Litoral Projeto BioGeoMar

Projeto BioGeoMar convida o público a fotografar plantas e animais marinhos

Campanha BioBlitz Verão 2024 irá ocorrer até 31 de janeiro e busca gerar série histórica de mapas de distribuição da biodiversidade do litoral

Por Correio do Litoral

18/01/2024 às 15:39:39 - Atualizado há
Onde estão as espécies do litoral brasileiro? Buscando conhecer melhor a biodiversidade marinha brasileira, o Programa BioGeoMar lançou neste mês de janeiro a campanha de ciência cidadã BioBlitz Verão 2024.

Nela, o público é convidado a explorar, identificar e registrar a vida dentro e fora da água, sejam animais ou plantas, encontrados em praias, mergulhos ou em passeios de barco. O objetivo é reunir os dados e gerar mapas de distribuição para avançar o conhecimento científico, contribuindo na conservação das espécies.

Para participar dessa terceira edição, basta os interessados acessarem o site ou o aplicativo iNaturalist, se inscrever e buscar no ícone de lupa por "BioGeoMar: BioBlitz Verão 2024". Em seguida, inserir as fotos originais registradas até o dia 31 de janeiro, quarta-feira. Vale destacar que a evolução dos smartphones com a integração do GPS é uma grande aliada dessa iniciativa porque cada foto original carrega consigo informações georreferenciadas, que significa ter a localização, a data e o horário do registro, por exemplo. Já nos dois primeiros dias da campanha de 2024, foram conquistados registros em quase todos os estados costeiros.

Todos pela ciência

As pessoas somente protegem o que conhecem e nessa campanha cada um ganha a possibilidade de contribuir com o avanço científico, visto que o Brasil tem um litoral extenso e parte de sua biodiversidade ainda é desconhecida. "Essa participação do público focada em um mês é essencial para que a gente observe esses organismos sempre no mesmo período e gere uma série histórica. Já estamos na terceira edição e a adesão tem aumentado ano a ano", comemora a pesquisadora Rosana Moreira da Rocha, que é idealizadora dessa iniciativa BioBlitz do Programa BioGeoMar, que tem o apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

Ela explica que, quando observam um organismo que não é comum para a ciência em determinada região, o grupo de pesquisadores avalia o que pode ter acontecido. Este registro é colocado no radar das pesquisas para que o dado seja investigado melhor. Há diferentes possibilidades de explicação: pode ser uma nova espécie, alguma interferência de distribuição pela mudança no clima, por exemplo, ou até mesmo a indicação de um dado nitidamente equivocado.

"Em edições passadas, surgiu a imagem de uma ascídia em Pernambuco, cuja ocorrência eu ainda desconhecia naquela região e sou especialista nesses organismos. Como a imagem não estava tão nítida, vou aproveitar uma viagem que irei fazer em fevereiro para buscar encontrá-la para pesquisar se é uma espécie nova para a ciência ou outro motivo para estar ali", exemplifica Rosana Rocha, que atualmente é professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação.

Foto: UFPR

Artigo científico publicado

Os dados da BioBlitz estão sendo trabalhados por um estudante de pós-graduação. E, com a liderança da professora Rosana Rocha já foi publicado artigo na revista científica "Aquatic Biology", com o título "West Atlantic coastal marine biodiversity: the contribution of the platform iNaturalist". Em números, a BioBlitz Verão 2022 obteve 1.971 observações, 739 espécies, 330 identificadores, 74 observadores, 123 membros e alcançou 13 estados costeiros brasileiros. Por conta da participação ativa do biólogo Flávio Mendes, ele foi convidado para assinar este artigo científico como segundo autor, porque ele contribuiu com um número significativo de fotografias e identificações de espécies.

Em 2023, foram superadas todas as métricas da primeira edição, com 3.346 observações, 1.109 espécies, 356 identificadores, 104 observadores, 148 membros e alcançou 14 estados costeiros brasileiros. Dos 74 participantes na campanha Bioblitz Verão 2022, cinco deles foram responsáveis por mais de 900 registros, o que representou metade de todas as observações. A maioria dos colaboradores que contribuíram com as identificações das espécies eram brasileiros, sendo 108, e 83 norte-americanos. Ao todo, 43 países estiveram envolvidos na campanha BioBlitz Verão 2022, incluindo o Brasil e os EUA.

"Ao capacitar cidadãos comuns com as ferramentas certas, estamos abrindo novos caminhos para descobertas científicas, democratizando a pesquisa e reforçando a importância da conservação ambiental na sociedade", avalia o coordenador do Programa BioGeoMar, Ubirajara Oliveira. Ele desenvolveu um conjunto de ferramentas de análises de biodiversidade na plataforma Dinamica EGO, desenvolvida pelo Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e está sendo usado em diferentes pesquisas do BioGeoMar.

"A qualidade, alcance e sucesso da campanha Bioblitz Verão 2023, planejada e executada em parceria com a Bloom Ocean, foi essencial para potencializar o interesse de grandes projetos pela prática da ciência cidadã. A expectativa é que a gente consiga avançar ainda mais este ano", avalia a também coordenadora do Programa BioGeoMar, a bióloga Fernanda Azevedo. Ela reforça que, com a prática da ciência cidadã, foi possível reunir, tratar e analisar um grande volume de dados. E, dessa maneira, promover a descoberta da biodiversidade marinha pelo mapeamento da distribuição das espécies.

Programa BioGeoMar

Lançado em 2018, o BioGeoMar é um programa com atuação em duas frentes principais que são a pesquisa e a divulgação científica, auxiliando na promoção da ciência cidadã e da cultura oceânica. É apoiado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. É realizado por meio de uma rede colaborativa de cientistas de doze universidades públicas com o objetivo de mapear e modelar a biodiversidade marinha e seus padrões biogeográficos no Atlântico Ocidental, com foco na biota marinha da costa brasileira. Com os dados, busca-se localizar quais locais precisam de mais estudos e indicar áreas prioritárias para a conservação, integrando pesquisa, divulgação científica e ações de extensão. Eles usam principalmente as bases de dados do Global Biodiversity Information Facility (GBIF), do Ocean Biodiversity Information System (OBIS) e são acrescentados os dados dos laboratórios envolvidos no Programa BioGeoMar. A BioBlitz Verão é sempre realizada no mês de janeiro e está em sua terceira edição, sendo uma das iniciativas do BioGeoMar, contando com o público e uma série de parceiros para identificar as espécies.

Para mais informações acesse o site do programa e participe acessando aqui.

Fonte: UFPR, com informações da jornalista do projeto: Mercia Ribeiro

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