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Coluna Fragmentos: As universidades, o vestibular e o movimento estudantil

A vinda da Família Real para o Brasil, ocorrida em 1808, significou muito mais do que a simples transferência do aparelho de Estado português para a sua maior colônia.

Por Da Redação

10/06/2023 às 09:06:26 - Atualizado há

A vinda da Família Real para o Brasil, ocorrida em 1808, significou muito mais do que a simples transferência do aparelho de Estado português para a sua maior colônia. Correspondeu a uma mudança estrutural na vida política, social e cultural brasileira.

No mesmo ano da chegada de D. João VI e sua corte ao Brasil, além da criação da Biblioteca Nacional, da Imprensa Régia e da circulação de periódicos científicos, a então colônia ganhou suas duas primeiras instituições de ensino superior: as faculdades de medicina de Salvador e do Rio de Janeiro. Ao longo dos Oitocentos, outras faculdades, sobretudo de medicina e direito, surgiram no Brasil, agora já liberto de Portugal.

Contudo, a primeira Universidade em nosso país foi criada apenas no século XX. Apesar do discurso paranista propagandear a primazia de possuir a primeira Universidade brasileira, foi no Rio de Janeiro que uma instituição dessa natureza surgiu no país, reunindo escolas politécnicas e as faculdades de medicina e direito. Ao longo do século XX muitas universidades brasileiras, entre as quais a Universidade Estadual de Ponta Grossa, nasceram a partir da reunião de faculdades isoladas.

A partir do golpe militar de 1964 as universidades de todo país tiveram que se adaptar aos "novos tempos". A reforma universitária de 1968 direcionou o foco do ensino superior no país, dando-lhe um caráter mais tecnicista e menos humanista e diminuindo a autonomia universitária.

Em seguida, principalmente a partir do governo Médici (1969-1974), professores e alunos das universidades brasileiras (sobretudo das áreas de ciências humanas e sociais) tornaram-se alvos preferenciais da censura e da repressão militar, afinal – naqueles dias – pensar de forma livre correspondia a uma afronta para parte dos governantes brasileiros.

Nesse contexto, é importante destacar o papel desempenhado por essa intelectualidade vinculada às universidades. É certo que diversas pessoas ligadas ao meio universitário silenciaram e, até mesmo, colaboraram com o regime, tanto por afinidade ideológica quanto por vantagens pessoais. Porém, apesar das prisões, das sessões de tortura e das demissões ou perdas de vagas, inúmeros professores e alunos das universidades brasileiras adotaram uma postura corajosa no enfrentamento ao regime e assim contribuíram para a volta da normalidade democrática na década de 1980.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 16 de agosto de 2009.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

Fonte: A Rede
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Jornalista Luciana Pombo

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