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Designer de moda de Curitiba cria roupas para crianças com autismo e planeja produção

Por Da Redação

06/04/2023 às 14:16:18 - Atualizado há
Foto: Levy Ferreira/SMCS

Quando ingressou na faculdade de Design de Moda, a curitibana Julia Nycolack, 25 anos, já tinha a intenção de trabalhar com moda infantil. No meio do curso, engravidou e a chegada de Arthur, no final de 2017, definiu os rumos profissionais que ela iria seguir.

Diagnosticado aos 9 meses com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Arthur sentia muito incômodo com as roupas do enxoval devido ao Transtorno do Processamento Sensorial (TPS), muito comum em crianças com autismo.

Ainda estudante, a mãe se debruçou nos estudos para entender os transtornos e direcionou a vida acadêmica para achar uma solução para o que incomodava seu filho, hoje com 5 anos. As pesquisas resultaram no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e foram para a prática, com a confecção das primeiras peças adaptadas, e no ingresso no mundo do empreendedorismo.

Abriu a microempresa individual (MEI), a Tico e Tica Sensory, que nasceu com a missão de ofertar a inclusão social por meio de roupas infantis que dão conforto às crianças que, como Artur, têm autismo e o TPS relacionado ao toque na pele. “O sistema tátil dos autistas tem muita alteração e, convivendo com ele e outras crianças diagnosticadas com autismo, percebi essa lacuna no mercado”, explica a microempreendedora.

Inovação que transforma

Depois de ter o apoio da universidade para a pesquisa e desenvolvimento das primeiras peças, agora ela conta com o suporte de outro ator do ecossistema de inovação de Curitiba para fazer seu negócio decolar. A designer tem participado dos eventos do Vale do Pinhão, no programa Empreendedora Curitibana.

Para a presidente da Agência Curitiba de Inovação e Desenvolvimento, Cris Alessi, a trajetória de Júlia é um exemplo de como a conexão entre os atores do ecossistema Vale do Pinhão promove a inovação que transforma a cidade. “Esta é uma proposta que mostra como o empreendedorismo promove a inclusão social, ao ofertar um produto que gera mais conforto e bem-estar às crianças com autismo”, diz.

O papel do Vale do Pinhão neste momento, diz Julia, é orientá-la nos rumos possíveis.

“É o apoio das pessoas do Vale do Pinhão que me faz seguir. Me convidam para os eventos de networking, me conectam com potenciais investidores, me ajudam a entender o nicho que posso ocupar”, conta. 

Escala indústrial, venda personalizada

As primeiras peças foram feitas para o Arthur na máquina de costura do próprio ateliê, em casa. Mais modelos da coleção adaptada foram feitas para outras crianças com autismo e que frequentavam as mesmas terapias de seu filho.

No momento, as peças não estão à venda porque Julia está revendo o modelo de negócio. Quer angariar parcerias e investidores para trocar a produção artesanal pela industrial.

Ainda que a fabricação ganhe escala, os produtos ainda terão a venda personalizada, para contemplar a necessidades específicas de cada pequeno cliente.

Roupas adaptadas

As roupas criadas por Júlia levam em consideração especificidades das crianças com TEA e TPS. Entre elas, golas com soluções que facilitam a passagem da cabeça na peça.

Segundo a pesquisa realizada pela designer com 144 crianças que usaram as roupas, a cabeça dos pequenos com autismo entre 2 e 4 anos tem circunferência maior que a média e reduzir o atrito na hora de vestir é muito importante.

Além disso, elementos como etiqueta e estampas podem ser um incômodo a ponto de iniciar de crises nervosas na criança com TEA e TPS, de difícil detecção pelos familiares. Por isso, as roupas da coleção não têm etiquetas e as estampas não são sentidas ao toque.

O nível de compressão do tecido é outro fator levado em conta na produção. Alguns dos pequenos são hiporesponsivos e é necessário assegurar que nada aperte sobre a pele. Às que se mostram hiperresponsivas, o contrário: é importante que o tecido faça alguma compreensão.

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Jornalista Luciana Pombo

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