Economia Pesquisa

Mulheres pretas ganham 55% de salários dos homens, diz pesquisa

Cursos de tecnologia se destacam com a maior média de salário do país. Diferença de vencimento por gênero, raça e idade permanece

Por Letícia Cotta

30/08/2023 às 11:52:08 - Atualizado há
Getty Images/Reprodução

Pesquisa sobre egressos do ensino superior que conseguem se empregar em até um ano após a colação de grau, produzida pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) e pela empresa Symplicity, revela que as mulheres pretas recebem apenas 55% do salário de homens brancos, ambos na mesma área de atuação.

É a primeira vez que o estudo engloba os recortes de raça, gênero e idade. Durante coletiva à imprensa, o diretor da Abmes, Celso Niskier, confirmou a percepção desse tipo de distorção nos salários. "Homens ganham mais que mulheres; pessoas brancas ganham mais que pessoas pretas e pardos; e jovens ganham mais que pessoas mais velhas, quando se trata de empregabilidade e renda, após um ano de formação", destacou Niskier.


No caso das mulheres pretas, a situação é ainda mais agravante: a pesquisa revela que elas ganham apenas 55% do salário que homens brancos recebem, em relação às mesmas áreas.


A pesquisa traz outros dados interessantes sobre a relação do recém-formado com o mercado de trabalho. Por exemplo, 75,6% dos egressos do ensino superior conseguem se empregar em até um ano após a colação de grau, de acordo com o Índice Abmes/Symplicity de Empregabilidade.


Desses, 83,1% trabalham na área de formação. O número é superior ao ano passado, que registrou 70% com oportunidades na área. Além disso, três regiões do país se destacam com uma média salarial superior às outras, assim como a área de tecnologia é a melhor paga entre as demais profissões.


As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país possuem uma média salarial superior às demais regiões, em especial a região Nordeste, no que diz respeito aos egressos do ensino superior.


Ter salário é mais importante que trabalhar

Uma das tendências observadas na pesquisa deste ano é a "pejotização" do trabalho, em detrimento de salários que supostamente devem ser superiores às contratações formais, de carteira assinada (CLT). O estudo revela uma média salarial maior que em relação ao ano passado, na comparação de Pessoa Jurídica (PJ) e CLT. O consultor da Symplicity, Paulo Antonelli, chego a afirmar que isso indica que "gerar renda é mais importante que simplesmente trabalhar".


"Nós ainda temos um maior percentual de pessoas trabalhando de maneira formal porém, para quem trabalha como empreendedor ou autônomo, o número subiu em relação ao ano passado e o salário médio dessas pessoas está maior que quem está trabalhando de maneira formal, como CLT, o que leva a uma tendência maior da trabalhabilidade. Ou seja, gerar renda é mais importante que simplesmente trabalhar", afirmou o consultor da Symplicity, Paulo Antonelli.


"Há uma tendência de "pejotização" do mercado de trabalho. Em que as pessoas, em tese, ganham mais por serem Pessoa Jurídica", completou Niskier.


Mercado de tecnologia

O mercado de tecnologia é uma área em ascensão no Brasil, em detrimento do déficit global de profissionais – e cujo cenário é agravado em território nacional, devido à "fuga de cérebros" (termo utilizado para mão de obra especializada que evade do país).


A pesquisa revela que, em até um ano de formados, os egressos de tecnologia possuem uma média salarial muito superior aos demais cursos escolhidos, principalmente devido as melhores oportunidades de trabalho. No entanto, o recorte por gênero revela que homens ganham quase 40% a mais que as mulheres nessa área, com o mesmo período de formados.


"É uma área que tem oferecido as melhores oportunidades comparativamente, mas ainda apresenta muitas distorções, com destaque do homem branco", ressalta Niskier, da Abmes, ao Metrópoles.


"Na área de computação, homens ganham mais de R$ 6 mil. Já as mulheres possuem um salário de R$ 4,4 mil. A diferença é de quase 40%, se fizermos o cálculo agora, de cabeça. Nessa área, junto com Educação, foi a que mais apresentou diferença salarial", revela Paulo Antonelli.

Fonte: Metropoles
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