Healthtech argentina Osana Salud cruza a fronteira para o Brasil

Com um cheque de US$ 20 milhões ainda em reserva, a healthtech argentina Osana Salud está atravessando fronteiras. A startup, que opera principalmente como uma plataforma white label para agendamento de consultas e exames, está iniciando sua expansão internacional no Brasil, com a expectativa de que o país se torne seu principal mercado em dois anos, respondendo por 60% da receita.

Fundada em 2019 por dois ex-consultores da empresa americana Bain & Co – Andrés Lawson, um dos fundadores da Dafiti, uma empresa de vestuário, e Jorge López – a Osana Salud está sendo liderada no Brasil por Luis Paulo Souza, ex-sócio da EY e que liderou uma das divisões de saúde da GE na América Latina.

Por ter começado pouco antes da pandemia, a plataforma aproveitou a onda de digitalização do setor de saúde e hoje vê o mercado brasileiro como um terreno fértil para oferecer seus serviços white label, dado que o país possui cerca de 6 mil hospitais, sendo mais da metade deles na rede privada. Souza destaca que o principal concorrente é o próprio hospital, que desenvolve internamente essas soluções, algo que é bastante custoso. A empresa cobra uma mensalidade das instituições que aderem à sua plataforma.

Além de agendar consultas e exames, a plataforma confirma as datas marcadas e oferece suporte pós-atendimento, lembrando os pacientes de fazerem o retorno ou agendar exames. Para um cliente em particular, a startup também monitora a saúde de pacientes diabéticos. A Osana Salud espera atingir a marca de 5 milhões de pacientes ativos por mês no Brasil em dois anos.

Em média, os hospitais e clínicas que adotam a plataforma conseguem atender até 70% dos clientes digitalmente e reduzir a taxa de não comparecimento, chegando a reduzi-la de 30% para um único dígito em um dos casos, o que gera economia de custos com call center e redução da ociosidade.

A startup também tem sido capaz de gerar novas receitas para os clientes. Em geral, cerca de 60% dos pacientes que recebem uma solicitação de exame de um médico acabam procurando outra instituição para realizá-lo. Esse comportamento pode ser desencorajado se o paciente receber uma notificação no celular logo após a consulta.

"Nosso foco está na atenção primária e especializada, mas consideramos todas as áreas relacionadas aos pacientes como potenciais mercados de atuação. Isso inclui agendamento de cirurgias, que pode facilitar a vida dos médicos, ou mesmo soluções para acessar medicamentos com prescrição", adianta Souza. Apesar de ser white label, a healthtech também possui um aplicativo próprio, caso a empresa contratante prefira.

A expansão internacional da startup ocorre em meio à percepção de que a Argentina enfrenta desafios econômicos e à crença de que o mercado de saúde em geral carece de integração entre soluções e de uma experiência digital de qualidade.

Além da rede de hospitais e clínicas, o Brasil chamou a atenção dos fundadores devido ao dinâmico mercado de healthtechs no país, levando a Osana a considerar possíveis aquisições locais para expandir seu portfólio de soluções complementares. Os próximos passos devem continuar na América Latina, com o México, onde a Osana já tem um cliente, a Integramed, a Colômbia e o Chile no radar.

Recursos para esses planos não devem ser um problema. No meio de 2021, a plataforma levantou US$ 20 milhões em sua rodada série A liderada pela General Catalyst, garantindo pelo menos três anos de financiamento. Entre os investidores, estão Quiet Capital, Preface Ventures, FJ Labs, AforeVC e K50 Ventures. Quanto às intenções de levantar mais fundos, o executivo afirma que a startup está em constante diálogo com os investidores.

Fonte: Pipeline Valor