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Apostas: uma a cada 100 pessoas pode ter comportamento compulsivo

Por Rádio Agência Nacional

25/07/2023 às 12:32:32 - Atualizado hĂĄ
Rádio Agência Nacional

Propagandas na televisão, chamadas no rĂĄdio, banners na internet, na camisa do seu time de coração. Todos os dias, os fãs de esporte são bombardeados por sites de apostas esportivas que oferecem a chance, com um simples "chute", de ganhar milhões.

Esse tipo de apostas invadiu o paĂ­s após uma mudança na legislação em 2018, mas que até o momento não foi regulamentada. Isso permitiu a operação de centenas de sites de apostas, sem nenhuma limitação. O temor pela manipulação de resultados hoje é concreto, e uma grande ação do Ministério PĂșblico de GoiĂĄs, no começo do ano, levou a prisão de uma quadrilha e indiciamento de dezenas de atletas que participavam dos esquemas.

Mas esse universo traz outra questão social importante: o vĂ­cio. Com incentivo cada vez maior, por meio da publicidade, também cresce o nĂșmero de dependentes.

A psiquiatra do Ambulatório de Transtornos do Impulso do Hospital das ClĂ­nicas da USP, Rachel Takahashi, explica que o vĂ­cio em jogos de apostas é muito similar, por exemplo, a dependĂȘncia em ĂĄlcool.

A médica Rachel Takahasi explica que a maneira como cérebro reage ao vĂ­cio em jogo também é muito próxima ao de outras drogas, por um sistema de recompensa. Ela também explica que o tratamento é o mesmo de outras dependĂȘncias, com uso de medicamentos e terapias. Rachel Takashi destaca que um em cada 100 pessoas no paĂ­s são acometidas por esse vĂ­cio em jogos.

Mas grupos de pessoas viciadas em jogos também buscam apoio mĂștuo para se livrar do problema. Esse é o caso dos Jogadores Anônimos, uma irmandade que chegou ao Brasil na década de 1990, e apoia outros compulsivos a saĂ­rem dessa situação. Como sua base é o sigilo, eles conversaram com a gente sem se identificarem.

As loterias legalizadas no paĂ­s, como Megasena, Timemania, Quina e outras, podem ser uma inspiração para regulamentação para o caos dos sites de apostas.

A partir de 2018, houve uma mudança legal na destinação dos recursos arrecadados pelas loterias da Caixa. Atualmente, apenas a Timemania destina recursos para o Fundo Nacional de SaĂșde, que poderia resultar em polĂ­ticas pĂșblicas para o combate ao vĂ­cio em apostas. Somente 1,75% da arrecadação dessa loteria Timemania vai para o fundo.

Em 2022, os valores desses repasses foram de R$ 9 milhões. Em 2020 e 2021, foram mais de R$ 4 milhões em cada ano.

A Caixa diz ainda que desenvolve ações em educação para um jogo responsĂĄvel, em especial no site caixa.gov.br/jogo-responsavel.

Questionado, o Ministério da SaĂșde disse que o tratamento para dependĂȘncia em jogos de azar não tem uma polĂ­tica especĂ­fica no âmbito do SUS. Mas por ser uma questão de saĂșde mental, é possĂ­vel tratar essa questão com psicólogos e psiquiatras na Rede de Atenção Psicossocial.

Em caso de compulsão por jogos, é possĂ­vel buscar tratamento nas unidades de saĂșde bĂĄsica ou Centros de Atenção Psicossocial, os Caps, da rede pĂșblica.

O Hospital das Clinicas da USP, em São Paulo, também tem um espaço que ajuda no tratamento de transtornos do impulso. O site é o proamiti.com.br.

Também é possĂ­vel buscar apoio em grupos de autoajuda, no site jogadoresanonimos.com.br.

*Com produção de Salete Sobreira e sonoplastia de Jailton Sodré


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