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Tok&Stok e Mobly: entenda a situação das empresas e a chance de uma fusão

A possível fusão entre a Mobly e a Tok&Stok está gerando entusiasmo no mercado, que vê a união dessas duas varejistas como algo positivo.

Por Da Redação

19/09/2023 às 06:14:30 - Atualizado há
Foto: Reprodução internet

A possível fusão entre a Mobly e a Tok&Stok está gerando entusiasmo no mercado, que vê a união dessas duas varejistas como algo positivo. Analistas consultados pelo UOL acreditam que ambas as empresas podem se beneficiar com esse acordo. Vamos entender a situação dessas empresas e os detalhes das negociações.

O cenário atual

A Tok&Stok, que é a maior rede de varejo de móveis e decoração do Brasil, enfrenta uma dívida que ultrapassa os R$ 300 milhões, o que levou um credor a entrar com um pedido de falência da empresa na Justiça.

Por outro lado, a Mobly, uma empresa de tecnologia que atua no comércio eletrônico de móveis e decoração, tem o interesse de expandir suas operações para lojas físicas e também enfrenta prejuízos financeiros, o que pode ser resolvido com uma possível fusão.

A Mobly divulgou que está em conversações com a Tok&Stok para um possível acordo, mas até o momento não há um acordo ou proposta vinculante para concretizar o negócio.

A crise na Tok&Stok

A Tok&Stok acumula uma dívida estimada de R$ 350 milhões, conforme anunciado pela própria empresa em um comunicado ao UOL. Recentemente, enfrentou até mesmo uma ação de despejo devido a atrasos no pagamento do aluguel de um de seus imóveis em Extrema (MG), onde mantém um centro de distribuição. A empresa resolveu a dívida em juízo, e a ação foi encerrada.

Agora, a Tok&Stok está concentrada em sua recuperação operacional, com um foco na gestão de caixa e na melhoria de suas operações. A empresa tomou a decisão de fechar 17 lojas não rentáveis, mantendo 51 lojas em funcionamento. Além disso, ela realizou aportes de capital por parte dos acionistas e reestruturou sua dívida bancária, o que permitirá que a empresa volte a se concentrar em suas operações centrais.

A empresa foi fundada por um casal de franceses naturalizados brasileiros, Régis e Ghislaine Dubrule, em 1978. Em 2012, os fundadores venderam 60% da empresa para o fundo de private equity norte-americano Carlyle Group por R$ 700 milhões. Na época, a Tok&Stok tinha 35 lojas em 12 estados do Brasil. Atualmente, a marca possui lojas em 22 estados.

O casal fundador está na lista de bilionários do Brasil, com uma fortuna estimada em R$ 1,4 bilhão, ocupando o 13º lugar no setor de varejo e a 222ª posição no ranking geral da revista Forbes em 2022.

Expansão da Mobly para lojas físicas

A Mobly foi fundada em 2011 como uma empresa digital e tem como objetivo oferecer móveis e artigos de decoração com preços acessíveis. Em 2021, a empresa abriu seu capital na Bolsa de Valores brasileira, com ações negociadas a mais de R$ 26 durante a abertura das negociações. Atualmente, as ações estão avaliadas em aproximadamente R$ 4 por ação.

Em outubro de 2022, a multinacional alemã Home24 adquiriu o controle da Mobly. O preço das ações naquela época foi consideravelmente mais baixo do que no IPO, mas desde então subiu novamente, especialmente após as especulações sobre a fusão com a Tok&Stok.

A Mobly possui três centros de distribuição localizados em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Embora tenha começado como uma empresa de comércio eletrônico, a Mobly agora possui nove lojas físicas e oito outlets em São Paulo. Em 2021, a marca lançou um modelo de franquia, que atualmente conta com três lojas no estado de São Paulo.

Em termos financeiros, a empresa registrou um prejuízo de R$ 89 milhões. Em 2022, seu valor contábil foi de R$ 513 milhões, com um faturamento bruto de R$ 637 milhões. No segundo trimestre de 2023, o faturamento foi de R$ 276 milhões, com um prejuízo de R$ 39,8 milhões, o que representa uma redução de 26% em comparação ao mesmo período de 2022, quando o prejuízo foi de R$ 53 milhões.

Avaliação positiva de analistas sobre a fusão

Os analistas veem a fusão entre a Mobly e a Tok&Stok como algo positivo para ambas as empresas. Alexandre Machado, especialista em varejo e bens de consumo na Bip Brasil, acredita que a Tok&Stok precisa dessa fusão para sobreviver, caso contrário, poderia ser mais uma varejista a fechar as portas. Ele argumenta que ambas as empresas têm vantagens a ganhar com a fusão, pois a Mobly é uma empresa nativa digital com experiência em lojas físicas mais compactas, enquanto a Tok&Stok tem uma rede estabelecida de lojas físicas e uma marca reconhecida.

A tendência de fusões e aquisições no mercado

Jessica Costa, sócia e chefe de eficiência, gestão e transformação digital da AGR Consultores, acredita que o movimento de fusões e aquisições entre empresas é uma tendência que deve se consolidar. Ela observa que nos Estados Unidos esse fenômeno é mais comum, mas no Brasil, o setor de moda está mais avançado nesse sentido do que o setor de varejo. Como exemplo, ela menciona a compra da Kopenhagen pela Nestlé.

O desafio de reduzir os custos operacionais

Para os especialistas, um dos principais desafios em uma fusão de empresas é a capacidade de capturar sinergias operacionais, ou seja, tornar as operações conjuntas mais eficientes, reduzindo a sobreposição de fornecedores e melhorando as negociações. Em casos de fusão, leva algum tempo para alcançar essas sinergias, portanto, para que isso se traduza em benefícios financeiros, pode ser necessário um prazo de pelo menos um ano após o anúncio do negócio, conforme avaliação de Jessica Costa.

O setor de varejo de móveis enfrenta mudanças

Alexandre Machado observa que as lojas físicas ainda têm importância, mas os modelos de negócios no setor podem ser revistos. Ele menciona a MadeiraMadeira como um exemplo de empresa que investe em guideshops, um tipo de loja que não mantém estoque, mas permite que os consumidores tenham contato direto com os produtos. Jessica Costa acredita que o mercado brasileiro precisa continuar a avançar na integração entre lojas físicas e online.

Além disso, o setor de varejo de móveis enfrenta um período de baixa. Durante a pandemia, muitas pessoas investiram em seus espaços residenciais, especialmente devido à necessidade de criar locais de trabalho remoto. No entanto, o setor não está mais experimentando crescimento, uma vez que os produtos desse segmento são duráveis e têm um ciclo de vida mais longo, o que significa que os consumidores não precisam substituí-los com frequência.

O cenário econômico também influencia o consumo nesse setor, e a queda nas taxas de juros, apesar de ocorrida neste ano, não deve impactar imediatamente o consumo de móveis e decoração. Jessica Costa acredita que a retomada do consumo dependerá da geração de empregos e da redução do endividamento das famílias, o que pode levar cerca de dois anos para ocorrer.

Em resumo, a possível fusão entre a Mobly e a Tok&Stok é vista como uma oportunidade positiva para ambas as empresas em um mercado desafiador, onde a consolidação e a busca por eficiência operacional são essenciais para o sucesso.

Fonte: Uol

Fonte: Biznews
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