Polícia Violência

Monitor da Violência: assassinatos caem 22,4% nos primeiro trimestre de 2023 no Paraná

Levantamento exclusivo do g1 é feito em parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Por g1 PR

21/06/2023 às 14:22:00 - Atualizado há

O número de assassinatos caiu 22,4% no Paraná no primeiro trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano passado. O estado registrou 454 mortes violentas de janeiro a março, contra 585 nos primeiros três meses de 2022.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (20) e contabilizam vítimas dos seguintes crimes: homicídios dolosos (incluindo os feminicídios); latrocínios (roubos seguidos de morte) e lesões corporais seguidas de morte.


Os crimes são compilados mês a mês e fazem parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


Das cinco regiões do país, a única onde o número de mortes violentas aumentou foi a Sudeste:

  • Sul: -5,7%
  • Centro-oeste: -5,2%
  • Norte: -4,2%
  • Nordeste: -3%
  • Sudeste: +8,2%


De acordo com o balanço, o Paraná é um dos 13 estados onde o número de assassinatos caiu. Nos demais, o índice aumentou. A maior queda foi registrada em Roraima (23,8%) e a maior alta no Amapá (87%). Confira as variações:

  • Roraima:-23.8%
  • Sergipe: -22.5%
  • Paraná: -22.4%
  • Rondônia: -21,6%
  • Pará: -12,2%
  • Paraíba: -9,9%
  • Goiás: -8,8%
  • Pernambuco: -7,1%
  • Mato Grosso do Sul: -4,5%
  • Ceará: -3,7%
  • Mato Grosso: -3,3%
  • Bahia: -2,9%
  • Amazonas: -2,6%
  • Alagoas: +0,4%
  • São Paulo: +0,4%
  • Rio Grande do Norte: +0,8%
  • Distrito Federal: +2,7%
  • Espírito Santo: +5,9%
  • Maranhão: +6,6%
  • Tocantins: +7,3%
  • Rio Grande do Sul: +8,1%
  • Minas Gerais: +11,6%
  • Santa Catarina: +14,9%
  • Rio de Janeiro: +15,8%
  • Piauí: +19,2%
  • Acre: +20,9%
  • Amapá: +87%


Tendência de queda nacional

No Brasil, o primeiro trimestre de 2023 registrou 0,7% menos mortes violentas do que os primeiros três meses de 2022. Foram 10.216 assassinatos, contra 10.290 registrados no mesmo período do ano anterior.


Mesmo com os aumentos pontuais de violência em alguns estados, a queda no primeiro trimestre de 2023 aponta que o país está seguindo a mesma tendência nacional de 2022 e dos últimos anos, de diminuição gradual dos indicadores.


Os especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública elencam alguns pontos para explicar a queda dos indicadores nos últimos anos:

  • Mudança na dinâmica do mercado criminoso de drogas brasileiro: "Hoje temos um mercado de drogas mais eficiente, menos truculento e menos custoso, o que amplia o poder econômico e o poder político desses grupos", diz Bruno Paes Manso, do NEV-USP. Segundo o pesquisador explica em seu artigo sobre os dados de 2022 do Monitor da Violência, a redução dos homicídios é parte de um contexto de maior profissionalização das facções do narcotráfico no país. Essas organizações criminosas se desenvolveram de modo a reduzir os conflitos entre grupos rivais, principal razão para o alto índice de homicídios no país. Se, por um lado, essa queda de rivalidade entre os grupos criminosos reduz as mortes violentas, por outro, facilita a influência de quem organiza o crime nas instituições democráticas e amplia a atuação das práticas ilegais para outras atividades, como o crime ambiental.
  • Criação de programas de focalização e outras políticas públicas: "Várias unidades da federação adotaram, ao longo dos anos 2000 e 2010, programas de redução de homicídios pautados na focalização de ações nos territórios. O Pacto Pela Vida, em Pernambuco, o Estado Presente, no Espírito Santo, e o Ceará Pacífico, no Ceará, são exemplos de projetos que buscaram integrar ações policiais e medidas de caráter preventivo", afirmam Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, do FBSP. Os especialistas também citam outras políticas públicas que estão sendo desenvolvidas pelas unidades da federação, focadas na integração das forças policiais com o fortalecimento dos mecanismos de inteligência e investigação.
  • Redução do número de jovens na população: "Tem a ver com as mudanças demográficas, algo que a gente já vem apontando há alguns anos no Atlas da Violência, que é a redução do número de jovens na populacão. É sabido que a maior parte da violência letal atinge jovens do sexo masculino. E o Brasil está diante de uma grande mudança demográfica", afirma Samira Bueno, do FBSP.
  • Criação do SUSP e mudanças nas regras de repasses: "Em 2018, o governo federal conseguiu aprovar, depois de tramitar por 14 anos, a lei que criou o Sistema Único de Segurança Pública, responsável por regulamentar a Constituição de 1988 no que diz respeito à integração e eficiências das instituições de segurança pública. Ainda em 2018, (...) houve uma mudança nas regras de repasse de recursos arrecadados pelas Loterias da Caixa que, na prática, fez com que cerca de 80% de todo o dinheiro da segurança repassado para estados e Distrito Federal de 2019 a 2021 tenha as loterias como origem e, com isso, novos recursos puderam ser destinados à área", dizem Samira e Renato.
Fonte: G1
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