e os festivos comícios políticos, com palanques montados na Arthur Thomas ou na Santos Dumont, alguns deles com celebridades nacionais de seu tempo.

Foto: Acervo Ítalo Fábio Casciola

Como havia poucos carros, a circulação popular era muito mais intensa. Praticamente todo mundo percorria os quarteirões da avenida a pé, amassando barro ou patinando na areia quando ainda não havia asfalto e calçadas. Depois que essas benfeitorias foram surgindo aos poucos e lentamente, no final da década de 1960, melhorou a situação para os pedestres. Ficaram ainda mais agradáveis os passeios no "centro" de Umuarama.

Os mais antigos devem lembrar aquele costume que chamávamos de "footing", ou seja, o percurso que a moçada fazia caminhando a pé numa boa distância entre os dois cinemas conversando, paquerando e saboreando a vida passar.

E havia ainda o "Bobódromo", um trecho situado entre a Praça Arthur Thomas e o Cine Guarani onde se concentravam os jovens, principalmente os poucos que já tinham carros.
Com tanta gente circulando, é claro que existiam muitos ambulantes, desde vendedores de lanches, pipocas e doces até os que ofereciam bilhetes de loteria, sem contar as bancas de jogo do bicho. Outro costume que sumiu foi o desfile de Santos Reis, quando uma penca de tradicionalistas descia a avenida cantando e anunciando os Reis Magos.

Foto: Acervo Ítalo Fábio Casciola

Outras cenas sempre presentes eram a de cortejos fúnebres, que saíam da igreja São Francisco de Assis rumando com destino ao cemitério, com passagem obrigatória pela via principal. Casamentos idem. Os noivos à frente num jipão enfeitado, seguidos por caminhões lotados de convidados rumo à festa de núpcias.

Deixaram saudade aqueles longos desfiles de grandes circos que passavam por Umuarama quando ainda havia espaço para armarem suas lonas gigantescas. Para anunciar as suas atrações ao distinto público, essas companhias desciam e subiam a avenida com carros, caminhões e jaulas, exibindo os artistas e os animais selvagens – até leões desfilavam pela avenidona no passado. Multidões lotavam os dois lados da avenida para admirar aqueles espetáculos gratuitos que os circos proporcionavam.

Merecem registro ainda os animadíssimos desfiles de carnaval, quando havia várias escolas de samba e existia uma rivalidade saudável para mostrar mais animação na avenida. Algumas, até conseguiam recursos para mostrar fantasias cintilantes e criativas. Umuarama era carnavalesca mesmo e a alegria extravasava dos clubes (ACEU, Country e Harmonia) para a avenida.

Foto: Acervo Ítalo Fábio Casciola

Tudo isso é prova inconteste de que no passado predominava o convívio autêntico, aquele intercâmbio verdadeiro e significativo entre os moradores de então, que desfrutavam daquele espaço público de forma expontânea, lembranças que hoje são um legado que deve permanecer presente no inconsciente dos umuaramenses de antigamente. Todos conheciam a todos, a cidade ainda não havia se transformado numa metrópole populosa e tudo contribuía para esse elo popular.

Infelizmente, isso não ocorre mais. A Avenida Paraná virou um lugar onde durante o dia impera a pressa e um trânsito que já se faz sentir neurótico. Nas noites, são raros os pontos de encontro e suas calçadas estão sempre desertas, apesar de sua bela iluminação e jardins. Com exceção da Praça Miguel Rossafa, que ainda é frequentada por um pequeno número de populares. Na outra extremidade, está a Estação Rodoviária/Praça da Bíblia, que não oferecem atrativos e não são dignos de ser indicados para passeios noturnos (e até durante o dia!) pela falta de segurança…

Foto: Acervo Ítalo Fábio Casciola

Hoje, quem sai à noite se espalha por alguns poucos ambientes noturnos da cidade, principalmente o shopping center e alguns restaurantes atraentes. A movimentação mais intensa acontece nos bairros onde estão situadas escolas e faculdades.

Merece registro que a única temporada em que a Avenida Paraná tem agitação noturna é no período natalino, quando as lojas abrem em horário especial… Aí sim o burburinho é intenso e sufocante. (ITALO FÁBIO CASCIOLA)

Foto: Acervo Ítalo Fábio Casciola


Fonte: O Bemdito
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