Polícia Abuso sexual

Polícia ouve ex-alunas de ginecologista preso em Maringá: 'Ele sempre falava que era o método psicológico'

Médico Felipe Sá foi preso semana passada suspeito de abusar de pacientes. 31 mulheres denunciaram o obstetra às autoridades. Defesa diz que provará inocência dele ao longo do processo.

Por Rildo Herrera e Vinícius Matos

21/06/2023 às 14:41:18 - Atualizado há

Nove mulheres prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira (20) no caso que apura denúncias de abuso sexual contra o ginecologista e obstetra Felipe Sá. Duas delas são ex-alunas do médico, que foi preso na semana passada em Maringá, no norte do Paraná.

A RPC conversou com exclusividade com as duas mulheres que foram alunas de Felipe Sá, em 2021. Na época, ele era professor numa faculdade particular de Medicina de Maringá.


Em nota, a defesa do médico disse que ele nega as acusações e que ninguém é considerado culpado até que haja uma decisão judicial condenatória. Segundo a defesa, as provas da inocência de Felipe Sá serão produzidas durante o processo.


As ex-alunas, que preferem não ter as identidades reveladas, afirmam ter sofrido abusos no consultório do ginecologista.


Uma delas conta que o primeiro indício de que algo estava errado foi quando o médico quis examinar os seios dela fora do local de exame.


"Mas fiquei assim, por ele ser meu professor, não quis é...corrigi-lo ou questioná-lo, né? E depois, na consulta, ele falou que ia fazer um teste comigo pra ver como que eu estava em relação a minha sexualidade, a minha feminilidade. Nesse teste ele falou que não queria que eu pensasse de forma racional, que eu só pensasse com o meu instinto, que eu deixasse os tabus de lado e ficasse bem à vontade e daí ele pedia para eu tirar a minha blusa."


A mulher disse ter perguntado o motivo dos pedidos do ginecologista. Felipe Sá, segundo ela, respondeu que era para ver se ela tinha autoconfiança e se ela estava feliz no relacionamento.


'Método psicológico'

Outra ex-aluna conta também ter vivido situação semelhante. Ela afirma que se recusou a tirar a blusa fora da sala de exames.


"Eu falei que eram situações diferentes e que não era necessário, mas aí ele começou a insistir falando que isso era tabu em relação ao que eu tinha da minha mama, insistindo... Eu fiquei muito nervosa, eu não sabia nem como reagir, eu fiquei paralisada, assim, nervosa. [...] Eu não sabia se realmente ele tava fazendo algo de errado, porque nesse meio tempo ele falava da esposa, falava dos filhos, e também falava que fazia isso com todas as alunas. Então, por isso que a gente acaba pensando, será que é o método dele mesmo? Será que ele tá usando? Porque ele sempre falava que era o método psicológico."


As ex-alunas disseram que tiveram coragem de denunciar o médico depois que viram outras mulheres procurando a polícia.


"Na hora que ele foi preso, inclusive, no grupo, assim, da faculdade, das minhas colegas, todo mundo falou até que enfim, porque todo mundo já sabia, ele já tinha essa fama na faculdade. A partir do momento em que ele estava preso eu me senti mais encorajada a denunciar", disse uma das ex-alunas.



Prisão foi mantida

A cada dia mais mulheres procuram a polícia para denunciar Felipe Sá. Ao fim desta terça o número chegou a 31.


Entre as novas mulheres que afirmam ter sido vítimas do ginecologista estão duas ex-pacientes que já não moram em Maringá. Uma mora em São Paulo e outra no Canadá. Elas devem ser ouvidas por video-chamada.


Felipe Sá foi preso na última quinta-feira (15) no consultório dele em um bairro nobre da cidade. O obstetra e ginecologista é investigado por violação sexual mediante fraude, importunação sexual e estupro de vulnerável.


O médico está preso na Cadeia Pública de Maringá. Ele passou por audiência de custódia, e o juiz manteve a prisão temporária.

Fonte: G1
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