Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo federal comprou 19 toneladas de bisteca que deveriam ter sido enviados ao Vale do Jabari, na Amazônia. Mas a carne congelada nunca chegou às comunidades indígenas que lá residem.
O contrato de mais de meio milhão de reais (R$ 568,5 mil) foram assinados pela Funai, antiga Fundação Nacional do Índio, de 2020 a 2022, e seguem em vigor na atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que revela reportagem do jornal Estado de S. Paulo, que apurou ainda analisou 5,5 mil compras de alimentos para terras indígenas em todo o País e constatou que, a pretexto da pandemia de covid-19, metade foi feita sem licitação.
Duas empresas que ganharam as licitações ficam em Manaus (AM), a mais de mil quilômetros das cidades que dão acesso ao território indígena. Bushe Matis, coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), relatou ao O TEMPO Brasília que cestas básicas com carne não foram entregues em aldeias. "Nossa região nunca teve a entrega. Era lavagem de dinheiro público".
De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, o dinheiro gasto chegou a empresas recém-criadas e não houve comprovação de entrega de lotes de cestas básicas completas.
O Vale do Javari é do tamanho do Estado de Santa Catarina, e tem 8,5 milhões de hectares, sendo o o segundo maior em extensão do País. A área concentra o maior número de povos de língua e tradições desconhecidas. Foi em um dos rios que cortam a região do Vale do Javari que ocorreram os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, em junho do ano passado.
O TEMPO