O Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer, que apresenta 17 ações para uma vida mais saudável para a prevenção de tumores, foi divulgado em outubro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
O Código Latino-Americano e Caribenho contra o Câncer, que apresenta 17 ações para uma vida mais saudável para a prevenção de tumores, foi divulgado em outubro no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Essa é a primeira edição do documento com orientações para a população e profissionais da saúde da região. O código, feito pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), da Organização Mundial de Saúde (OMS), e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), mobilizou mais de 60 especialistas da região que discutiram diretrizes de prevenção e diagnóstico da enfermidade considerando as condições epidemiológicas, econômicas, sociais e culturais desses países.
O código foi desenvolvido entre os anos de 2021 e 2022 e traz ações que incluem desde aspectos relacionados à vida saudável em geral, com alimentação equilibrada, prática de atividade física e combate ao tabagismo. O documento também traz informações sobre a amamentação como forma de prevenir obesidade em crianças e a importância da vacinação, entre elas, a contra o HPV (papilomavírus humano), entre outras orientações (veja mais abaixo). Assuntos atuais, como o uso de cigarros eletrônicos, também foram inseridos na relação das ações.
Essa é a primeira adaptação do Código Europeu Contra o Câncer, que já está na sua quarta versão. E, segundo especialistas, é fundamental que o documento seja ajustado à realidade da população pois envolve fatores socioeconômicos e estruturais próprios levando em consideração desafios ligados à pobreza, falta de saneamento básico, acesso à água potável, insegurança alimentar, estruturas de saúde insuficientes para atender a todos, entre outros. "Mesmo que alguns fatores de risco sejam comuns a todos os países, algumas especificidades da região, como a incidência da bactéria H. pylori, que é extremamente comum por aqui e é um dos principais fatores de risco para tumores gástricos. Esse não é um problema na Europa, por exemplo, e isso precisa ser levado em consideração", diz Carolina Espina, cientista da IARC.
"Além disso, precisamos nos ater ao fato de que a ciência mostra quais são as interferências mais eficazes para combater a doença, mas a situação de cada país e seu contexto socioeconômico determina os recursos financeiros e humanos, entre outros, que podem ser utilizados", acrescenta.
Os itens mostram formas de prevenir os tumores pois, segundo estatísticas, mais de 1/3 dos casos da enfermidade estão associados a fatores de risco evitáveis. “É fato que a prevenção do câncer – e de outras doenças – está muito relacionada a comportamentos e estilos de vida mais saudáveis, como a adoção de práticas esportivas, dietas equilibradas, controle da obesidade e consumo de alimentos saudáveis, entre outros hábitos. Sendo assim, disseminar informação sobre prevenção é um caminho norteador para a redução dos casos e do impacto econômico-financeiro na sociedade”, diz Ida Sztamfater, presidente da AMIGOH, iniciativa da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein direcionada para prevenção de câncer e pesquisas científicas de doenças do sangue que beneficiem toda sociedade brasileira, entidade que ajudou no financiamento do projeto e está trabalhando na sua divulgação.
Segundo especialistas, o código tem um papel decisivo na conscientização da população. "Formalizar e unificar em um único documento as recomendações para prevenção do câncer com respaldo técnico-científico e feito com linguagem simples permite a divulgação delas não só para os profissionais da saúde, mas também para toda a sociedade", afirma a oncologista Vanessa Montes, coordenadora médica da Oncologia do Hospital Municipal Vila Santa Catarina/Hospital Israelita Albert Einstein.
Ela explica que disseminar informação é imprescindível para fazer com que esses riscos sejam efetivamente evitados, afinal, o comportamento de cada indivíduo precisa estar alinhado com esse propósito, oferecendo a todos uma educação para a saúde com estímulo ao autocuidado. "Sendo assim, quanto mais seguirmos as diretrizes, menor será o risco de desenvolvimento de casos da doença, impactando diretamente os pacientes e a saúde pública e suplementar", diz Sérgio Eduardo Alonso Araújo, diretor médico do Centro de Oncologia e Hematologia do Einstein.
Aumento dos casos de câncer
O combate a novos casos é muito importante, pois eles tendem a crescer impulsionados pelo estilo de vida moderno e pelo envelhecimento da população. A elevação dos números é mais acelerada nos países e regiões mais pobres, o que é provocado pelas carências e desigualdades características deste lado do mundo. Para América Latina e Caribe, a OMS prevê um aumento de 67% dos diagnósticos de câncer até 2040, atingindo 2,4 milhões de pessoas. No Brasil, a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025 é de 704 mil novos casos a cada ano. E aqui, como no resto do mundo, o câncer é uma das doenças que mais matam.
A partir do lançamento, cada país tem as suas atribuições para que o código seja propagado. "O Brasil deve impulsionar políticas públicas e ações no sentido de disseminar o conteúdo e contribuir para a redução da incidência da doença por meio do Ministério da Saúde e do INCA", conta Araújo, do Einstein.
Veja quais são as 17 ações listadas no documento e comece a colocá-las em prática.
O câncer pode ser controlado e curado se for detectado precocemente e tratado no momento certo:
Fonte: Agência Einstein